segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

LABARU, O MITO FUNDADOR E A LEGITIMAÇÃO POLÍTICA, por Artur Felisberto (arturjotaef@netcabo.pt)

 

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Figura 1: Em 1644, na primeira impressão das Chronica del Rey Dom Ioam I de boa memoria de Fernão Lopes (em conjunto com a Tomada de Ceuta, de Zurara), foi estampada na folha de rosto uma gravura que reproduzia a dos Tropheos lusitanos.

Nessa estrutura, um novo elemento (não presente nas crônicas quinhentistas) era o sonho de Afonso Henriques. -- Luís Filipe Silvério Lima, Imagens e figuras de um rei sonhador.

No centro do detalhe, acima do campo de batalha, o príncipe, vestido com sua armadura, está ajoelhado, olhando para a cruz no céu, que o ilumina com raios. Atrás dela, uma capela, a ermida na qual o Ermitão tocou o sino.

Na virada do século XVI para o XVII, constituiu-se a forma final da narrativa do Milagre de Ourique, considerado o marco de fundação do reino desde o século XV. A partir do Juramento de Afonso Henriques, prova documental forjada para legitimar o Milagre, estabeleceu-se uma narrativa especular de augúrios, visões, previsões, que anunciavam ao mesmo tempo em que confirmavam a aparição de Cristo no céu do Campo de Ourique e a eleição do povo português.

Como se não bastasse de mistura profética de sonhos e vaticínios de ermitãos a lenda vai ser aumentada ao sabor dos desejos da monarquia restauracionista o que prova que este mito, como o dos lusíadas só apareceu no sec. XVII.

A ideia de milagre ligado a esta batalha surge pela primeira vez no século XIV, muito depois da batalha. Ourique serve, a partir daí, de argumento político para justificar a independência do Reino de Portugal: a intervenção pessoal de Deus era a prova da existência de um Portugal independente por vontade divina e, portanto, eterna.

A primeira imagem do milagre de Ourique está na "Genealogia do Infante D. Fernando" (1530-1534), encomenda do infante para o iluminador flamengo Simão Bening, em cima dos desenhos de António de Holanda.

Na verdade, foi com a Primeyra Parte da Chronica de Cister (1603), do alcobacense Bernardo de Brito, que se desenvolveu completamente pela primeira vez o carácter, ao mesmo tempo, missionário e imperial dado na eleição e de estabelecimento e manutenção do reino do Milagre, o que poderia ser considerado um terceiro – e definitivo – momento na construção da legenda.

“A lenda conta que um pouco antes da batalha, D. Afonso Henriques foi visitado por um velho homem que o rei já tinha visto em sonhos e que lhe fez uma revelação profética de vitória.”

Assim: “Contou-lhe ainda que "sem dúvida Ele pôs sobre vós e sobre a vossa geração os olhos da Sua Misericórdia, até à décima sexta descendência, na qual se diminuirá a sucessão. Mas nela, assim diminuída, Ele tornará a pôr os olhos e verá." O rei deveria ainda, na noite seguinte, sair do acampamento sozinho logo que ouvisse a sineta da ermida onde o velho vivia, o que aconteceu. O rei foi surpreendido por um raio de luz que progressivamente iluminou tudo em seu redor, deixando-o distinguir aos poucos o Sinal da Cruz e Jesus Cristo crucificado” que terá dito In hoc signo vinces, (com este sinal vencerás).

Contudo, esse pormenor foi interposto mais tarde na narrativa, sendo quase que literalmente decalcado da narrativa da Batalha da Ponte Mílvio, opondo Maxêncio a Constantino o Grande, segundo a qual Deus teria aparecido a este último dizendo IN HOC SIGNO VINCES. Isto significa apenas que os cronicões alcobacenses e coimbrões pelo menos liam a história Eclesiástica do bispo troca-tintas, Eusébio de Cesaréia.

Mas também afinal o célebre “in hoc signo vinces” de Costantino não passa de “una pia leggenda cristiana, tramandata prima dall'apologista cristiano Lattanzio e poi dal vescovo Eusebio di Cesare”.

É formado a partir das letras gregas Chi e Ró, iniciais de Χρ-ιστός (“Cristo”, em grego).

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Figura 2: O lábaro de Constantino.

Figura 3 Ptolemeus III, 247 - 222 BCE

Note that the this alleged Christian symbol was originally a pagan emblem “known in antiquity”. What that means is that the reference to Plato’s Timaeus in the next paragraph reveals that the ChiRho, or Labarum, was a well known pagan symbol … nearly 400 years before the “Christian” era!

Embora as representações modernas do sinal chi-rho sejam duas linhas que se cruzam em ângulos de noventa graus, os primeiros sinais da cruz do lábaro eram num ângulo mais fechado e mais vividamente representante do chi formado pelo cruzamento da elíptica solar com o equador celeste. Esta imagem é muito familiar no Timeu de Platão, onde é explicado que as duas bandas que formam a alma do mundo (anima mundi) se cruzam com a letra chi. Quanto à descrição de Platão sobre o Lábaro no Timeu, Justino Mártir, o apologista cristão escrevendo no segundo século, encontrou uma prefiguração da Cruz, e um testemunho precoce pode ser a frase na Didaqué, "sinal de extensão no céu" (semeion ekpetaseōsen ouranō).[1]

Portanto, quem trouxe o antigo símbolo astrológico pagão para o cristianismo não foi Constantino mas erudito Justino Mártir.

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Figura 4: Cristograma na igreja românica de Santa Maria de Coll, Vall de Boí, Espanha.

Neste símbolo o P representaria seguramente o pólo Norte e o S cifrado a constelação cobra e possivelmente o pólo sul celeste.

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"However, the symbol was in use long before Christianity, and X (Chi) probably stood for Great Fire or Sun, and P (Rho) probably stood for Pater or Patah (Father). The word labarum (labarum) yields everlasting Father Sun." (…) A etimologia da palavra antes de ser usada por Constantino não é clara.

De acordo com Lactâncio, Constantino sonhou com este emblema e uma voz dizendo “Com este sinal vencerás” (In hoc signo vinces).

Ao acordar ordenou aos seus soldados que pusessem o emblema nos seus escudos; nesse mesmo dia lutaram contra as tropas de Magêncio e ganharam a Batalha da Ponte Mílvia (312), fora de Roma.

The history of the cross and crucifix can be traced back to the time of Constantine. Before this time, the fish was the most common symbol of Christianity. It was innocuous to the casual viewer, it represented the life giving qualities of the Messiah, and even its Greek name was associated through the Greek Isopsephia technique in giving further meaning to each letter of the Greek word for fish. ΙΧΘΥΣ or using the Latin alphabet ICTUS, which served as an acronym for ησος Χριστός, Θεο Υός, Σωτήρ or Jesus Christ, God Son, Savior. Early Christians would use making the symbol of the fish as secret handshakes are used today. If a Christian wanted to know if the person they were speaking to was also a Christian they would draw an arc with their foot on the ground, if the other person was a Christian they too would draw an arc with their foot. What could be seen from the air was a fish. After the fish was seen by both, the one who drew the first line would casually erase it as proof that this was not an accident. Early scratching from the first century of Christianity clearly show the use of ΙΧΘΥΣ as proof that Isopsephia consisted of the first initial of each word. In fact this phrase became so important to early Christianity that they encoded into a wheel with 8 spokes by overlaying the letters on top of each other. Many have called the eight spoke wheel, the Wheel of Life. – The Beast in the Mirror, A journey to find the Antichrist By Theodore Three Bears.

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Com um pouco de sorte, ficamos a saber que, afinal o que Constantino queria dizer seria apenas isto: “com a ajuda dos bravos mercenários cantábricos seria certa a sua vitória”. Os cristãos, que já eram maioritários na corrente ariana do exército romano, fizeram o resto ao repararem que afinal, o cantabru tinha a óbvia aparência dum X. O resto seria pura e oportuna imaginação criadora dos soldados cristãos em torno do nome grego de Cristo! O cristograma ou crisma só terá aparecido depois já que o que andava associado ao ictios era apenas uma “roda da fortuna” cabalística.

De acordo com a Historia ecclesiae (“História da Igreja”), o Imperador teve a visão na Gália a caminho de Roma, muito antes da batalha com Magêncio: a expressão como é dada foi “εν τούτω νίκα” – literalmente, “Nisto, vence!”.

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Figura 5: Cuve de sarcophage VI siècle. Décoré d'un chrisme et de pampres de vigne. Il aurait, selon la tradition, contenu le corps de Drausin, évêque de Soissons, mort v. 680.

Numa posterior memória hagiográfica do Imperador que Eusébio escreveu depois da morte de Constantino (“Na Vida de Constantino” 337-339), a visão miraculosa viera quando os exércitos rivais se encontraram na Ponte Mílvia. Nesta versão posterior, o Imperador ponderara a questão lógica de infortúnios que caem sobre exércitos que invocam a ajuda de diversos deuses diferentes, e decidiu procurar ajuda divina na batalha que se avizinhava no Único Deus.

El origen del nombre y del diseño lo encontramos en la teoría defendida por diversos autores de una posible relación entre la génesis del labarum y el estandarte militar denominado cantabrum, con la consiguiente identificación de ambos como una misma cosa; y a la supuesta relación que el Codex Theodosianus establece entre el labarum y los cantabrarii, colegio de soldados romanos encargados de portar el cántabrum. Su significado etimológico, el que habla, hace referencia a su uso como estandarte utilizado para enviar órdenes o señales a la tropa durante la batalla.”

 (…) Los relatos de Tertuliano y Minucio Felix no estabelecen relación, dejando únicamente clara la veneración que las tropas romanas hacían de sus cruces, cubiertas por las telas de los cantabra y vexilia. Según estas teorías, el cantabrum es el estandarte que Constantino I el Grande tras su conversión al cristianismo transforma en el labarum al incluir el crismón, anagrama que representa a Cristo, consistente en las grafías mayúsculas en griego de las dos primeras letras de su nombre, una "X" sobre la que se superpone una "P".

 

LÁBARO

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Figura 6: Estela cántabra de Barros com o labaru.

Figura 7: Lábaru cántabru.

Aparentemente o Lábaro Cantábrico passa despercebido na etimologia labiríntica do machado duplo. No entanto a relação simbólica com uma estela funerária de Cantábria é flagrante!

Quando as etimologias correntes são discutíveis outras podem legitimamente ser propostas. A verdade é que o “lábaro cantábrico” não será senão uma variante cantábrica do lauburu Basco.

Assim, a relação entre o labris e o machado duplo é meramente formal porquanto relacionada com os cultos astrais de Deusa Mãe.

Labr(is) ó Eskadic. Labaru < *Ra-War < Har-Kar

< Kur-Kur, “Os montes da aurora”!

El Lábaro cántabro o Lábaru cántabru es el nombre que recibe la interpretación moderna de un antiguo estandarte militar conocido por los romanos como cantabrum. Este consiste en un pendón de tela de color púrpura sobre el cual está bordado un círculo rodeado de una decoración geométrica con cuatro crecientes lunares enfrentados dos a dos.

Obviamente que os eruditos oficiais se têm enganado a respeito da origem do nome e significado do labaru cantábrico por terem reparado apenas no mais óbvio.

(…) El lábaro (< latín. labarum-i < griego lábaron) era un estandarte que usaban los emperadores romanos. – Wikipedia.

(…) Aunque la etimología del término es discutida, se suele aceptar que proviene de laureum (laurel), aunque otros lo asocian al término céltico llafar (hablar).

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Figura 8: El lauburu.

Asimismo el antropónimo Labaro ya existía entre los antiguos cántabros, habiendo sido recogido en lápidas funerarias.

También conocido como cruz vasca, es uno de los símbolos recientes (siglos XVI al XVIII) y más representativos actualmente de la cultura vasca, aunque su uso en estelas funerarias vasconas se remonte a los primeros siglos de la Edad Media (VII-VIII). – Wikipedia.

Mari (mári), Ma®ia (mái-a) o Ama-Lur (áma = madre; lur = tierra) era la diosa suprema de la antigua religión vasca, su símbolo cósmico era el sol, y su representación gráfica, el disco solar llamado lauburu (laubúru, o tetrasquel). -- La Historia del Euskara.

El lauburu es el nombre que recibe en euskera la cruz Sauvástica de brazos curvilíneos. Este símbolo se encuentra también muy frecuentemente entre las representaciones artísticas de otros pueblos europeos, como celtas y germanos, así como en dibujos y tallas visigóticas. Asimismo, pueden verse lauburus grabados en hórreos asturianos y gallegos (como por ejemplo en Grullos, Quirós y Piornedo), siendo denominados en este caso simplemente "tetrasqueles"

 

CRUZ CELTA

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Figura 9: Variantes estilísticas da cruz celta que espontaneamente revelam a evolução significante deste símbolo do nacionalismo católico irlandês desde as suas origens nos quatro crescentes lunares do tetrasquel cantábrico atravez da lenda do trevo de quatro folhas.

Quando os eruditos não investigam, não sabem e como não sofrem com a Natureza do horror ao vácuo preferem confessar uma cínica e duvidosa ignorância misturada com supostas etimologia discutíveis a largarem mão do preconceito dos falsos cognatos. É evidente que o tetrasquel celta é uma herança famoira megalítica dos tempos arcaicos anteriores à gigantomaquia da idade do bronze em que a cultura ocidental era toda uma dos gelos nórdicos às pradarias do Sara.

Por isso se suspeita que o laubaru basco fosse uma variante do trevo de quatro folhas da Irlanda que terá tanto a ver com S. Patrício como a “cruz celta”.

Mas os eruditos católicos são peritos em tornear as questões delicadas:

Esencialmente no es sino una cruz cristiana con el significado que le es propio. La finalidad del anillo, sin embargo, continúa siendo un misterio en torno al cual se ha especulado mucho. (…)

Una leyenda popular en Irlanda afirma que la cruz "celta" fue introducida por San Patricio u otro santo irlandés durante la evangelización de los paganos de la isla, pero no subsiste ninguna cruz procedente de esa temprana época.

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Nomes alternativos da Suástica: "Cruz torta", "Cruz Gamada" (ou "em ganchos")

Alemão: Haken-kreuz; Dinamarquês: hage-kors; Neerlandês: haken-kruis; Esperanto: hoko-kruco; Estoniano: haa-krist; Finlandês: há-karisti; Húngaro: horog-kereszt; Islandês: haka-kross; Italiano: croce uncinata; Norueguês: hake-kors; Romeno: Cruce în-câr-ligată; Sérvio: kukasti krst; Sueco: hak-kors;

Além destas, algumas outras expressões são também utilizadas, tais como:

"Roda do sol", no dialeto alemão "Sonnenrad";

"Quatro pernas", em grego; Τέσσερα πόδια.

"Martelos de Thor", em associação como o mito nórdico do deus do trovão; "cruz do trovão", no lituano, etc.

De forma quase infantil e redundante está a querer dizer-se que a cruz celta é apenas uma variante estilística da cruz cristã atirando-se com a sua singularidade para as costas largas de S. Patrício sem indagar sequer como pode este santo ter transformado um improvável trevo de quatro folhas numa calvário de pedra intrincadamente lavrada.

Depois, com o maior descaramento do mundo confessa-se o crime do plágio em nome da maior glória de Cristo para por fim banalizar a situação com o recurso a um deus ex maquina racionalista retira-se qualquer mérito ao à tradição do paganismo.

Acredita-se piamente que São Patrício usou o “trevo de três folhas” para explicar de forma trivial aos pagãos da Irlanda o invulgar mistério da Santíssima Trindade e, no entanto, é o trevo de quatro folhas que se procura no dia de São Patrício como sinal de boa sorte e…símbolo do dia de S. Patrício! É evidente que o “trevo de quatro folhas” é o alter-ego da cruz celta e a sobrevivência oculta do laubaru basco da arcaica tradição paleolítica.

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Figura 10: S. Patrício num ícone bizantino onde o trevo tem quase a forma de cruz latina comprovando que a lenda do “trevo de quatro folhas” mais não é do que uma forma de ocultar pela confusão do trivial o estranho símbolo solar da cruz celta.

También se dice que San Patricio unió el símbolo cristiano a una representación circular del sol o de la luna, vinculando así el significado de la cruz a la espiritualidad pagana a fin de transmitir mejor su mensaje. Otros consideran más probable un origen en cruces con coronas de hojas o flores en torno a su intersección.

La explicación aceptada por la mayoría de historiadores, sin embargo, resulta más prosaica: el anillo habría sido inicialmente un mero recurso de los escultores para asegurar la estabilidad de las cruces, convirtiéndose luego en un elemento decorativo.

El término "lauburu" procede de las palabras vascas lau = "cuatro" y buru = "cabeza", por lo que su significado sería "cuatro cabezas".

Otras fuentes sugieren la procedencia latina del término. Así, este sería una adaptación popular del vocablo latino labarum, de donde también procedería la denominación de la estela cántabra de origen celta llamada lábaro. No obstante, el Padre Fidel Fita piensa que la relación es la inversa, siendo labarum una adaptación de tiempos de Octavio Augusto de la palabra vasca.

Na verdade lau significa em basco “quatro” e cabeça é mesmo…burua.

Assim sendo, o labris só seria na aparência um machado duplo porque teria sido ritualmente um machado quadruplo e então uma suástica em formação!

Evidentemente que a evolução linguística nem sequer é assim tão simplória! Obviamente que temos que aceitar que lau / la terão que conter o sentido de uma tétrade.

«Um» < Uno < Anu

«Dois» < Duo < Diwo < Kiwe, a deus mãe!

«Três» < Lat. três < Ter-cio < Tarish ó Ishtar, a filha da deusa mãe!

«Quatro» < lat. quattor < Ku(a)-taur ó Gre. Te-tra < Te-Taur, lit, deus Touro = Mino-Tauro < Tauro < Ta-Uro > Ulo > Euscad. lau > minoic. *la.

Claro que a «cabeça» é coisa mais complicada mas também se chega lá!

«Cabeça» < Lat. capitiu < Kaphitu < Kaphtor = Creta < Ker < Kur

(> cabeço do monte > «crâneo») > Wur-ua > *b(u)rus > -bris.

Mais do que um machado duplo seria um machado de quatro pontas, ou picos de monte, variante formal do mesmo símbolo solar / lunar. Seja como for a figura 1 deste trabalho parece reconhecer este óbice ao apresenta um machado de quatro gumes que é simplesmente a duplicação do machado duplo!

No entanto devemos reconhecer que nem as gregas nem a suástica que perece derivar desta se encontravam sistematizadas na pintura de vasos minóica.

Mas as estilizações que decorriam de aspectos astrológicos relacionados mitologicamente com o labaru cantábrico e com a suástica parecem já estar presentes.

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Figura 11: Padrões decorativos da cerâmica minóica.

O machado duplo cretense terá sido então uma mera coincidência formal entre uma forma particular de “machado duplo” de bronze e um antigo símbolo cosmológico da criação do mundo tal como ainda é registada pelos bascos, o ultimo bastião do arcaísmo mítico na Europa. Este símbolo seria afinal formado pelos dois crescentes lunares opostos um ao outro.

Na verdade, para alguns etimologistas a origem do nome do labaru seria, por definição, antiga porque de origem síria.

«Lábaro» < Lat. labaru s. m. estandarte dos exércitos do império romano

<? Assir. labaru = duradoiro, velho, antigo. Longevidade, duradouro.

Assir. baramu = Gravar; selar; multicor; colorido.

No entanto, labaru significava em acádio e assírio velho e antigo e apenas o termo assírio baramu teria algo a ver com estandarte. Se algo nesta teoria está certo então teremos que admitir que ouve confusão entre um estandarte, gravado e colorido, (baramu) de antiga tradição (labaru). No entanto, esta etimologia esbarra com o facto de ser também chamado cantábrico e, neste caso, algo de origem assíria só poderia ter sido para ali levado pelos fenícios durante as guerras púnicas. No entanto o mais provável é que sempre ali tivesse estado e fizesse parte de uma arcaica mitologia relacionada com a poderosa deusa mãe, senhora da Vida e da Morte, que entre os egeus era Ker como era Kali na Índia.

Assim se explica que o labaru basco apareça em estelas funerárias e tivesse andado em estandartes de guerreiros temíveis que mais do que a promessa de vida pela mão da Vitória, transportavam a Morte.

 

O KHANDA DO SIQUISMO

Referências a divindades antigas nas religiões vivas e modernas constituem autênticas manifestações fósseis dentro de sistemas religiosos que a si mesmos se julgam acima de qualquer suspeita de paganismo ou primitivismo religioso. Algumas são tão flagrantes que não podem ser resultado de mero acaso no jogo da evolução semântica.

Religião montesina dos gurus. Esta religião apareceu numa tentativa para manter a identidade cultural hindi debaixo da pressão da “invasão” do monoteísmo islâmico pela mão armada do império mongol. Situados a meio do caminho entre adoradores de Vixnu e o islamismo mantiveram dos aspectos metafísicos e rituais e aproximaram-se da tendência monoteísta veiculada pelos maometanos passando a acreditar num deus único que não sendo Vixnu foi escolhido como sendo Sat Guru o «Verdadeiro Mestre».

Um guru hindu é um mestre como o eram os rabis judeus. Mas nada obstaria que a mestria em causa fosse transcendentalisada como aconteceu com Cristo que passou a Divino Mestre. Sendo assim, o epíteto de Vixnu Sat Guru constitui aparentemente uma escolha dentro da razoabilidade da lógica do pensamento religioso. Porém, estas escolhas raramente são resultado de mero acaso. Sabemos que guru significa mestre mas Sat significaria mesmo “verdadeiro”, no sentido de único e autêntico?

Quando se diz que o sânscrito bodisatva significa “existência iluminada” e o iluminado é Buda (< buddha) então é porque satva é sinónimo de «existência», mas nada obstaria a que  um qualquer raciocínio filosófico elementar estabelecesse que existência => realidade => verdade. Porém, no plano da etimologia se é verdade que sa ti ua < Satyva > satva, onde va- é apenas um infixo de relação, é porque estamos na pista da possibilidade de Sat (< Sati < Sha ki < Ka-ki) ser o mesmo étimo de Sa-turno e significar literalmente “protecção do espírito vital (ka) da terra (Ki)” no sentido de fertilidade e salubridade natural, vindo apenas a obter significados ontológicos do tipo da “verdade e existência do Ser” numa evolução mais tardia do sânscrito.

As traduções destes termos são sempre aproximadas e mais relativas ao contexto do que a uma conotação semântica. Fosse porque o fosse já ou fosse-o por tardia homofonia o certo é que o nome de Sat Guru escolhido para o Vixnu como emblema da nova doutrina já existia como nome de Deus algures no subconsciente cultural do subcontinente indiano.

De facto Sat Guru < Sat Kur an > Saturno > Kaurano.

Kaurano era general nos meios indo-europeus e pode ter passado a mestre de armas entre os arianos que motivaram o hinduismo. Kaurano > kuru (an) > Guru. Que estes piedosos adoradores de Saturno eram admiradores do lado positivo da guerra santa prova-o a sua história agitada e violenta patente nos sues símbolos.

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Figura 32: O Khanda é o símbolo do khalsa. O punhal de gume duplo ao centro simboliza a crença num Deus único assim como a protecção da comunidade da opressão. As duas espadas representam o poder espiritual e temporal.

Porém, este símbolo encobre uma realidade mais subtil referente a uma verdade religiosa muito mais arcaica.

As duas espadas podem ser uma variante do “machado duplo” que era o símbolo da deusa mãe que em Creta se chamou labris (o que deu origem a pensar que o termo «labirinto» daqui derivara mas, o mais natural seria ter sido este que derivou dali).

 

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Figura 29: martelo de Tor, estilização tardia do machado duplo semi-lunar da deusa mãe ictifalizado por sugestões estéticas patriarcais conotadas com o pictograma do feixe de relâmpagos de Zeus.

Ukonvasara é o martelo mágico do deus de trovão finlandês Ukko, e era semelhante ao Mjolnir de Thor. Com o Ukonvasara, Ukko criou o raio. Os pagãos finlandeses levavam o martelos-pendentes no pescoço para serem protegidos por Ukko. Ukko também usou um machado e uma espada.[2] Na mitologia escandinava, Mjolnir (também comumente spelt Mjollner, Mjølnir, Mjølner, ou Mjölner) (pronunciation:[ Mjolnər de IPA]) é o martelo de Thor, o deus de raio, trovão, vento, e chuva.[3]

O poder da deusa mãe das cobras cretenses deve ter sido o protótipo de todas a formas organizadas de culto e de poder neolítico pré-clássico na porção do mondo oriental onde iriam perdurar culturas que teriam sido antigamente colonizadas pelos cretenses. Obviamente que nesta cultura estariam também envolvidos possíveis culturas insulares idênticas mais ou menos autóctones e autónomas, como seriam as das ilhas de Chipre, Malta, Sicília, Córsega, baleares e Canárias.

O facto de se quase impossível estabelecer um elo de ligação claro indubitável e indiscutível entre as culturas ameríndias e as do médio oriente reside no facto de se ter perdido o elo de ligação que deveria existir também entre as culturas ocidentais continentais do druidismo celta e da cultura nórdica, seguramente mais recente do que se pensa, possivelmente apenas da época dos povos do mar. Já a cultura druídica seria mais arcaica, estaria ainda fortemente ligada a cretense por via ibérica e gaulesa e faria parte com a cultura etrusca dum núcleo de núcleos de cultura cretense dispersos pelo ocidente onde se deveriam incluir os lusitanos de Ofiusa, os minhotos, e os famoiros irlandeses.

DRUIDS and ETRUSCAN PRIESTS

Little has been said of the similarities that existed between the Druidic and Etruscan priesthoods.

Here follows two accounts made by Romans chronicling the roles played by Druids and Etruscan priests in warfare:

The first being an account by Livy (book vii,17) of a fourth century battle between the Romans and the combined forces of the Etruscan Tarquinians and Faliscans:

"The Romans were at first defeated, the Roman soldiers having been terrified by the sight of the priests advancing like furies, brandishing snakes and lighted torches. The soldiers retreated in disorder to their trenches;"

Tacitus describes an almost identical scene taking place when the Romans invade Celtic Briton:

"Drawn up on the Seashore was a dense mass of armed warriors.- Among them bearing flaming torches, ran women with funereal robes and disheveled hair like furies, and all around stood Druids, raising their hands to heaven and calling down dreadful curses." -- Copyright 1996 by H. T. Bryer.

A comparação de arcaicos rituais de Guerra ainda presentes entre os etruscos da época mais antiga da história de Roma e entre a de Roma à época da invasão das ilha britânica só prova que a cultura que os romanos iam encontrando a ocidente sempre que apareciam como campeões do helenismo não era senão a cultura arcaica perdida da pré-historia Egeia Anatólica. Não podemos garantir se estes comportamentos druídicos da coligação dos tarqeuínios com os faliscanos não seria sobretudo uma manifestação destes últimos.

Faliscanos < Phalis-kian ó Phale-rius > Falerios <

                     «Filistinos» < Pheles-etes < Ceretites < Cretenses.

 

Ver: DRUIDAS (***)

 

Estas culturas ocidentais, por causa do corte brusco do cordão umbilical com a cultura mátria de Creta na época da expulsão do vulcão de Santorini, teriam ficado entregues a si mesmas, paradas no tempo e incapazes de evoluir senão numa espécie de lenta autofagia por repetição rotineira da mesma tradição ritual e mágica de que o culto das cobras seria o motivo dominante. Assim sendo, a mitologia clássica das Fúrias latinas e da Erínias gregas seriam meras sobrevivências incompreendidas destes velhos cultos cretenses de julgamentos populares, de apelos frenéticos à vingança colectiva e à guerra em espectáculos aterradores de que o culto das cobras cretenses seriam os mais temíveis na medida em que o medo e o respeito dos cultos da terrível Deusa Mãe das cobras cretenses, idêntico ao da hindu Kali, varia na razão directa do medo que os povos mediterrânicos teriam pela mordedura traiçoeira das víboras e das cobras venenosas.

Ir para => LABARTU (***)

 



[1] Though modern representations of the chi-rho sign represent the two lines crossing at ninety degree angles, the early signs of the labarum cross at an angle that is more vividly representative of the chi formed by the solar ecliptic path and the celestial equator. This image is most familiar in Plato's Timaeus, where it is explained that the two bands that form the world soul (anima mundi) cross each other like the letter chi. Regarding Plato's description of the Labarum in Timaeus, Justin Martyr, the Christian apologist writing in the second century, found a prefiguration of the Cross, and an early testimony may be the phrase in Didache, "sign of extension in heaven" (sēmeion ekpetaseōsen ouranō).

[2] Ukonvasara is the magical hammer of the Finnish thunder god Ukko, and was similar to Thor's Mjolnir. With Ukonvasara, Ukko created lightning. Pagan Finns carried hammer-pendants on their necks to be protected by Ukko. Ukko also used an axe and sword.

[3] In Norse mythology, Mjolnir (also commonly spelt Mjollner, Mjølnir, Mjølner, or Mjölner) (IPA pronunciation:[Mjolnər]) is the hammer of Thor, the god of lightning, thunder, wind, and rain.

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