quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

CERES E OS CULTOS AGRÁRIOS DA COBRA por arturjotaef.


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Figura 1: Baixo-relevo de Ceres com as espigas e as cobras.

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AGER

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Figura 2: Glorificação da agricultura. Pormenor de uma pátera de prata da Aquileia. (Kunsthistorishes museum, Viena).
A cobra ou serpente, apesar do seu aspecto fálico, foi sempre do género feminino como a Terra Mãe, pelo que é a esta que deve ser atribuída a proeminência fálica que, ainda que pendente e saliente no homem, era culturalmente manipulada pelas mulheres e em nome daquela deidade.
Nam, fodere terram quod vides cotidie aprum insidiosum,  (…). = Pois, a escavar a terra, como se vê diariamente, o javali insidioso (…). -- Fabulas de Esopo: Livro II - IV. Aquila Feles et Aper.
Porém, se o aspecto fálico implicou sempre alguma virilidade, algum espírito aguerrido teria que ser também invocado à Deusa Mãe, vulcânica e leonina, uma vez que romper e arar a terra sempre foi considerada uma violência sexual masculina. A serpente aparece sempre ligada à grande Deusa Mãe-Terra a que possível e frequentemente as mulheres eram expostas durante a monda e as ceifas!
Para entender os temores ancestrais que a cobra inspira pelos fantasmas sexuais a que anda ligada não será sequer necessário recorrer à psicanálise pois basta reparar na forma fálica do corpo deste animal. Seja porque a cobra rasteja por não ter membros para se elevar, seja porque escava a terra, a que está mítica e simbolicamente ligada, para nela se esconder, entre a areia e o cascalho. Assim, a cobra sugere e simboliza a penetração agrária da terra e aparenta a forma do sexo masculino que é o brinquedo preferido da deusa mãe já que sem ele nenhuma deusa é mãe e, então, nenhuma terra seria fértil. Sendo sugestiva da penetração sexual (lat. fodeo = «lavrar» => «foder») a serpente é um símbolo universal de sexualidade a que os movimentos reptilíneos e sinuosos deste animal emprestam a sugestão de volúpia e sensualidade.
Na verdade, houve sempre conotações sexuais relacionados com a fertilidade nos termos agrícolas sobretudo nos que se relacionam com a actividade de lavra, sementeira e plantio. O verbo Lat. fodeo parece que significava «cavar» em latim, como se confirmava pelo gerundivo fossum, de que derivava os «fossos & fossas» enquanto resultado de duma acção de escavação! E disse parece, porque sempre acreditei nisso desde os tempos de iniciação à língua latina, apesar das evidências em contrário resultantes da similitude desse termo latino com o calão português «foder», porque hoje, tendo conhecimento do étimo dos ofídios, tenho algumas dúvidas! De facto:
«Foder» < Lat. fodeo (= lavrar) < *Pho-Deo, lit. «o deus da luz, Fanes ou *Phoeno, filho de Pena» < Phau-Te(o) < *Phot- < Phi-at < *Ki-at ó *Kaki-at >Hauphi Ophi(deo), deus *O-phi = «a grande «Serpente» primordial.
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Figura 3: Cer-cops.
O deus Serpente primordial foi Enki, seguramente o mesmo que foi conhecido em Atenas como o seu deus e rei fundador, Cercops.
Cercops = Cerc-Ops, lit. «o afídeo que cerca o mundo?» < Kurki-Ophis.
Ops deve ter sido a forma latina de o étimo dos ofídios, significando este facto que os latinos da época clássica já se tinham esquecido da antiga ligação da cobra com a deusa da terra mãe!
*Ophi- < Auphi < Hauki < Kaku ó Caco.
Este era o deus do fogo latino, seguramente uma variante de Vulcano e de Iscur, portanto um filho de Enki.
Isto significa que o latino futere e fodere podem ter sido inicialmente o mesmo verbo com a simples, comum e universal conotação de cópula, ou acto sexual simbolicamente conotado com a aparente capacidade da cobra para penetrar na terra escondendo-se nas suas cavidades naturais mais imperceptíveis.

Ver: POTE / FACULDADE / FACUNDIA / FODER (***)

O étimo *Agr- da agricultura latina provém seguramente do nome de Sacar um deus masculino relacionado com a aurora e seguramente um dos leões Aker que guardavam as portas do céu e do inferno por onde o sol entrava e saia do seio da Noite, a deusa mãe primordial. Isto reportaria a agricultura para uma invenção patriarcal se não se desse o caso de o Kur das montanhas da aurora ser, literalmente, o “guerreiro de Ki, a Terra Mãe”.
Kur < Ki-Ur, lit.guerreiro de Ki” > *Ka-Ur, “vida selvagem”!
Agrios (ἄγριος) = que vive nos campos, rústico, selvagem. Em sentido moral: selvagem, feroz, severo e cruel, etc., Agroikikos, ἀγροικικός = rústico. Agrónomos, ἀγρονόμος = habitante do campo, nomo (circunscrição) rural. Agrias, ἀγριάς = selvagem. Agreuter, ἀγρ-ευτήρ = pescador.
Parece ser este conceito de vida selvagem arcaico, paleolítico do período da caça que ainda predomina na língua grega. O campo era miticamente o espaço selvagem e espinhoso de caça ou, quanto muito da pesca, apreciado com espírito neolítico citadino como local das «agruras» da vida selvagem, feroz, severa e cruel. No entanto era tutelado pelo deus Apolo Agreus e outros deuses rústicos como Pan.
Apolo Agreus = o caçador = ἀγρευτής < ἀγρέτης = deus dos campos.
Em latim parece ter havido duas formas de ver as agruras da vida que se fundiram numa única portuguesa, «agro».
«Agro» (< Lat. agru < ager), s. m. campo; • terra cultivada ou arável; «Agro» (< Lat. * acru < acer), «agre», ácido, azedo.
Seja como for, o latim de origem anatólica parece revelar a via étmica da raiz selvagem e rústica dos deuses da agricultura latinos e gregos, a partir dos leões Aker, guardiões dos montes da aurora da deusa mãe, onde ficava o paraíso e a árvore da vida eterna.
«Agro» < Lat. agr- < lat. ager < acer < Aker > Akeru > *acru.
                                > Grec. agr- => agre-tes = deus dos campos.
Ora, este deus que está no núcleo semântico da etimologia da agricultura, afinal Sacar/Osíris/Saturno, era um deus pascoal de morte e ressurreição seguramente relacionado com cultos da Deusa Mãe da aurora e do parto…e de Aglibol.
Aglibol = An ancient Syrian (Palmarene) moon-god who forms a powerful triad with Yarhibol and the supreme god Bel. His name means "calf of Bel"
Se Aglibol era o bezerro do Sr. Baal então já começamos a levantar o véu sobre as causas materiais da origem da agricultura intensiva.
Ora bem, Aglibol seria um deus sírio lunar que expressaria isto mesmo: o reconhecimento cultural do papel do bezerro, em vias de se transformar em boi de tiro, na prosperidade económica dos povos neolíticos do crescente fértil.
Que provas haverá disto para além da analogia fonética? Nenhuma, até porque o lado lunar deste deus relaciona-o com Apolo Argurotoxo e com a etimologia da prata argentina. Além do mais, sabemos muito pouco sobre a mitologia deste deus, bem como de muitas divindades da periferia do império romano. Aquilo que podemos dizer é que Aglibol participa da mesma etimologia de deuses astrais relacionados com os cultos de morte e ressureição solar que teriam lugar em festividades pascais de fertilidade agrícola. A verdade é que o deus da fertilidade agrícola de Palmira era o macho Makkabel.
Makka(bel) < Makika > Mashu > «Macho»
                      > Makawel > Makauel > Mikael.
De passagem deve referir-se que muita etimologia sagrada da liturgia romana é de origem levantina possivelmente por herança fenícia e cartaginesa intermediada pelos etruscos. Por outro lado, o corredor sírio seria um ponto de passagem e cruzamento das grandes rotas comerciais antigas e, por isso, de todos os movimentos culturais da época. Heródoto afirmava que quase todos os deuses gregos tinham sido herdados do Egipto mas a verdade é que Cádmo era da fenícia e deve ter levado consigo grande parte da cultura oriental. Uma coisa porém é evidente: a Fenícia fazia parte das costas orientais do mar Egeu onde toda a cultura neolítica fervilhava de novidades mercanciadas pela talassocracia cretense. Assim, não se deve ficar admirado por encontrar continuidade no mundo mítico da porção oriental do mundo mediterrânico.
Uma possível especulação para fazer de Aglibol um deus relacionado com a etimologia da agricultura seria postular que a *Kafura era a divindade arcaica da meia-lua que seria a forma dum arrocho de pau que teria sido a primeira enxada e o primeiro arado da pré-história. A *Kafura, com a sua capacidade de renascimento pressuposto no rejuvenescimento da regeneração da sua pele era um deus da aurora como Sacar e da lua como Aglibol.
Aglibol < Agri | < Ka-Ger < Ka-Kur > | Sakar-Bel.
         Lat. Agri- < Ager < Aker, guardiães egípcios da «árvore da vida» <=
                 > Grec. Agro < Sumer. Agar < Sakar.
Ka-Kur, lit. “o guerreiro da Terra Mãe que transporta ávida”! > *Kaphura
Hahaur > Arau > Ara + tio > Aratio, lit “deus Ara”.
«Arar» a terra passaria a ser assunto do “deus Ara que seria possivelmente uma variante arménia de Ares e esposo de Aradia…e deus do rio etrusco Arno.

Ver: APOLO ARGUROTOXO (***) & ARIADNE (***)

Aray (Ara) = Armenian god of war. Probably related to the Greek Ares. Other traditions potray him as a typical dying-and-resurrecting vegetation deity. Aretia = Armenian earth goddess. Aleyin = Phoenician god of springs and vegetation
Em Palmira este deus era Arsu. Então, é possível postular que:
Ares < Arish < Ar-Chu > Arsu
                      > Arash > *Araju > Aray > Ara.
                                                    > + Anu > Alajino > Alayin.
Como é sabido os deuses marciais eram primitivamente os mesmos deuses da fertilidade agrícola, seguramente por serem também “manda-chuvas” e deuses das tempestades. Marte assim foi e Ares também terá sido. Ora, nem por acaso, um dos nomes latinos da agricultura era arma.
Cerealia arma, the arms of Ceres, Verg. A. 1, 177
E como na mitologia as coincidências se sucedem umas atrás das outras aqui vai mais outra:
Arma = Hittite and Luwian moon god, the equivalent of the Hurrian Kusuh. In hieroglyphic his determinant is the sickle moon. On reliefs he wears the sickle moon on his pointed and horned cap, on his back he has a pair of wings.
Arma < Har-ma < Kur-ma, lit. “monte-mãe”” => Hermes.
Se não foi pelo arrocho em forma de “crescente lunar”, se não for pela relação do “crescente lunar” com a *kaphura então, seria uma grande coincidência se os deuses da lua e da magia, que permitem saber os segredos do fabrico da cerveja e das poções mágicas, não tivessem estado relacionados com a produção de cereais. Porém, a relação da cobra com a agricultura passa por uma infinidade de metáforas simbólicas que vão da capacidade das cobras para perfurarem o solo como minhocas, que os primitivos pensariam ser uma espécie de cobras, ao facto de estes animais serem considerados capazes de se auto rejuvenescerem como a natureza. As cobras e as espigas eram o símbolo de Ceres precisamente por tudo isto e sobretudo porque estes animais sagrados da deusa mãe seriam as cobras aladas de guarda à “árvore da vida” no jardim do paraíso celeste. Não será então por mero acaso que a serpente guardava a árvore do bem e do mal no paraíso do Génesis!

Ver: POTOS (***)

O facto de este étimo ter parecido na suméria já perfeitamente constituído a partir do nome dum deus da aurora canaanita deixa a suspeita de que a origem da agricultura não tenha sido na suméria como a maioria dos arqueólogos aceita mas que tenha sido para ali levada por emigrantes sírios, ou mesmo cretenses, uma vez que o mais provável é que esta tenha aparecido pela primeira vez em condições de penúria e carestia nas ilhas mediterrânicas!
Assyrian have been referred to as Ashuri, Ashureen, Ashuraya, Ashuroyo, Nestorian, Nestornaye, Suraya, Syrian, Syriani, Suryoyo, Suryoye, Jacobite, Aramaean, Aramaye, Oromoye, Chaldean, Chaldo, Kaldany, Kaldu, Kasdu and Telkeffee.
O nome dos assírios foi dominado pelo espectro solar e o de Kaldu terá sido também assim. No entanto, o papel da deusa mãe das cobras cretenses é omnipresente e pode constituir a marca da origem minóica da revolução neolítica.
*Kartu > Kardu-(niyash) ó Kaldu > *Caldis > Haldis.
                                               Cardea ó «Caldeia».

Ver: HALDIS (***) & NINURTA (***)

Nas «Cartas Fenícias» Rimon, o deus infernal da «romã», que é casada com Shalla, a deusa do cereal, como a virginal Ceres, era assim “um deus que trazia o fogo das tempestades dos reinos dos infernos” como Escur.
             => Sarita > Cerish > Ceres.
Shalla < Shar-la < Ashar-la => Kalli?
                            > Ashar-et ó Asherah ó *Kertu.
Horta "An Etruscan goddess of agriculture."
Urta = Cevada; espiga de cevada; Akk. Antu.
Alguns autores dizem que Ninurta = Nin Ur = Sr. da Terra o que o faria igual a Enki. Porém, se Nin-urta é chamado o Fazendeiro de Enlil então ele seria foneticamente o “Senhor da Horta” mas literalmente seria o “Senhor seara de cevada”.
Na Etrúria a deusa das hortas era assim mesmo, a Horta nome em que se mantêm com a mesma ressonância animal, ou nem tanto assim.
Grec. Geórgia < Ge-Haur-Ke-ia, lit. “trabalho de parto da Terra!”
                                                     < Kaur-kika < *Kartu
Ceres <                            Horta < kaur-ta ó *Kartu < «corte».
                                                                      > Hurta > Sumer. Urta.
De facto, etmicamente «horta ou horto» podem ter andado próximas de nomes como «corte» = "• (Lat. cohorte, pátio), s. f. residência do soberano e localidade onde essa residência se encontra; • pessoas que vivem na companhia do soberano; (...) curral". De facto, na zona de Foz-Côa, o termo «córte» (< coorte), enquanto terreiro cercado onde se guarda(va) o gado, significava comummente «curral», de que o diminutivo «cortelho» é testemunho fóssil. Como «curral» e «curro» vem obviamente de Kur / K(a)ur nada há que admirar que «corte» e «coorte» também andem.
Sendo assim, a «horta» foi primitivamente o pátio cercado onde se cultivava a «cevada» (< lat. Hordeu < Horta-eum > Ital. Orzo, Fr. Orge. Romen. Orz.) para o fabrico da cerveja de alegrava o coração dos guerreiros e muito depois, os legumes e os produtos hortícolas da tropa, sendo assim o mesmo que quintal da «coorte».
«Coorte» < Lat. co-horte, lit. “os que (se alimentavam) e cooperavam na mesma horta”  = parte de uma legião, entre os Romanos; • porção de gente armada; (...)."
«Arroz» < Ár. arruz < Gr. óryza < Aurusha < Kauris > Keres > Ceres.
Rice = mid-13c., from O.Fr. ris, from It. riso, from L. oriza, from Gk. oryza "rice," via an Indo-Iranian language (cf. Pashto vrize, O. Pers. brizi), ultimately from Skt. vrihi-s "rice." The Greek word is the ultimate source of all European words (cf. Welsh reis, Ger. reis, Lith. rysai, Serbo-Cr. riza, Pol. ryz).
Parece que o nome ocidental do arroz deve pouco à sua origem chinesa.
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How do you say rice in Thai Cambodian and Chinese languages?
In Thai is "khao"
In Cambodian is "bia"
In chinese is "mi" or "mi fan" as mi means rice and fan means meal.
ご飯 gohan(goh-hah-n): steamed rice and or お米 kome or okome (koh-meh or o-koh-meh): uncooked rice. Cooked rice = gohan ご飯 go-hahn; uncooked rice = beikoku 米穀 bay-koh-koo
Quanto muito os nomes orientais reportam-nos para uma linguagem egeia pré-grega em que a deusa dos alimentos seria *Ki-Ma, de que teria derivado o japonês kome, possivelmente genérico de cereal (próximo de «colmo» < Lat. culmu = o caule das gramíneas), e, o mais genérico ainda, termo luso para «comida». Interessante é reparar em termos lusos e latinos com ressonâncias como mi do arroz chinês como «micas», «migas», «mil», «milho», etc. Na verdade, o «milho» se não tivesse sido descoberto nas Américas pelos ibéricos já tinha sido inventado pelos latinos na variante do «milho painço» ou «milhete», um cereal mais antigo que o arroz, a cevada, o trigo ou o centeio. Se, há milhares de anos, se fazia na China macarrão com farinha de painço é porque este cereal foi também ali anterior ao arroz a quem viria a dar nome por semelhança ou por lenta substituição do seu papel na culinária comum chinesa.

Ver: KIMA = TERRA MÃE (***)

Tudo aponta para que os indo-arianos que receberam o arroz dos chineses terão visto nele apenas um cereal a que deram também um nome genérico que aparece em latim aparentado com o nome da cevada.
Pashto vrize / O. Pers. Brizi < Wriz < *Kerish > Ceres.
Ceres seria assim a forma indo-europeia da arcaica deusa mãe cretense dos cereais que seria também *Kima (como foi *Kurma ou Carmenta do «colmo») que aparece no Japão a dar nome genérico ao arroz na forma kome e especifico ao nome chinês do arroz, mi.
Oinari (also written Inari) is the deity of rice and a major Shinto kami. Closely associated with various Shinto deities of food, Inari can be depicted in either male or female form. Inari not only protects the rice harvest -- s/he is also the patron of prosperity for farmers and merchants, especially those involved in rice production, foodstuffs and fisheries. Inari is generally associated with various manifestations of the Hindu goddess Dakini or Dakiniten, who in turn is associated with Daikoku-ten (Skt. Maha-kala), the latter considered the Hindu god of Five Cereals.
Inari < Oinari < Auinari < Awi(na)ur < An-Kaur ó *Kerish.
                                                                                    ó Skt. (Maha)-kala.
A relação miliciana do Kur é já conhecida. A relação deste deus com a agricultura fica assim esclarecida como relacionada tanto com a horta das casernas como com os corrais dos animais da cidadela militar. Dito de outro modo:

A origem da agro-pastorícia tal como a cidadela, de que se gerou a cidade e a civilização, aparecem etmicamente como apêndices da vida militar organizada tanto em torno de necessidades de logística alimentar como da produção intensiva de poções mágicas e de bebidas alcoólicas, cerveja e vinho!

Se Çatalhöyük não manifesta ainda evidências deste tipo de economia então sim, não era ainda uma cidade mas apenas uma grande aldeia que, mesmo assim, já manifestava necessidades defensivas contra a cobiça e a rapina dos vizinhos utilizando um tipo de aldeamento sem acessos precisamente por razões de protecção contra ladrões! Esta estratégia defensiva aplicada à arquitectura urbana irá marcar as medinas orientais e será em parte a razão da fragilidade militar das cidades minóicas e maias.
Assim sendo, podemos inferir que o aparecimento das castas guerreiras autónomas e organizadas constituíram o primeiro passo para a diferenciação social que desencadeou a história humana.

Ver: TRIPTOLEMOS (***)

REVOLUÇÃO NEOLÍTICA

Se denomina Revolución Neolítica a la primera transformación radical de la forma de vida de la humanidad, que pasa de ser nómada a sedentaria y de economía depredadora (caza, pesca y recolección) a productora (agricultura y ganadería). El término se debe a Vere Gordon Childe (1936). Este proceso tuvo lugar hace más de 9000 años (VIII milenio a.c.) como respuesta a la crisis climática que se produce en el comienzo del Holoceno, tras la última glaciación.
É duvidoso que assim tenha sido porque este pressuposto seria, antes de mais, a aceitação sub-reptícia do lamarquismo já sobejamente demonstrado por Darwin como absurdo. Obviamente que a evolução humana tende a deixar de ser Darwiniana à medida em que a organização das comunidades humanas vai sobrepondo os factores sócio culturais aos determinantes biológicos que deixaram de ter papel decisivo na evolução do homem pré-histórico já desde o confronto, mais teórico que real, entre o homem de Niendertal e de Cro-magnon. Se os factores externos à vida social nunca determinariam uma evolução lamarquista a não ser pela via da mutação genética é também duvidoso que as correntes marxistas, que tentam repescar o lamarquismo sobrevalorizado os factores ambientais aos aspectos hereditários na evolução das sociedades e dos indivíduos, consigam provar que os factores climáticos extremos consigam por via das convulsões sócio económicas e culturais que inevitavelmente provocam na história humana, possam ser os determinantes directos de evolução histórica. Na verdade, a genética está para as espécies como a tradição cultural esta para as sociedades e, se está provado que os cataclismo podem extinguir espécies não esta provado que determinem mudanças tácticas nas espécies, ou seja, o aparecimento e evolução das espécies mais adequadas aos novos factores ambientais, é duvidoso que estes factores obriguem os homens a mudarem os seus hábitos sociais como resposta sumativa adequada às pressões do meio ambiente. No caso da revolução do neolítico esta dúvida teórica reforça-se sabendo que a “crise climática que se produziu no começo do Holoceno” nem sequer é uma tese consensual entre os estudiosos.
The Younger Dryas is often linked to the adoption of agriculture in the Levant.[16] It is argued that the cold and dry Younger Dryas lowered the carrying capacity of the area and forced the sedentary Early Natufian population into a more mobile subsistence pattern. Further climatic deterioration is thought to have brought about cereal cultivation. While there exists relative consensus regarding the role of the Younger Dryas in the changing subsistence patterns during the Natufian, its connection to the beginning of agriculture at the end of the period is still being debated.[17] See the Neolithic Revolution, when hunter gatherers turned to farming.
Na verdade, grandes e pequenas crises climáticas sempre as terá havido ao longo da história humana e se é da sabedoria comum que a necessidade aguça o engenho também é verdade que o engenho nunca vai muito além daquilo que os homens podem almejar dentro dos seus paradigmas de entendimento! Dito de outro modo, o desenvolvimento humano não se faz senão a partir de grandes descobertas cognitivas que alterem colectivamente os paradigmas culturais ao ponto de estes determinarem revoluções e alterações nas tradições sócio-económicas e, sobretudo, na medida em que forem capazes de motivarem colectivamente e de forma duradoira a fé e as crenças dos homens.
A revolução agrícola do neolítico foi seguramente uma destas situações revolucionárias que não apareceu por geração espontânea um pouco por toda a parte onde havia comunidades sujeitas a identicas pressões climáticas mas que se propagou lentamente pelo mundo como uma onda de fundo de tipo cultural, ou seja, ora por imitação e missionarismo ora por imperialismo e colonização.
En primer lugar afecta a la zona conocida como creciente fértil del Medio Oriente, una amplia zona que comprende desde el noreste de África (Valle del Nilo, en Egipto) hasta el oeste de Asia(zona de Mesopotamia entre los ríos Tigris y Éufrates). Algo más tarde se produjeron cambios similares en la India (ríos Indo y Ganges) y en el Extremo Oriente (ríos Huang Ho y Yangtze en China). La difusión por el resto del Viejo Mundo (Europa, Asia y África) se produce por difusión de estos primeros focos, aunque en algunas zonas se produce localmente la domesticación de animales o plantas autóctonas. De forma autónoma se produce la revolución neolítica en América, con los focos mesoamericano y andino. – Wikipédia.
Assim, é impensável que a revolução neolítica mesoamericana e andina tenha sido autóctone até porque cada vez se vai parecendo menos diferente das outras culturas neolíticas euro-asiáticas. Obviamente que em torno dum novo paradigma comum muitas originalidades e muitos particularismos aconteceram, fluxos e refluxos civilizacionais ocorreram e ocorrem ainda mas o caso das civilizações ameríndias, pela sua característica de culturas de aparecimento súbito e pouco duradouro e de aparente eterno recomeço são a prova de que o sucesso do paradigma neolítico dependia sobretudo dum suporte prévio de múltiplas tentativas evolutivas anteriores e de tradições orais que conservavam de forma mítica a lembrança delas coisa que parece faltar nas civilizações ameríndias por ser incipiente a sua inserção no terreno de forma alargada e diferenciadamente evolutiva em vastas regiões geográficas centro americana. A sensação que se tem é que cada vez que uma cidade maia desaparecia seriam apenas alguns descendentes destas que levariam a semente para novos locais onde a agricultura seria possível.
Archaeologists and historians agree that the rise of agriculture, along with the domestication of animals for food and labor, produced the most important transformation in human culture since the last ice age -- perhaps since the control of fire. (…). Excavations at more than 50 sites over the last half-century have established the Fertile Crescent of the Middle East as the homeland of the first farmers. This arc of land, broadly defined, extends from Israel through Lebanon and Syria, then through the plains and hills of Iraq and southern Turkey and all the way to the head of the Persian Gulf. Among its "founder crops" were wheat, barley, various legumes, grapes, melons, dates, pistachios and almonds. The region also produced the first domesticated sheep, goats, pigs and cattle. -- [1]
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Figura 7: Mural de Çatalhöyük. Parece que o deus mais adorado na Anatólia não teria sido o Touro mas o Cervo o que permite especular se não estaríamos em presença de populações boreais com a memória traumática da morte sazonal do sol, durante os longos meses de noite circumpolar. Os cultos solares de morte e ressurreição solar poderão derivar deste facto geográfico que seria tão estranho, para os que nunca o vivenciaram, quanto prenhe de dolorosas implicações para os que o experimentam e viveram em concreto.
Earlier this century, archaeologists thought they had the answer: The rise of agriculture required early farmers to stay near their crops and animals. But these new excavations are challenging the long-held assumption that the first settlements and the transition from hunting and gathering to farming and animal domestication were part of a single process--one that the late Australian archaeologist V. Gordon Childe dubbed the "Neolithic Revolution". Çatalhöyük and other sites across the Near East are making it clear that these explanations are too simple and that other factors--including, possibly, a shared cultural revolution that preceded the rise of farming--might also have played a key role. (…) But the new dig has already reinforced a suspicion long held by many archaeologists: Çatalhöyük is not a city, nor even a town, even though many modern towns cannot boast its substantial population. "Çatalhöyük may be the largest Neolithic settlement in the Near East, but it's still just an overgrown village," says Guillermo Algaze of the University of California, San Diego. Which only makes the site all the more perplexing: Why did the people cram their houses together rather than spread them out across the landscape? For archaeologists, the difference between a village and a city is not just a matter of size but hinges on the social and economic relationships within a population. Thus the earliest cities in Mesopotamia--such as Uruk--were made possible by agricultural surpluses that allowed some people to quit farming and become full-time artisans, priests, or members of other professions. Meanwhile, the farmers who provided food for these urban centers continued to live in outlying villages. "A key defining feature of a town or city is that farmers don't live in them," says Patton. (…) It may also be a clue to understanding the transition to farming in general, says Jacques Cauvin of the Institute of Eastern Prehistory in Jalès, France, who argues that the Neolithic Revolution in agriculture was preceded by a "cultural revolution" in religious practices and the use of symbolism. "The origin of these [farming] changes was more cultural than economic," Cauvin told Science. Hunter-gatherer societies underwent a "mental transformation" that allowed them to see their environment differently and exploit it "more selectively and more actively," he says--a transformation that may be recorded at Çatalhöyük. [2]
Assim, existem evidências arqueológicas de que a revolução neolítica, que se supõe ter introduzido a agricultura e a pastorícia na sociedade, teria sido precedida por uma revolução cultural religiosa de tipo gregário, quase que uma forma percursora, ainda que primitiva e incipiente, de cristianismo.
Obviamente que diferenciar a aldeia da cidade pelo padrão simplista de que o aldeão não vive na cidade corre o risco de ser um mero preconceito moderno. Mesmo na periferia das grandes metrópoles modernas, sobretudo nos países do 3º mundo, existem ilhas de agricultores. O padrão da cidade medieval, da cidade rural europeia até há bem pouco tempo, bem como das medinas árabes ainda hoje não é tanto o de cidades onde os senhores habitam em palácios e os artesões em tugúrios pré-industriais mas o da organização mista com habitações de lavradores que têm uma segunda casa agrícola junto das suas propriedade bem como o de grandes casas agrícolas na periferia das cidades e a de artesãos que são também agricultores ou recorrem à agricultura em épocas de maior aperto de trabalho agrícola. A cidade babilónica é uma excepção habitacional e, de certo modo, uma monstruosidade resultante do abuso das vantagens do sedentarismo e da economia agrícola.
A agricultura, enquanto amanho da terra, foi uma sequência evolutiva da componente dita colectora que era a contrapartida feminina da caça da época paleolítica. Assim sendo, a agricultura era um culto feminino. Sendo assim, natural será encontrar nos locais mais antigos do início do neolítico o culto da Deusa Mãe que em Çatalhöyük pode ter sido uma forma arcaica de Cibele.

Ver: CIBELE (***)

A CERVEJA E A AGRICULTURA

O facto de o deus arménio Ara ter sido possivelmente um deus de morte e ressurreição pascal, tanto como um deus de guerra e paz, só vem reforçar as evidências de que a agricultura surgiu sob os auspícios de cultos solares pascais.
agar, ugar: = field; commons. Agarin: = father; mother; beer-wort; crucible, vat. agrun: = inner sanctuary.
Beer = Sumer: Sikaru ó «Centeio» = lat. sĕcāle = modern. grec. Σίκαλη.
O étimo da agricultura é assim muito antigo pois aparece já no sumério em contextos tão significativos como o relativo a baldios comuns e a santuários rurais.
Ki-kur > Sikaru ó Kyraku > Ker-awu + kia > Lat. Cerevícia
Ø     Sacar > (H)agaru > ugar => (Lu + )ugar ???
Ø    > «lugar» < «local» < Lat. locale
                            > Agar > agarun > agrun.
                                                                                                  > agarin.
A conotação de agarin com o barril de cerveja e com a noção de pai/mãe pode ter resultado dum natural cruzamento do conceito nutritivo do campo rural com o papel nutritivo da cerveja, nascida nesse mesmo campo, e de que o barril seria a mãe-d’água! De qualquer modo o basco gar-agar-doa (= cerveja) permite postular que os bascos partilharam com os sumérios a mui arcaica civilização megalítica a que pertenceram também os míticos fomorianos irlandeses.
«Beer» = O.E. beor < beaur < bewar <= «Beverage» < 1237, from Anglo-Fr. beverage, < O.Fr. bevre "to drink" (< L. bibere "to imbibe;") + -age. <= Another suggestion is that it comes from P. Gmc. *beuwoz-, from *beuwo- "barley". The native Gmc. word for the beverage was cognate with ale (<L. alere).
"Beer was a common drink among most of the European peoples, as well as in Egypt and Mesopotamia, but was known to the Greeks and Romans only as an exotic product." [Buck] Gk. brytos, used in reference to Thracian or Phrygian brews, was related to O.E. breowan "brew", L. zythum is from Gk. zythos, first used of Egyptian beer and treated as an Egyptian word but perhaps truly Gk. and related to zyme "leaven."
«Cerveja» < Sp. cerveza < L. cervesia, perhaps related to L. cremor "thick broth." O.C.S. pivo, source of the general Slavic word for "beer," is originally "a drink" (cf. O.C.S. piti "drink"). (cf. L. cerea "a Spanish beer"); perhaps related to L. cremor "thick broth," or of Gaulish origin.
"Connection with ceres (as a drink from grain) is very dubious" [Tucker].
Pois bem, em mitologia como em política quase sempre o que parece é!
E, na verdade a cerveja parece um vício de Ceres, a deusa dos cereais de que ela é feita, ou seja e dito de outro modo, um Cer- | vício (< Lat. Vi-tiu) | prestado pela bebida que terá que levar o nome de *Cer-Vi-Tia < Ker-Ki-Tea.
Mas, a «cerveja» pode ter outra origem mais sugestiva. De facto, dos cereais também se faz o pão que é muito mais importante para a sobrevivência comum e nem por isso honra o nome da deusa. Parece assim que o que é de interesse comum é banal por natureza e não necessita de honrar os deuses! Porém, a cerveja é feita a partir da fermentação da cevada e esse facto poderia ser motivo para agraciar a deusa dos cereais dando o seu nome à bebida espirituosa que permitia falar com Ela. Ora...
Ceres < Ker-ish > kauret > Korê, a filha de Ker.
                                 ó Kur-ish > Kauroi.
Quer assim dizer que existe a possibilidade de o nome da deusa da morte negra, Ker, ter sido dado à «cerveja» que seria, seguramente, a celebrada poção mágica, pelo menos dos guerreiros celtas, quando ela foi inventada pelas artes culinária da deusa mãe em «ritos de passagem» guerreira.
Cerĭa or cerea , ae, f., a Spanish drink, prepared from corn, = celia and cerevisia, Plin. 22, 25, 82, § 164.
Então, cerveja viria tanto de Ceres como *Kurish, ambos filhos gémeos da deusa mãe e do deus dos exércitos.
O étimo da cerveja *cer- < *Ker- > *Wer- => «beer», tem o deus Escur / Kauran em comum o que reforça a ideia de que a cerveja foi denominada entre os latinos como cere-visia, = o vício dos guerreiro, < here-vishia, a poção do mágico «poder de fogo», (doping) < Here-Wekia, da terra mãe ao serviço dos heróis, guerreiros de Escur.
Brewing an Ancient Beer
There is an interesting body of research that suggests that the agricultural revolution started so that humans could make BEER. (…)
In the 1950s, Robert Braidwood of the University of Chicago published an article in Scientific American suggesting a cause-effect relationship between bread- making and the domestication of cereal grains. He cited evidence from his excavations at Jarmo in the Taurus Mountains of modern Iraq. However, Jonathan D. Sauer, a well-known botanist from the University of Wisconsin, responded to Braidwood's article by asking if the earliest utilization of the domesticated cereals may have been for beer rather than bread. This query prompted Braidwood to organize a unique "symposium" for the journal American Anthropologiest titled "Did man once live by beer alone?" (…)
Hans Helback, a botanist who had worked with Braidwood at Jarmo argued that beer was NOT the cause for domes- tication, but a much later development probably origi- nating with the drying of grain for storage. The argument against Sauer's proposal was best articulated by botanist Paul Manglesdorf, who reasoned that even though beer was a plausible incentive for the domesti- cation of grain, it was not possible to "live on beer alone." "Did these Neolithic farmers," he asked, "forgo the extraordinary food values of the cereals in favor of alcohol, for which they had no physiological need? Are we to believe that the foundations of west- ern civilization were laid by an ill-fed people living in a perpetual state of partial intoxication? The majority of the respondents concluded that it was inconceivable that beer came before bread, and the issue was all but forgotten. (…) We then returned to Braidwood's question: Did beer come before bread? Although Sumerian beer was made several millennia after barley was first domesticated, the process used by the Sumerians is a "time platform" from which we can ask questions about earlier practices. When the "Hymn to Ninkasi" was written, beer was made using bread. But bappir, the Sumerian bread, could be kept for long periods of time without spoiling, and so it was a storable resource. We also know, from various annotations on bappir and beer in the Sumerian and Akkadian dictionaries, that bappir was eaten only during food shortages. In essence, making bread was a convenient way to store the raw materials for brewing beer. (…) Collecting and processing wild barley seeds requires tremendous effort, and at the time of the transition to agriculture, barley was not the only exploitable food resource - in fact many others were probably more accessible. It is hard to imaging that the effort spent collecting wild seeds would have been for produc- ing loaves of bread. The alcohol content and higher nutritional levels of beer, however, might have been incentive enough.
Finally, it is worth noting that Nature herself may well have produced the first beer. After harvesting, wild barley seeds might have been placed in a container for storage. If the seeds were exposed to moisture they would sprout. Sprouted barley is sweeter and more tender that unsprouted seeds, and therefore more edi- ble. Sprouted seeds might have been dried for later consumption. Exposed to airborne yeast and more moisture, the barley would have fermented, producing beer.
We may never know when some brave soul actually drank the "spoiled" barley. But we do know that someone did. (…) We soon learned that the "Hymn to Ninkasi," was, in the broadest sense, a linear description of brewing - the prepara- tion and heating of a mash in which enzymes convert the cereal starch into sugar, the boiling of the processed mash, or wort, the addition of flavoring and the fer- menting of the wort using yeast to convert the sugar into alcohol and improve the nutritional content of the beer. By following the stanza-by-stanza instructions, we could duplicate the process used by the Sumerians.[3]
De passagem levanta-se a suspeita de o termo «cirurgia», que apareceu seguramente no instituição militar por ter sido ai primariamente útil, poder ter recebido ressonância semânticas da «cerveja» enquanto divina bebida que tanto permitia a euforia da coragem como a anestesia da cobardia. Na verdade a deusa Ker, da morte negra, e Escur estão na origem do nome de Ceres e da «cerveja», estará também na origem do nome do centauro Quíron.
Cheirourg-ia, (…), working by hand, practice of a handicraft or art, skill herein. opp. gnômê and gnôsis (theory)
Claro que tal pressuposto põe em causa a etimologia oficial desta arte médica, bem como levanta a possibilidade de a anestesia ser um princípio cirúrgico mais antigo do que se pensa!
«Cirurgia» < Lat. chirurgia < Gr. Cheirurgía (= trabalho manual < Gr. Cheir = mão)
Existem indícios de que o Centauro Quíron teria ensinado cirurgia a Aquiles e a Esculápio. Neste caso, o nome da «cirurgia» poderia também ter recebido nome partir do deste centauro! No fundo, a origem do nome da cirurgia não é clara e todas as hipóteses se mantêm em aberto incluindo a de ter sido um trabalho manual de enfermagem antes de ter adquirido a nobreza que lhe é concedida modernamente! Inicialmente esta arte médica era conhecida como iatrikos, seria uma arte «escura» e infernal protegida por Ker, a mãe das cobras cretenses, que teria Quíron por patrono, razão pela qual os livros de cirurgia eram Cheirônis.
Cheirônis,(…) a book on surgery, AP7.158 (pl.).
“[Eurypylos to Patroklos:] ‘Cut the arrow out of my thigh … and put kind medicines on it, good ones, which they say you have been told of by Akhilleus, since Kheiron, most righteous of the Kentauroi, told him about them.” –Iliad 11.832. Wise-hearted Kheiron nursed the great Iason under his roof, and to Asklepios taught the soft-fingered skills of medicine’s lore.” –Pindar Nemean 3 ant2-ant3

Ver: DEUSES DA SAÚDE – II / ESCULÁPIO (***) & AQUILES (***)

Entretanto, as antinomias platónicas devem ter determinado debates muito polémicos nas escolas de Esculápio tendo a teoria médica ficado a cargo dos discípulos de Hipócrates enquanto a prática cirúrgica ia sendo postergada para escravos dedicados às actividades manuais, ou seja, à Cheirourgia. Com a abolição da escravatura dentro da cristandade os escravos foram sendo substituídos por barbeiros.
Sendo evidente que: Chir(on) ó Cheir (= mão) então, é difícil saber se quem deu à mão à cirurgia foi o centauro Quíron ou a instituição da escravatura!
Pois bem, se não foi o poder xamânico de Quíron quem sugeriu o nome da «cirurgia» relacionando-a de modo indelével com *Ker-tu, a deusa da morte negra e com Ceres, a deusa do cereal e da cerveja, bem poderia ter sido. De facto, o lendário desprezo do guerreiro pela morte pode ter uma explicação cultural na forma de coragem mais ou menos cultivada mas a da resistência à dor física, na ausência de milagre, só pode ser humanamente superada com a ajuda de drogas e daí o prestígio das poções mágicas que, afinal não passavam de drogas naturais, as primeiras das quais foram as bebidas alcoólicas! E foi a partir da descoberta e utilização xamânica das poções e filtros mágicas que começou a investigação médica e farmacológica.
A «Poção Mágica» dos druidas, que tinha no «Soma» védico a sua maior analogia, deve ter correspondido a um fenómeno ritual mágico e místico de tal importância sócio-cultural, e de tal antiguidade histórica, que as tradições religiosas não poderiam deixar de forçosamente a ele se referirem.
A investigação do papel das drogas, enquanto substâncias psico-modificadoras dos estados de consciências, na criação das mitologia místicas dos primórdios das religiões xamânicas está longe de ser um terreno livre de tabus e de preconceitos morais mas, vai dando os seus frutos!
Desde logo porque permitem aceitar que o fenómeno das drogas e da toxicodependência só na aparência pode ser considerado um exclusivo da modernidade. De facto, se algo existe de inteiramente original no fenómeno actual da toxicodependência, para além do termo, é a massificação do fenómeno pelo refinamento da produção de drogas e a perigosa democratização dos consumos. Em qualquer dos caso, já tinha sido a procura de melhores acessos aos mercados orientais de drogas que tinham levado os portugueses “à descoberta do caminho marítimo para a Índia”» e, não será que, já na altura, a nomeada da pimenta constituía um disfarce para outras especiarias mais raras e perigosas como seria o caso do ópio?
Pois bem, O Soma védico tem sido considerado um derivado de certos cogumelos e fungos alucinogénio. Como seria de excreção urinária preferencial, e as renas se alimentavam destes fungos ou cogumelos alucinogénios, para os quais as renas acabam por adquirir, parece, uma particular apetência, o consumo da urina deste animal tornou-se numa fonte xamânica de produção de poção magica! Daí até à divinização do veado como *Elphian foi um passo reforçado pelo aspecto fálico do cogumelo mágico cuja sopa era fonte do divino «Soma», primeiro na qualidade de «sumo» urinário de renas dependentes de fungos alucinogénios e depois como essência de perigosas ervas medicinais ou como mero vinho ou cerveja, pelo menos antes da sua vulgarização, e depois como «destilado mágico» e alcoólico de bebidas fermentadas.
Pois bem, a evolução natural da pesquisa alimentar teria que esbarrar necessariamente com os venenos naturais dos quais os animais estão livres por instinto ou resistência genética. É óbvio que os alimentos venenosos eram nefastos e até mesmo mortais pelo que tiveram que ser criados mecanismos socio-culturais de prevenção dos riscos da sua ingestão pelo que talvez tenha sido a partir desta necessidade socialmente básica que se tenham começado a instituir os primeiros cuidados primários de saúde na forma, obviamente mais espontânea do que institucional, de magia xamânica.[4] De facto, aquilo que não é de aceitação comum redundava em excepção que teria que ser socialmente gerida. Esta primitiva gestão cultural dos riscos alimentares serviu por um lado para a criação da primeira instituição cultural de saber de base sanitária que foi a magia xamânica que obviamente teria tanto que fazer em termos de prevenção de riscos de intoxicação alimentar quanto de cuidados, senão curativos pelo menos paliativos. Ora, foi esta função terapêutica do xamanismo sobre os envenenamentos acidentais por contacto com animais (particularmente cobras) e alimentos naturais, seguramente mais frequentes em tempo de carestia e fome como era ainda à bem poucos anos o caso do ergotismo por ingestão de centeio contaminado pela cravagem, que levou à possibilidade da investigação empírica dos efeitos colaterais dos venenos cujo aspecto mais revolucionário terá sido a descoberta intuitiva do quanto a relação dose efeito da ingestão de certos produtos naturais pode marcar a fronteira entre a vida e a morte, seja em termos de veneno, seja de cura medicinal, aspecto este que marcou decisivamente o triunfo definitivo da magia xamânica como pedra angular do cultura humana, de que tanto a religião quanto a medicina e a maioria dos saberes técnico-científicas são os naturais herdeiros.
Possivelmente a principal preocupação dos primeiros curandeiros foi com as cobras, de que as víboras são a espécie venenosa mais frequentes no clima mediterrânico, que levaram por um lado a que o culto da serpente fálica *O-Phian tenha sido a mais antiga prática religiosa instituída com início nas ilhas mediterrânicas de Malta e Creta e, por outro, ao facto de ainda hoje a medicina se reportar simbolicamente ao “caduceu” em provável homenagem ao mais antigo dos curandeiros que terá sido alguém que curou uma mordedura de cobra ou alguém que aprendeu por sua conta e risco a utilizar o seu veneno com fins terapêuticos.
Ao saber empírico, quase sempre de trágica experiência feito, seguiu-se inevitavelmente o da descoberta e uso dos venenos, e logo o abuso pela possibilidade dos envenenamentos criminosos que tanto papel tiveram na política antiga e tanto contribuíram para o poder e prestígio dos bruxos das cortes. Porém, em termos mais sensatos e comuns, a descoberta do saber empírico das ervas levou tanto à medicina natural, de que as modernas medicinas alternativas são os herdeiros fósseis, quanto à superstição, ao charlatanismo e à bruxaria. Claro que nos primórdios da civilização a fronteira entre os aspectos positivos da bruxaria eficaz e do puro delírio mágico eram ténues. Porém, a existência duma ritualidade exercida com convicção e mestria faziam da magia um assunto socialmente tão sério à época da pré-história quanto hoje o é o exercício competente de qualquer arte e saber.
Quando o prestigio excessivo duma arte leva à sua vulgarização por gente sem vocação nem génio perde-se o lado criativo e de “magia branca” dessa arte que se degrada em ritualismos ocos de “magia cinzenta” e ineficazes por falta de autenticidade na sua expressão ou mesmo perigosamente “negra e mortal”, na sua forma venenosa e mortal. Como é sempre isto que acontece em épocas de transição de fase histórica, foi este aspecto degradante em que caíram velhos e outrora prestigiados institutos que levaram à imagem negativa da bruxaria e do xamanismo antigo nos tempos do helenismo tal como depois foi esta a imagem que o paganismo veio a ter com o advento do cristianismo.
Edusa = The Roman goddess with whose help small children learn to eat < Ethusha < Ekusha < Enki-isha, filha de Enki, Ishtar => Ea-at > Engl. «eat»

Ver: KAIUS (***)

Como os marxistas gostam de frisar, e com razão de sobra sob o ponto de vista racional, não existem revoluções económicas que se aguentem sem alterações positivas nos meios de produção. A agricultura hortícola de subsistência já existiria há muito tempo antes da revolução neolítica como complemento da caça e da pastorícia. Esta, sim, seria uma agricultura de tipo familiar eminentemente feminina. A grande revolução agrícola do neolítico caracteriza-se por ter passado a ser produtora das mais valias que iriam levar à acumulação da riqueza, suficiente para a subsistência de grandes cidades, apenas por razões óbvias de produtividade.
Claro que esta necessitou também de incentivos culturais que tanto foram o aparecimento de religiões de tipo gregário, o hábito generalizado de beber cerveja e vinho e, coisa não menos importante, o aparecimento de castas guerreiras organizadas e permanentes. No entanto, os progressos tecnológicos que permitiriam o sucesso do aumento de produtividade agrícola estariam por um lado relacionados com a melhoria da produtividade das espécies cerealíferas, domesticadas já há alguns milénios, e, sobretudo, no aumento de rentabilidades das técnicas de amanho da terra com a introdução do arado de tracção pelo boi.
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Figura 8: Gravura sobejamente conhecida dum selo sumério onde aparece um sofisticado arado de semear e uma cruz, símbolo de Anu, o pai do céu, facto que comprova que este sinal continha uma elevada simbologia sagrada muito antes do cristianismo.
A colheita abundante de cereais por métodos da agricultura, recentemente inventada pelo neolítico, poderia ter sido espontânea e rentável se com ela viesse a ser possível obter mais do que era habitual até aí pelos métodos de recolecção. Em termos de teoria económica moderna, para que os cereais assim produzidos pudessem ser vendidos a bom preço havia que haver quem os pagasse. Ora, não seriam esfomeados por excesso populacional que haviam de ter dinheiro para comprar pão a baixo preço, a menos que tivesse havido um aumento particular de metais fiduciários, o que não parece ter sido o caso, na medida em que esta aconteceu antes do calcolítico. Na verdade, o que aconteceu foi a explosão da cultura megalítica funerária em homenagem e louvor dos chefes heróicos controladores da recolha e distribuição de carnes sacrificial de caça controlada e pastorícia; de pão e de cerveja!
A revolução agrícola só coincidiu com uma época áurea no mero plano simbólico e este na medida em que veio a ser causa de acumulação de riqueza.
De facto a Suméria não revela um grande aumento de fluxos metálicos nem o ouro abundava nos rios mesopotâmicos. Como estamos nos alvores da história nem sequer podemos falar na condição da situação prévia duma economia de rapina como seria mais tarde a do império assírio e a dos espanhóis do sec. XVI. Na verdade, a motivação para a produção intensiva de cereais não podia ter sido de natureza económica mas apenas de tipo cultural.
In the 1950s, Robert Braidwood of the University of Chicago published an article in Scientific American suggesting a cause-effect relationship between bread- making and the domestication of cereal grains. He cited evidence from his excavations at Jarmo in the Taurus Mountains of modern Iraq. However, Jonathan D. Sauer, a well-known botanist from the University of Wisconsin, responded to Braidwood's article by asking if the earliest utilization of the domesticated cereals may have been for beer rather than bread. This query prompted Braidwood to organize a unique "symposium" for the journal American Anthropologiest titled "Did man once live by beer alone?"
It was not an idle question. We now believe that barley was domesticated about 10,000 years ago in the highland region of the southern Levant. But it seems likely that wild grains were gathered long before then. What prompted the shift from hunting and gathering to agriculture? Many scholars have suggested that overexploitation of wild resources and climate change in the region are behind the transition. But barley can ferment naturally, as we shall explain, and the discovery of beer at an early date may well have been a significant motivation factor in hunter-gatherers settling down and farming the grain.
In his contribution to the symposium, Sauer, with simple elegance, explained that for hunter-gatherers the amount of work involved in cultivating grain would not have been worthwhile if the only reward was a little food. The desire for beer, he felt, might have been sufficient incentive for expending the effort to plant and raise the barley, which he believed to be the earliest crop.
Em boa verdade a questão é pertinente mas está mal formulada.
O hábito de beber cerveja está longe de ser uma a intoxicação alcoólica típica e além duma bebida saborosa e de baixo teor alcoólico é ainda hoje um razoável nutriente líquido. Ainda que eventualmente viciante a cerveja não é, de facto, encarada espontaneamente como tal, estando portando fora de causa a possibilidade de encarar o consumo massivo de cerveja como um negócio lucrativo em resultado do consumo compulsivo que o estado de dependência física de cerveja provocaria. No entanto, esta bebida consegue ser tão nutritiva quanto aprazível podendo provocar uma dependência psíquica suficiente para fazer do hábito de beber cerveja um móbil suficiente para o cultivo intensivo dos cereais, muito para além das necessidades alimentares de subsistência. De facto, a revolução neolítica começou quando os povos do final do paleolítico conseguiram produzir e acumular alimentos muito para além das necessidades de sobrevivência do grupo, na forma de gado vivo e de cereais. Ora bem, se juntar e manter gado é uma forma fácil e intuitiva de conservar alimentos frescos disponíveis para uma grande número de pessoa superior ao necessário para a guarda do gado (pecuneum), constituindo assim a forma mais antiga de acumulação de mais valias pecuniárias, já a produção intensiva de cereal para a produção de pão está longe de ser fácil e menos ainda intuitivamente lucrativa a menos que, então, se encare a utilização de parte do cereal para a produção de cerveja. Dito de outro modo, se a produção de cereal para pão nunca foi uma actividade considerada espontaneamente enriquecedora, fora de um sistema de exploração esclavagista, já o mesmo se não pode dizer da situação da produção de cereal num contexto especulativo de comercio de cereais como matéria-prima para a produção de cerveja e da sua correspondente distribuição intensiva em locais populares de culto e diversão como seriam então as «tabernas».
O sucesso neolítico da primeira revolução da agricultura cerealífera neste contexto exigiu pelo menos duas condições: A fertilidade particular do “crescente fértil” mesopotâmico e do vale do Nilo e o aparecimento da escravatura em detrimento dos sacrifícios humanos.

Ver: POT (***) & CANIBAL (***)

Esta primeira revolução económica teve pelo menos estas consequências: a primeira acumulação de mais valias, a criação de classes sociais ociosas, libertas da necessidade de produzirem os seus próprio de bens de subsistência, como propunha S. Paulo, disponíveis para a promoção da produção de bens culturais e o começo da vida urbana. Por outro lado, com a complexificação da vida social, o incentivo da produção de cerveja deixou de ser a principal razão de ser para a produção excedentária de cereal e veio a ser substituído pelo grande vício que é a vida social.
A melhor tese a respeito do sucesso da agricultura só poderá ser a de que foi a procura de cereais para o fabrico de cerveja, espontaneamente desejada pelo comum da população e particularmente apetecida pelos jovens guerreiros, que iria servir de motivação cultural e estímulo endógeno para a produção de excedentes de cereais que determinariam a primeira produção de mais valias da história que iriam despoletar a revolução agrícola do neolítico.
Na verdade, as grandes revoluções civilizacionais costumam ter sempre uma génese guerreira ou militar. Se a religião foi a primeira forma de cultura humana na forma de mitologia a organização bélica que lhe serviu de mano militaris foi a primeira forma de organização produtiva da história[5].
O facto de Hera e Ceres poderem ter andado relacionadas pelo lado do poder militar será de explicar não apenas pelo aspecto universal da deusa Mãe mas pelo facto de haver a suspeita de que a primeira grande revolução agrícola, do final do neolítico, ter explodido na Suméria. Porém, esta aconteceu apenas depois da invenção da cerveja que foi, a par da invenção do vinho, uma das primeiras poção mágica dos exércitos desde os tempos pré-históricos!

Ver: POTOS (**)

Porém, se o consumo de cerveja poderia ser considerado como um pretexto democrático, ou pelo menos estatisticamente generalizável, para a produção intensiva de cereais já o atractivo da vida cultural e dos bens de civilização, que iam sendo conseguidos a “talho de foice”, iriam revelar-se estimulantes apenas para a elite dirigente. Assim sendo, a manutenção a outrance da estratificação social que emergia dos primeiros sucessos na acumulação de mais valias agropecuárias iria tornar-se essencial à sobrevivência da civilização como condição para a criação de estruturas de poder que “organizassem a repressão” da liberdade dos caçadores recolectores com vista à sua transformação já não apenas em alegres agricultores, entusiasmados com a febre da cerveja, mas antes em agricultores servis ou escravos das primeiras unidades colectivas de produção que foram as quintas dos templos e depois as quintas senhoriais, as villa que fizeram as glórias do império romano, que se desenvolveram e disseminaram como módulos empresariais por todo o mundo até aos alvores da revolução industrial.

CERES

De facto, a terminologia mítica deve ter começado muito antes do início da civilização agrícola pois todos os nomes divinos apelam para uma desinência animista de tipo taurino, compatível com uma contemporaneidade com as épocas de caça da arte rupestre! Ora, tal ânimo nunca a esta lhe faltou, ora repleto de magia sombria e aterradora, como a tradição das Gorgonas o atestam, ora acolhedor e virginal como as deusas vestais do fogo doméstico. Na verdade, todas as guerras são justas quando começam sob os auspícios da defesa dos deuses da cidade e dos lares.
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Figura 9: Ceres.
Goddess of grains and food crops. Daughter of Saturn and Ops. Goddess of the growth of food plants. She and her daughter Proserpine were the counterparts of the Greek goddesses Demeter and Persephone. Her worship involved fertility rites and rites for the dead, and her chief festival was the Cerealia. (Our word cereal is derived from Ceres.)
Dea Dia = Corn and agriculture goddess of growth. She was identified with the Greek Ceres (?). Her priests were the Fratres Arvales who honored her in the May feast of the Ambarvalia. During this time the priests blessed the fields and made offerings to the underworld (earth fertility?) powers.Kerres = Probably the original of the goddess Ceres.
Ambarva-lia <= Ambarva
< *Ama-carka ou *An-Kurka.
«Agrícola» < Lat. Agricola = Agir-cura, lit. «tratar do Ager»
<= Lat. Ager/is <= Ki-Ger, lit. «terra dos deuses» ó *ger- ó Cer(es) < Ker
ó Lat. Gérmen < *Ker-Min > Carmina, a deusa dos livros sagrados das «leis da vida».
Carmen / Carmina - Goddess of the casting of spells and of enchantments.
Muitas são as representações guerreiras da deusa mãe e uma delas, de nome Agrona, é celta. Outro é um epíteto agro-pecoário de Artemis, a Agrotora.
Agrona “The Celtic goddess of strife and slaughter. The river Aeron in Wales is named after her.”
Agrona < Aker-Ana => *Kiphur-ana.
               Aker-Taura => *Kiphur-kura,
Agrotora "is another name for the Greek goddess Artemis, under which title she was regarded as the patron goddess of hunters ."
Porém, o mais aguerrido e taurino de todos é afinal o nome de Ceres que vem directamente de Ker, a Deusa Mãe primordial que se transformou na morte negra dos gregos, seguramente uma variante de Hera e também de Deméter! Por isso mesmo, Ceres não será senão uma das Horai enquanto variante latina, especializada na função de deusa das colheitas, de Korê, ou seja, Proserpina, a esposa de Plutão.
Os deuses infernais eram deuses de fartura e a associação destes deuses com a agricultura seria inevitável tanto mais que o culto de Deméter era também um culto agrícola que tinha como mito fundamental a alternância anual dos meses férteis (durante os quais Korê estava com Deméter) com os meses de carestia e invernia (durante os quais Perséfone estava no Hades) bem como na metáfora do enterro e morte do grão de cereal que antecedia a sua germinação com as primeiras chuvas.
                Ker-res > Cerus > Ceres =>*Ceresco > Lat. cresco.
*Kertu < Ker-ish < Kur-ish > Ishkur > Ishtar.
Her(a) < Ker > Ther + *Kima = Thema-Ter > Deméter.
Associados ao culto de Ceres havia na própria cidade de Roma 12 deuses relacionados com as principais lides do campo e do cereal.

Ver: OPS (***)

Vervac-tor (para a primeira arada do vervactum (= campo inculto) > «vervasco» • (Lat. verbascu), s. m. género de plantas escrofulariáceas, algumas das quais com propriedades medicinais, outras tóxicas, empregadas para matar os peixes dos rios. < Wer-Wasc < Wer-Kiash.
Re-para-tor (para a segunda arada) < repar-are < Re-Phar.
Inporci-tor (pela terceira e última arada com lirae (= sulcos) vincados e as porcae (= beiras) acamadas < In-| porci < Phor-ki.
Insi-tor (pela sementeira) < In-si < Enki.
O-bara-tor (para a arada depois da sementeira) < Oc-War < ???.
Oc-ca-tor (para a gradagem do campo) < Oc-ca < Coca.
Sari-tor (para a primeira monda) < Sar < Kar.
Sub-runc(in)a-tor (para a segunda monda) < Runc(in) < *Aruncina
Mess-or (para a ceifa) < Meash
Convec-tor (para as malhadas) < Con-*Weca < *Vaca.
Com-di-tor (para o armazenamento do grão) < Com-di  < ???
Promi-tor (para a escolha do grão armazenado) < Prom < Phrom < Forma < Morfa.
¿Y cómo pudiéramos acabar de referir en un solo lugar de este libro todos los nombres de los dioses o diosas, que apenas caben en abultados volúmenes, dando a cada dios un oficio propio y peculiar para cada ministerio? No se contentaron, pues, con encomendar el cuidado del campo a un dios particular, sino que encargaron la labranza rural a Rusina, las cumbres de los montes al dios Jugatino, los collados a la diosa Colatina, los valles a Valona. Ni tampoco pudieron hallar una Segecia, tal que de una vez se encargase y cuidase de las mieses, sino que las mieses sembradas, en tanto que estaban debajo de la tierra, quisieron que las tuviese a su cargo la diosa Seya; y cuando habían ya salido de la tierra y criado caña y espiga, la diosa Segecia; y el grano ya cogido y encerrado en las trojes para que se guardase seguramente, la diosa Tutilina; para lo cual no parecía bastante la Segecia, mientras la mies llegaba desde que comenzaba a verdeguear hasta las secas aristas. Y, con todo eso, no bastó a los hombres amantes de los dioses este desengaño para evitar que la miserable alma no se sujetase torpemente a la turba de los demonios, huyendo los castos abrazos de un solo Dios verdadero.
Encomendaron, pues, a Proserpina los granos que brotan y nacen; al dios Noduto los nudos y articulaciones de las cañas; a la diosa Volutina los capullos y envoltorios de las espigas, y a la diosa Patelena, cuando se abren estos capullos para que salga la espiga; a la diosa Hostilina, cuando las mieses se igualan con nuevas aristas, porque los antiguos, al igualar, dijeron hostire; a la diosa Flora, cuando las mieses florecen; a Lacturcia, cuando están en leche; a la diosa Matura, cuando maduran; a la diosa Runcina, cuándo los arrancan de la tierra; y no lo refiero todo, porque me ruborizo de lo que ellos no se avergüenzan. -- Santo Agostinho, A Cidade de Deus, Livro IV, CAPITULO VIII:

*CEREKLICING(A)

Cerklicing = The Latvian god of fields and corn. Mentioned by a little known Jesuit under the name of Joannis Stribingius in his mission journey to Eastern Latvia in 1606. Describing the territory as having returned to paganism due to the lack of attention from the Christian church during the Livonian War (…) There are several other spelling forms of the particular name, apparently coming from misreading of the original manuscript, namely Cerekling, Cercklicing, Greklicing, Cerekticing. There is another document mentioning a deity to whom the first bit of all food and first drop of any drink was offered. The name of this deity is given as Ceroklis/Cerroklis. Three centuries later Ernests Brastins will choose a similar name for the title of catechism of a national religion of his own making, namely Cerokslis. --- Latvian mythology, by Aldis Putelis.
A verdade é que, ou o povo lituano dava vários nomes à sua deusa do pão ou eram muitas as variantes dialectais ou a confusão do padre jesuíta e dos seus tradutores seria muita.
A comparação de todas estas variantes, sejam elas por erro técnico ou por riqueza linguístico, permite encontrar um nome virtual *Cereklicing que seria o denominador comum de todas, o por isso mesmo mais verídico que o proposto Cerklicing.
Joannis Stribingius
Cer-c-kli- cing
Cer-e-kli-    ng
Cer-   kti-   cing
Gre-   kli-   cing.
«Document mentioning a deity to whom the first bit of all food and first drop of any drink was offered.»
Cer-o-kli- s
Cer-o-k(s)li-s
Ernests Brastins
Cer-ro-kli-s
Denominador comum
*Cer-e-kli-cing.
No entanto, o anglicanismo do sufixo -cing só aparece na versão do padre jesuíta que, sendo por isto mesmo uma fonte suspeita de ser pouco receptiva nos deixa as maiores reservas quanto à sua veracidade. Mesmo assim, é patente que este nome sofreu seguramente ressonâncias da deusa romana Ceres e, possivelmente também, da deusa grega Cloris. A forma com sufixo -cing parece mesmo uma mistura destas com a latina Cloaquina. A ter existido um nome que fosse uma espécie de súmula dos nomes destas três deusas com a estrutura dos nomes referidos então esta só poderia ter sido *Cereklicina, ou quiçá, *Cereklicing(a). Como a terminação –ina não é senão a corruptela do genérico Ana para deusa e Sr.ª podemos inferir que a sua inclusão no nome dos deuses era muitas vezes facultativa. Neste caso, uma das variantes possíveis seria então *Cereklicig(a).
*Cereklicing(a) <= *Cereklicig(a) < Cerekli-kika > Cereklis.
En conclusão, de todas as variantes propostas a mais plausível será Ceroklis/Cereclis. Esta variante tem ainda o mérito de por a nu um via derivativa que poderia correlacionar de forma inequívoca o nome de hera com o de Hércules.
Ceroklis < *Ker-au-Klish
                < *Ker-au-Klish > Hera-Kles > Hercules.

Ver: ETIMOLOGIA DO NOME DE HÉRCULES (***)

Claro que, como se viu, Ceres não nos reporta de imediato para nenhuma cobra mas antes para o étimo dos exércitos (< Grec. Keras,the horn of an animal” >) *Her, raiz de nomes e deuses militares (Hércules e Hermes v.g.) e de Hera.
Este facto semântico permite-nos reunir num só semantema duas das principais deusas clássicas, uma das quais suposta esposa de Zeus e logo, rainha dos Campos Elísios celestiais!
«Telecheia» < Telechena < Telchines < *Kur-Ki(na)-Ki <= *An -Kur-kika =>
Kere-kika > *Tere-Hiha > Teleia > Telia > Tella > Terra Madre =
Tellus-Mater = Telephaessa < Telephassa < Telekisha >
Telethusa > *Tellish > Tellus > Teles.
De facto, não faria grande sentido relacionar a primeira revolução económica com a mera descoberta da agricultura pois, como se pode ver noutro ponto destes estudos, a agro-pastorícia foi sempre conhecida pela humanidade desde, pelo menos, as épocas antropológicas chamadas de caça e recolha.
Ati Cel [Mother Tellus] the Deep-Breasted, the Fruitful Earth.
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Figura 10: Ceres, a deusa romana da agricultura numa encenação típica de Deméter.
Esta representação dum carro de procissão alegórico, em estilo romano, retoma o tema do triunfo da Agricultura em nome de Ceres que abriga ao lado da sua vitória, publicamente expressa, a de um qualquer general romano. Deste modo se define a civilização romana como sendo sobretudo a de uma potência militar de forte e nobre tradição cultural agrícola e cerealífera pois de Ceres veio o nome dos Cereais.
Estamos assim de novo em presença de cobras aladas que parecem transformar-se em colos de cisne ou em dragões e que nos fazem lembrar os mitos centro-americanas das “cobras emplumadas” de Quesalcoatl. A cobra alada, enquanto símbolo da agricultura, poderia ter tido como epíteto lusitano o nome de Kar-Allyum, de que deriva por obvia etimologia o calão português mais carregado de interditos e de sexualidade como adiante se verá.
Kar-Allyum, “alho porro (< Esp. pollo < Apollo?)” > Carallium.
Claro que Ceres foi antes de mais a filha da Deusa Mãe da fartura alimentar, primeiro em caça e depois cerealífera, Deméter (< Dia Mater) na Grécia e Ati Cel na Etrúria.
Aka < *Kaki > Ati > Tia > Thia > Dia etc...
Etrusc. Cel < Lat. Cer(es) < Grec. Ker < *K(a)ur
                            El < Hel(ios) < *Her- > Grec. Hera.
                                   Tel(lus) < *Tel- < *K(a)ur > Grec. Ther(a) > *Ter- > (Ma)ter > Ter-ra (> «terra»).         Belona < *Bel- ó Sumer. Wer > (Prima)Vera.
=> *Pher- > Ger- > Xer-, etc.
By that time I had heard many stories about the Indonesian rice goddess Dewi Sri and her divine consort (and brother) Joko Sedana. (…) In Bali, the rice goddess is formally known as Betari Sri Dewi and her consort is Betara Sedana. -- USING ART TO TEACH CULTURE Rice in Asia By Roy W. Hamilton
Sri < seri < Ker (-ish) > Ceres
                           > (Deme < *Kima)-Ter
The Japanese deity for rice, Inari, is worshipped in many different forms. One is an old man who carries sheaves of rice on a pole over his shoulder. Another is the Buddhist bodhisattva Dakiniten, depicted riding on a fox. As Inari’s messenger, the fox is closely associated with rice agriculture. USING ART TO TEACH CULTURE Rice in Asia By Roy W. Hamilton.
Inari < In-Hari < An-| Kali < Kar > Ker.
Dakiniten < Dakini-ten.
Sedana < Shet-Anu < *Shakanu ó *Dakanu > Dakini.
                                                      > «Sacana»
             < Hadanu > Adónis.
Como Damkina era a esposa de Enki podemos postular que Dakini-ten era o deus cobra da agricultura Dakini, também conhecido no médio oriente como Dagon. Sendo assim, Joko Sedana era este Set / Dagon enquanto variante de Enki. De qualquer dos modos, Atena enquanto variante de Koré fica perfeitamente identificada na sua relação tanto fonética quanto semântica com o deus indonésio Sedana, foneticamente semelhante ao nome da deusa do mar do Ártico. Na verdade, Atena foi virtualmente esposa de Poseidon e, por isso, deusa marítima, como só poderia ser enquanto mito originário da talassocracia cretense.
A woman in southern India showed me how she brought her freshly cooked pot of rice every day to her prayer room, where she keeps a small statue of the goddess Annapurna (whose name means “everlasting food”). There she asks the goddess to bless the rice. USING ART TO TEACH CULTURE Rice in Asia By Roy W. Hamilton.
Annapurna < | Anona > Inana| Kur-an => Etrusc. Anna Perenne.
Anna Perenna. An Etruscan goddess who ruled human and vegetative reproduction. Goddess of the passage of years, the personification of the succession of the years.
Annona = Annona (from Latin annus, year), in Roman mythology, is the personification of the produce of the year. She is represented in works of art, often together with Ceres, with a cornucopia (horn of plenty) in her arm, and a ship's prow in the background, indicating the transport of grain over the sea.

SEGETIA

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Figura 11: R/DEAE SE-GETIAE. Segetia, coiffée d'un nimbe radié debout de face, les bras tendus dans un temple tétrastyle à fronton triangulaire coupolé. Segetia serait, d'après Hill, une ancienne déesse latine assimilable à Cérès qui aurait possédé un autel près du Cirque Maxime.
Esta deusa manifesta-se numa rara postura de deusa entronizada no seu templo o que permite suspeitar que tal não terá sido por mero acaso uma vez que existem fortes similitudes entre Ceres e Cíbele.
E-gesta - Sicillian Goddess of Grain. E-geria - Etruscan Goddess of Fountains, she possessed the gift of prophecy. *Saga, Cecea-igi = deusas ibéricas.
Seia era uma deusa Indigetes romana de que velava pelas sementes semeadas mas ainda não nascidas e que teve também o nome de Segia – Deusa adorada pela aristrocacia Lusitânia.
Sege-tia => «segetal» < Lat. segetale, adj. relativo a searas => «sega» > «segada» = «ceifa». Dito de outro modo,
Segetia = Sege-Teia < Caca-Deia = deusa *Segea (> *Kephia >) «ceifa», de que era a protectora < Kikeia > E(s)-ge-sta > «Gesta» ó Vesta > Hesta.
                                     < E(s)-ge-ria.
«Espiga» < Lat. spica < *Ishphica < Ish-Kika, lit. «filha de *Segea, a Sr.ª das searas ou do centeio < Micenic. *Ki-Keja.
De Sege-tia deviva seguramente o nome do «centeio» de quase todos os falares de mais intensa influência greco-romana.
Arabic:
جاوْدار
French:
seigle
latin
sĕcāle


Czech:
žito
German:
roggen
Latvian:
rudzi
Russian:
рожь
Danish:
rug
Greek:
σίκαλη
Lithuanian:
rugys
Slovak:
žito; raž
Dutch:
rogge
Hungarian:
rozs
Norwegian:
rug
Slovenian:
English
rye
Icelandic:
rúgur
Polish:
żyto
Spanish:
centeno
Estonian:
rukis
Indonesian:
gandum hitam
Portuguese
centeio
Swedish:
råg
Finnish:
ruis
Italian:
segale
Romanian:
secară
Turkish:
çavdar
It. Seg(ea)-ale < Lat. Secale < Grec. Sicale < Kikelle < Micenic. *Ki-Keja.
                                                                                       > Cibel.
Figura 12: Matri Magnae.
Um mero aumento da procura de pão, como é o caso da explicação corrente para o fenómeno histórico do começo da agricultura, não faz muito sentido primeiro, porque corresponde a uma petição de princípios que sempre poderiam ter acontecido mais cedo e depois, porque, sob o ponto de vista económico, deixa de lado a questão da mais valia que explicaria a motivação socio-económica para o investimento intensivo, particularmente novo, na cultura
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cerealífera, quiçá ainda antes de grandes descoberta no fabrico de pão fermentado.
Cibel < Kiwer, lit. «a que transporta a terra» < *Ki-Kur lit. «a terra montanhosa» > Kigal, «a grande rainha dos infernos». Desde logo,
Grec. Megara < Ama-Ki-ur + An => Macarena > Magarna > Magrna > Lat. Magna? Ou, muito mais natural e simplesmente,
Magna < Ma-Gina | < kina < Ama-Ki-(ur) An, a Grande Deusa Mãe, como se o étimo latino tivera perdido o étimo -ur-, e a conotação guerreira que só com Cíbele viria a retomar, logo na origem.
No entanto, o nome de Ceres manteria parte desta conotação!
Para que ficasse explicada a razão que levaria toda uma sociedade a investir no cultivo intensivo de cereais, para além do necessário para a sua própria subsistência, seria necessário aceitar que tal sociedade seria capaz de representar tal atitude como vantajosa para si própria ou seja, como uma mais valia intuitiva e natural. Ora, pressupor para o começo da história a percepção empírica das leis do capitalismo moderno seria pura e estulta petição de princípios. Na verdade, para que fosse rentável, nos alvores da história, uma agricultura intensiva com técnicas primitivas, ainda antes de haver um comércio agressivo como seria no caso da história dos fenícios, por exemplo, teria que haver adicionalmente algo mais do que fome e penúria económica generalizada, como seria o caso duma situação de aumento de procura de cereais para fabrico de pão em consequência dum brusco aumento da população no final da época glaciar. Na verdade, aumentos bruscos de população podem gerar outros tipos de progressos mas, só por si e sem uma outra qualquer mais valia adicional, económica ou cultural, são apenas geradores de catástrofes ecológicas e humanas.
The Romans recognized a triad consisting of Ceres, Liber, & Libera, where Ceres corresponded to Demeter, Liber to Dionysos, and Libera to Persephone (Kerényi, 148).
Liber =
Ri < Ur
-Wer < Ker


Ki
-Wer < Ker
= Cíbele

CENTEOTL

Seriam os Azetecas colonos hititas que, depois de sedeados nas terras da Lusitânia, retinham o nome do «centeio» sem saberem sequer da sua existência?
De qualquer modo o nome deste deus azeteca dos cereais é mais uma das provas da flagrante analogia entre a mitologias das duas margens do Atlântico o que pode explicar-se por muitos motivos menos os que impliquem o postulado de as Américas terem sido descobertas pela primeira vez por Colombo! O mais provável é que tenha sido descoberta por povos ibéricos vezes sem conta tanto ao longo do paleolítico superior quanto de todo o neolítico. No entanto, os ocidentais mais próximos dos astecas seriam descendentes anatólicos italiotas etruscos, pelo menos assim parece a julgar pelas analogias semânticas com um deus «sentieiro» etrusco.
The boundary-stones which determine the limits of fields are believed in Tuscany to have in or attached to them spirits called Spiriti dei sentieri, which means, however, "spirits of the paths," or lines of demarcation. It was, however, distinctly asserted that they lived in the stones. "And if any one removes them the spirit will quite ruin him." The single spirit is a sentiero. This spirit is exactly the Terminus of the Romans, or the divinity of the boundaries. Fearful penalties were attached to the removal of such landmarks. -- Etruscan Roman Remains in Popular Tradition by Charles Godfrey Leland
Sob o ponto de vista semântico este deus parece não ter nada a ver com as “terras centieiras” do Alto Douro, porque o termo em português parece ser Sentieiro e um mero patronímico, possivelmente derivado do nome italiano das veredas e caminhos rústicos que ladeavam as terras de semeadura. Na verdade os topónimos Centieira / Centieiros são suspeitos de serem corruptela de “Sentieiro”. Corruptelas ou não, a verdade é que se seria fácil aceitar italianismos em patronímicos já é mais difícil aceita-los em toponímias e muito menos em formas ressonantes com as terras de semiadura de centeio.
Diz-me Alvarellos (3ª ed., 1951) que "senra" é "uma herdade ou porção de terra de cultivo". e diz-me tamém que "serna" é "o trabalho de cultivo gratuito a que os vassalos estavam obrigados, na Idade Média, nas terras dos seus senhores". daí, infiro eu, "terra sernada" ou "terra assernada" ou "acernada". Por seu turno, Ballester (1997) diz-me que "serna" é o mesmo que a "senra" galego-leonesa e a "seara" galega, isto é, deriva da palavra latina "senara" cujo significado aproximado é "porção de terra de semeadura". Machado (3ª ed., Vol. 3, 2003) acha que "senra" provém de "serra". Pelo que conheço do mundo rural, vou por Alvarellos e Ballester. -- Topónimos Galego-Portugueses e Brasileiros - Letra C, por jose cunha-oliveira
Assim sendo se a mansio, que deu mansão e provocou a ressonância de Monsão por Monte Santo, teve senra por seara serrana muitas outras ressonâncias têm existido na evolução linguística, tais como Centieira por “terra de semeadura de centeio” porque o povo falante também vai fazendo as suas etimologias intuitivas por semelhança o aquilo que lhe parece e soa bem! E com esta desculpa voltamos às sendas de sendeiros centieiros tão pobres como terras de centeio! Na verdade, a escavação etimológica entre cascalho e muita ganga mostra de vez em quando pedras semi-preciosas que algumas vezes se parecem com jóias verdadeiras mas como quem faz o sentido é o uso e abuso das palavras começamos a acreditar que os sendeiros são gente desprezível e sevandija que anda a cavalo de burros ruins porque andam por sendas de centeio e cevadilha e não por searas de loiro e dourado trigo! A mesma semântica de terras de fraca semeadura teria existido na Toscânia etrusca precisamente na região de Creta, ou seja no local que na idade média ficou com o nome de deserto de Acona. Ora, por mais estranho que pareça a verdade é que é mesmo assim: os povos dão sobretudo valor ao pouco que têm e lhe custa a cuidar e assim seria por estes locais de cultivo de pobres e escravos em que cada leira de terra seria marcada a palmo e defendida com o patrocínio das pregas dos deuses fálicos que eram Ermes Propileu e Terminus, ambos possivelmente também deuses do centeio e da cevada e da cerveja que com estes se fazia.

Ver: APLU (***)

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Figura 13: Centeotl.
In Aztec mythology, Cen-teotl was the corn god. He was a son of Tlazol-teotl and the husband of Xochi-quetzal.
Centeo-tl = Cinteotl – «O Deus do cereal» = Cen-teo-ter < Teo Cente-Ur, lit. «deus Centauro» < Centeo-tl = «Cente(i)o»-Tel, lit «Tel(us) do centeio», ou «o altíssimo *Centeioteiro > o (deus) «cente-eiro»?
«Centeio» < ??? Lat. centenu, (sc. hordeu, cevada) que produz o cêntuplo), s. m. planta gramínea cerealífera.
No limite Cen-teo(tl) era literalmente o deus *Cen do «centeio», cereal mais abundante na Lusitânia e que na meso América era substituído pelo milho.
Pois bem, veremos de seguida que existiu um deus ibérico com um nome parecido com este. Obviamente que, se o centeio era em latim hordeu, o latinismo centenu ou seria um plebeísmo em baixo latim ou não teria sequer existido. De facto, o mais provável será derivar dum termo autóctone uma vez que este cereal seria o que melhor se adaptava às regiões mais húmidas e frias da Europa celta, e por idênticas razões, da ibéria atlântica.
A analogia do «centeio» com o Lat. centenu (= cêntuplo), que, na mesma lógica simbólica da teologia cristã das boas obras, poderia ser atribuído genericamente a todo o cereal, tal como veio a servir de pretexto para o nome do milho (< Lat. miliu), seria aqui um mero reforço semântico, meramente contingente. A verdade é que, pelo contrário, pode ser o latino centu- a derivar duma semântica muito mais arcaica que tenha sobrevivido no extremo peninsular com a mesma pertinácia da língua basca. De facto, sendo quase certo que os primeiros cereais a serem utilizados na agricultura neolítica foi o centeio e a cevada, muito se estranha que os termos ibéricos destes cereais nada tenham a ver com a etimologia latina enquanto quase todas as diferentes línguas românicas manifestam uma certa unicidade na sua relação com o latim a respeito do nome destes dois cereais. Apesar da forte latinização da península o facto de os nomes latinos destes dois cereais ter aqui permanecido pode dever-se por um lado a maior importância que o trigo veio a ter na exploração extensiva que os romanos levaram acabo no sul de Espanha depois porque, a norte, estes cereais seriam cultivados desde os primórdios do neolítico pelos povos rurais autóctones que vieram a ser menos romanizados e que permaneceram arreigados aos seus falares próprios na medica em que o romanos nada de novo lhes traziam e este respeito.
Muitas cadeias etimológicas evoluem por ressonância fonética: as palavras transformam-se foneticamente conforme as semelhanças com aquilo que se parecem, sobretudo quando os falantes já esqueceram a raiz semântica das palavras que usam. Restos fósseis deste étimo c/ken-, com a semântica granular parece ter sobrevivido no grego Kenchros.
Kenchros, ho (also hê, Arist.Ph.250a20, Dieuch. ap. Orib.4.7.15, Glauc. ap.POxy.1802.42, Dsc.2.97, Gal.6.791, Jul.Or.3.112a, Iamb.VP24.106) A. millet, Panicum miliaceum, usu. in pl., Hes.Sc.398, Hdt.4.17, Hp.Acut.21, X.An.1.2.22, etc.: sg., Hecat.154 J., Hdt.1.193, Thphr. HP1.11.2, al., OGI55.15 (Telmessus, iii B.C.); of a single grain, Hdt.3.100, Plot.6.3.11, prob. in Sapph.Supp.1.13:-- also kerchnos , Anaxandr.41.27, Gal.18(1).574; cf. kerchnôma, kerchnê.
O mais provável será que a semântica derivaria duma deidade dos cereais das ibérias que seria *Cendo-e-dia. Esta deidade não teria vindo da Anatólia porque ali a deusa da cevada era:
Halki = The names means barley so this is the Hittite barley god.
Halki ó Haldi <= Karki(ki) < Kur-ish > Kerish > Ceres.
                                                < Ishar > Shara > Shala.
Figura 14: Grabado del periodo seliúcida (siglo II a.C.) donde vemos una representación de Virgo, en la figura de la diosa Shala sosteniendo una espiga.
Shala: diosa madre de probable origen Hurrita, fue muy importante en Anatolia y Siria, donde aparece como esposa del dios Dagan, agricultor e inventor del arado.
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En Mesopotamia sería también popular la tradición que la hace esposa de Adad. Como deidad asociada a la fertilidad y a la agricultura, su símbolo era la espiga de cebada. La constelación de Virgo procede precisamente de la constelación mesopotámica Absin, "el surco de la siembra". La estrella principal de esta constelación, todavía hoy retiene su nombre original: Spica, en latín "la espiga".
Picus = antiga deidade romana da agricultura, filho de Saturno e pai de Silvanus; Era tão bonito que todos os que o viam se apaixonaram por ele. Possuiu também o dom da profecia. Foi transformado em Pica-pau quando rejeitou a paixão de Circe.
A relação fonética da deusa hitita da cevada com o deus solar de Urartu, Haldis, não deixa de ser uma poética metáfora de louras espigas de cereal ao sol!
Spica seria um sobrenome de *Ish-Pica, literalmente esposa do deus Pico, adorado na Lusitânia como Picio e que mais não seria que uma variante de Adónis / (Ba-)Kiko, tal como Circe neste mito seria uma corruptela, por mera ignorância recente, do nome de Ceres. Assim, Virgo seria afinal a sempre Virgem Mãe primordial.

Ver: HADES (***) & DAGON

Virgo < Wir | < Kir < Kur | -tu ó Istar.
Confirma-se também que Adad, deus das tempestades e dos terramotos como Iskur, seria também um deus infernal, ou seja mera variante de Enki-Kur, e, tal como se suspeita a respeito da origem do nome grego do Hades, seria Dis Pater, deus do Ka dos mortos, senhor dos infernos e detentor do poder da ressurreição primaveril.
Não sabemos se esta deidade, que a arqueologia ibérica consegue identificar, seria ou não homóloga de Ceres mas é possível pressupor uma etimologia que iria desta deidade ao deus azeteca. Pelo contrário, o termo latino para cevada parece ser também uma tradução não literal do nome da deusa ibérica *Cendoedia, de escassa referência e da qual nada se sabe. Mas existe um deus lusitano que parece ter sido o segundo maior em importância, logo a seguir ao casal marcial Aren-cio / Aren-cia, que foi o deus Quan-geio ou *San-Gaio.
Quan-Geio (Quangeius, Kuanikio) – Deus criador, da fertilidade, dos campos e protector dos animais. É o terceiro Deus mais importante do Panteão nacional dos Lusitanos.
Quan-Geio < *Kuan-Hikio > Quen-teio => *Cendoe-dia
                   ó Sawetia, lit.”*Sabeia a deusa da sagacidade” > Cit. Sabiti.
      Segetia = Saga-Teia, < *Caca-Deia.
Lat. hordeu < Kor-Deus ó *Ker-Deia = Deméter ó Ceres.
                       Ki-Antu > *Kento-Deia > Cendoedia
                                       => Cynthia ó Shyntia, lit. «terra da Deusa Mãe do centeio?»        Banda < Bentu ó Ki-An-Kika > Wenusha > Vénus.
Cendoedia < Centho-deia ó Cen-teo-(tel).
«Cevada» < cevar < Lat. cibare, (= alimentar) < Kiwer > Cíbele.
«Aveia» < Lat. avena < Hawena < Kaki-Ana.
«Trigo» < Lat. triticu < (Anphi)tritiku ó Ishtar.
Podemos então inferir que a deusa dos cereais teria sido, além da Deusa Mãe de todos os nomes conhecidos, a deusa Caca, Ker, e Ki-Antu. Ou seja, Deméter, a Deusa Mãe de Korê, era de facto uma mera variante de todas estas deidades. Por outro lado, é obvio que *Cendoedia poderia ser irmã de Centeotl com quem partilhava o étimo *Cen / *Centu pelo que mais não seria do que uma variante local e ainda arcaica da mui adorada Banda dos ibéricos e homóloga de Vénus. De facto se Vénus, esposa de Fauno, não foi mãe do cereal foi, do «feno».
«Feno» < Lat. fenu, s. m. erva ceifada e seca para alimento do gado.
A final, o politeísmo só se torna complexo e equívoco quando se começou a perder o rasto étmico da unidade linguística original de todos os nomes de Deus, particularmente da Deusa Mãe primordial.
E mais uma vez é a mitologia hitita que pode estabelecer o rasto étmico entre a mitologia oriental conhecida e a cultura ibérica que terá sido levada para a América pré-colombiana. De facto, Telepinus foi um deus de fertilidade agrícola hitita.
Telepinus = He is like Tammuz, a fertility god. He becomes enraged for reasons unknown and storms off into the stepp lands where he falls asleep. Draught and famine ensue. He was brought back by a Bee, after extensive searching by the gods had failed. Son of Teshub.
Para us = ush = at = tu, temos que:
Tele-pinus = Phinush-tele lit. altíssimo «Feno» < *Cen-teo-tel > Centeotl.
                                          Coniraya < Koniraja < *Cen-(teo)Urash
Da Anatólia até ao Iucatão o sufixo -tel manteve-se quase inalterado o que constitui uma suspeita credível sobre a origem recente e anatólica dos azetecas. Porém, esta relação etimológica transatlântica entende-se até aos incas que terão tido por deus equivalente Coniraia.
Dans la tradition Quecha, Coniraya est le dieu créateur de toutes les choses et en particulier de l'agriculture. Mais il se présentait sous l'aspect d'un clochard. Il tomba amoureux de la belle déesse vierge Cavillaca. Comme elle ne faisait pas attention à lui, il lui offrit un fruit qu'il avait imprégné en secret de son sperme. Cavillaca tomba enceinte et donna naissance quelque mois plus tard à un enfant mais la honte fut telle qu'elle préféra se changer ainsi que son enfant en rocher que d'être la femme d'un clochard.
Cavilaca < Ka-Wir-aca = Aca Ki-Wel = Deusa Mãe | Cibel < Ki-Ki-ur, a Sr. da dupla montanha da aurora.
Ora bem, Cavilaca não foi senão Cibel, a Virgem Mãe anatólica. Assim, não deixa de ser sugestivo o facto de esta deusa se ter transformado em pedra depois do parto o que se parece com uma retórica mítica justificativa da sua natureza de Deusa Mãe Terra. O filho desta deusa mãe não seria senão o «deus menino» solar que como Mitra nasceu como rochedo, exactamente como todos os deuses onfálicos e ictifálicos primordiais, desde os megalíticos menhires ao ermas gregos e ao hitita Ulikummis, literalmente o «cume» dos montes! O mito da oferta do fruto impregnado de esperma deve não deve ser uma originalidade inca porque sugere tanto o fruto proibido do génesis como a maçã de Afrodite.
Ulikummis: Son of Kumarbis. He was made to oppose Teshub. There is also mention that he destoys some of mankind. However, he is actually described as being blind, deaf, and dumb; as well as immobile. He was made of stone and placed on Ubelluris' shoulder to grow.

Ver: CENTAUROS (***)


[1] New Clues Show Where People Made the Great Leap to Agriculture, November 18, 1997, By JOHN NOBLE WILFORD.
[2] THE FIRST CITIES: Why Settle Down? The Mystery of Communities, Michael Balter
[3] Brewing an Ancient Beer.-- From: sageprod@justcomp.com (Steve Gilford), Newsgroups: alt.beer. Subject: Sumerian Beer. Date: Thu, 12 May 94 01:30:39 PDT.
[4] de que os médicos de saúde pública ainda hoje são herdeiros pelo menos nos aspectos caricatos das actividades de fiscalização sobre as «retretes e os croquetes».
[5] Como o homem selvagem era guerreiro por condição e não por escolha a prostituição será de facto «a mais antiga profissão do mundo» enquanto começou por ser um empreendimento subsidiário da indústria militar na medida em que as prostitutas eram as escravas que os guerreiros capturavam e reservavam para o seu serviço privado e depois exploravam economicamente quando estas deixavam de os cativar (como a escrava de Aquiles confiscada por Agamémnon)! Este costume não teria sido de facto inventado pelas castas militares porque estas ter-se-ão limitado a abusar da instituição já existente da «prostituição sagrada».

Ver: ISHTAR (***)


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