domingo, 9 de dezembro de 2012

MEDUSA, deusa mãe das cobras cretenses, por Artur Felisberto.

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Figura 1: Perseu «persegue» Medusa mais aterrada do que aterradora!

O nome da Medusa deriva do grego Μέδουσα, médousa, "guardiã", "protectora" e talvez seja o particípio presente feminino do verbo grego medein, com o significado de “proteger, «mediar» ou «(re)mediar»”.

Na mitologia grega, era um monstro ctónico do sexo feminino, uma das três Górgonias, filha dos irmãos Forcis & Ceto.

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Figura 2: Forcis

Figura 3: Nereu

Figura 4: Proteu

Dans la mythologie grecque, Phorcys ou Phorcos (en grec ancien Φόρκυς / Phórcus, Φόρκυν / Phórcun ou Φόρκος / Phórcos, “le Monstrueux”) est une divinité marine primordiale.

Filho de Ponto, deus do Mar e de Gaia, deusa da Terra. Casou-se com sua irmã Ceto, que engrendrou filhos monstruosos: as Górgonas, Ládon, as Gréias e Equidna, a ninfa víbora.

É possível que Forcis signifique "alvacento", relacionando a ele o poder de fazer espumas ao bater com as ondas nas rochas.

Segundo Homero Forcis é um príncipe marinho, um deus poderoso que se oculta dos olhos humanos, porém não deixa de causar males aos navegantes. Ele é assim como Nereu e Proteu um dos anciãos do mar, mas de modo diverso, ele não profetizava como os outros.

Após a decadência de sua prole, o orgulho ferido fê-lo se ocultar nas profundas cavernas marinhas, ou entre as densas névoas que confundem os marinheiros.

Mesmo assim Fórcis não deixou de gerar outros filhos. Hécate deu-lhe Cila, que mais tarde foi morta por Héracles. Todavia ele devolveu-lhe a vida para continuar a matar humanos.

              «Nereu» < Hitit. Nerik < An-Ur-Ki => Nero > «Nilo».

Forcis < Phor-kus < Kaur-Ki-us < Ki-Ur-Ki

                               > Phro-Kius > Pro-Tio > Proteu.

                              > «Porco» < «porco»-do-mar < morsa <> golfinho.

Forcis, Nereu e Proteu devem ter sido variantes arcaicas de Enki enquanto deus dos mares e que veio a denominar-se Poseidon entre os clássicos. Aliás, a etimologia de Poseidon não é das mais claras! Contrariamente ao que os eruditos supõem Poseidão ou *Posseirão mais do que o “senhor da terra” seria o senhor das fontes de água-doce porque o nome que seria, uma “declaração de posse sobre a «poça», o «pote» ou o «poço» de água”!

Por outro lado, Ponto seria o deus das fontes e nascentes de água doce como o latino Fonto ou Fontano, que crescendo formam cursos de água, ribeiros e rios sobres os quais se fazem os pontões e as pontes das barcas.

Fontus ou Fons (em português: Fonte) era uma divindade da mitologia romana, associada às fontes e nascentes. Era considerado como filho do deus Jano e da ninfa Juturna.

«Ponte» < Lat. Pon-tis < Phon-tus < Ki-An-tu = Enki-tu, filho de Enki / Jano.

«Fonte» < Lat. Fon-tis <

 

Ver: OS DEUSES MARÍTIMOS / POSEIDON (***)

 

Dito de outro modo, o nome de Poseidon, deus marítimo por mera relação circunstancial de protector da navegação por ser e propiciador duma boa visibilidade marítima enquanto vulcão costeiro, encerra por essa sua arcaica origem vulcânica, a verdade mítica tão cara ao pensamento primitivo de que o sol girava obviamente em torno da terra e por isso, ele era o fogo do terra e do céu!

O nome Ceto, que em grego era o genérico de "monstro", era também o nome que os antigos gregos davam às baleias, uma forma tanto de personificação concreta dos grandes cetáceos (que incluiria também as orcas, os cachalotes e os golfinhos) como de mistificação dos horrores que os marinheiros temiam encontrar nos limites abissais do outro lado do mar que contornava a terra plana! Por outro lado, é patente a suspeita de que estes mitos seriam de origem cretense. Tratando-se de uma talassocracia seria fácil de compreender que grande parte dos seus deuses seriam grandes animais aquáticos desconhecidos dos continentais nos quais a descrição dos seus mitos teria provocado natural espanto e temos. Por outro lado não se deve esquecer a fase arcaica das religiões totémicas e zoomórficas que por evolução e sincretismo teriam originado fusões entre animais tutelares sob a forma de quimeras que quando referidas a animais aquáticos levariam a confundir a forma das baleias com a das cobras e ambas, por comparação com gigantismo dos vulcões, com míticos dragões.

Ceto (also Keto, from Greek: Κῆτώ, "sea monster") was also variously called Krataiis ("mighty") and Trienos ("three-times"), and was occasionally conflated by scholars with the goddess Hecate (for whom Trienos and Krataiis are also epithets). As a mythological figure, she is most notable for bearing by her husband Phorcys a host of monstrous children, collectively known as the Phorcydes.

O sobrenome de Kratais de Ceto e de Hecate apontam de facto para uma origem cretense desta arcaica deusa mãe dos mares abississais.

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Figura 5: Perseu, Andrómeda e Ceto.

Antigo vaso Coríntio onde Ceto esta representada como cabeça de grande porca ou javali gigante demonstrando que apesar de a Grécia ser um povo de marinheiros ainda assim seria raro ver baleias ao vivo nos baixios do mar Egeu.

Por isso mesmo, Hesíodo na Teogonia refere Ceto como sendo uma deusa extremamente bela que gerou lindas filhas tão perigosas quanto odiadas pelos deuses. Ora, como é comum às divindades marinhas polimorfas, Ceto possuía um aspecto dual e ambíguo: enquanto dona de uma beleza divina, também era vista com um monstro abissal capaz de gerar outros monstros iguais a ela: as Gorgónias, as Gréias e o dragão Ladão. Equidna, sua filha, era também uma criatura fisicamente ambígua, com tronco de bela ninfa e cauda de serpente e vês de membros como as baleias.

Nas versões mais conhecidas, Equidna, em função da própria monstruosidade, casou-se com o horroroso deus Tufão, tornando-se a "mãe de todos os monstros", não tanto como entidades disformes mas enquanto animais quiméricos e ciclópicos.

Nesta perspectiva a genealogia de Higino é hipercorrecta.

Pseudo-Hyginus, Prefácio: "De Gorgono e Ceto [nasceu]: Sthenno, Euryale, Medusa". Pseudo-Hyginus, Fabulae 151: "De Typhon o gigante e Echidna nasçeu Gorgono. De Medusa, filha de Gorgão, e Neptuno [Poseidon], nasceu Crisaor e o cavalo Pegasus".

Assim sendo as gorgónias eram deidades marinhas literalmente filhas do monstro marinho Gorgóno ou Gorgão, possível variante de Dagon.

*«Gorgão» < Gorgón < Kaur-Kian < Enki-Kur => Crono.

Obviamente que na tradição suméria a filha de Enki era Inana / Anat / Istar.

Dito de outro modo, em tempos arcaicos os deuses titânicos eram os deuses comuns do mediterrânico oriental e possivelmente de todo o mundo neolítico e por isso teriam permanecido como deuses principais na cultura cretenses e minóica. A subversão olímpica teria surdido com a reforma do panteão feita pelos hititas e responsável pelas graves querelas ideológicas da guerra de Tróia.

Medusa-Metis-Athene in Classical Myth - Athenian Myth fragmented and reduced the Libyan Triple Goddess Athene to Athena, Metis, Medusa and her Gorgon sisters. Gorgo, Gorgon, or Gorgopis was the `Grim Face'- and besides Medusa (Metis), was the title of Athene as Death Goddess. (…). Through myth the Greeks severed her ancient roots in women's culture by dividing her from her dark aspect as Medusa and Metis. In the seperation of Athene from Metis and Medusa, the two were overlaid; Metis became her mother and Medusa her enemy. --- Women in Antiquity Alicia Le Van Final Paper5/7/96.

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Figura 6 & Figura 7: Medusa e Pegasso ou variante arcaica de Hipona / Potnia Teron. (Desenho de original restaurado ciberneticamente).

Medusa seria o nome maternal de Inana e a sua forma gorgónica a face terrível da Deusa Mãe ainda patente na variante ultramarina e transatlântica da Azeteca Coatlicoa, que mais não seria que a deusa das cobras cretenses e a deusa Kali hindu depois de ter sido o monstro e o dragão de «má cara», os mostro marinho hindu Makara.

Métis < Metish < *Ama-The-usha, lit. «Ti-Amat, deusa Amath / *Ashma»?

> (A)mathusi(a) > Medusa.            > Ma-the-sha > Ma-de-ha > Sanc. Medha.

> Medeia.

Métis e Medusa são a mesma entidade que Zeus metaforicamente engoliu antes de engravidar e depois pariu, com grandes dores de cabeça, como deusa Atena.

Métis era a deusa grega da prudência, filha de Tétis e Oceano. Foi a primeira esposa de Zeus, que lhe forneceu a bebida que fez Cronos regurgitar todos os filhos que havia engolido. Quando Métis estava grávida da deusa Atena, Gaia profetizou que seu filho iria destronar seu pai, Zeus. Este, temendo que isto acontecesse, engoliu a deusa viva já grávida de Atena, tendo depois como fruto dessa relação Atena saída já adulta de sua cabeça. Em Roma, correspondeu à deusa Prudência.

«Prudência» < Phruden-tia = Deusa *Kur-dana, Despotina do Kur.

Némesis era, segundo Hesíodo, uma das filhas da deusa Nix (a noite). Pausânias citou-a como filha dos titãs Oceano e Tétis. Autores tardios puseram-na como filha de Zeus e de Têmis.

Assim, existem fortes probabilidades de Te-mis, Mé-tis e Ne-me-sis serem variantes da mesma entidade, a prudência compassiva da vingativa justiça, filha duma arcaica deusa mãe das cobras cretenses, que tinha ao seu serviço as Erínias com as quais as Gorgónias se pareciam na forma.

 

Ver: AS DEUSAS DAS LEIS (***)

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Medusa means "sovereign female wisdom," in Sanskrit it's Medha, Greek Metis, Egyptian Met or Maat. Medusa was actually imported into Greece from Libya where she was worshipped by the Libyan Amazons as their Serpent-Goddess. Medusa (Metis) was the destroyer aspect of the Great Triple Goddess also called Neith, Anath, Athene or Ath-enna in North Africa and Athana in 1400 c. BC Minoan Crete. In her images, her hair sometimes resembles dread locks, showing her origins in Africa. There she had a hidden, dangerous face. It was inscribed that no one could possibly lift her veil, and that to look upon her face was to glimpse ones own death as she saw your future.

Figura 8: Medusa, tipicamente assustadora tetra-alada como as Hárpias com quem, aliás, as Gorgónias se assemelham etimologicamente.

O mito das gorgónias aparece posteriormente por remanejamento olímpico do substrato cretense presente na tradição popular dos helenos. De qualquer modo, a face terrífica da deusa mãe das cobras cretenses seria a forma metamórfica dos medos infantis ritualizados nos cultos dos povos arcaicos que procuravam a protecção da terrível deusa mãe sabendo que ela seria também o terror dos terrores e a máscara protectora de todos os medos capaz de ser usada como arma psicológica para proteger o interior do exterior ao mesmo tempo que mantinha a boa ordem interna. Esta máscara do medo era então percebida como sombra terrífica enviada pela filha de Deméter do mundo dos mortos.

Homero só conhece um Gorgo que na Odisseis (xi. 633) era um dos fantasmas assustadores do Inferno: Na Ilíada (v. 741, viii. 349, xi. 36; comp. Virg. Aen. vi. 289), a Égide de Atena contém a cabeça de Gorgo, o terror dos seus inimigos.

Gorgo ou Gorgónia era a máscara ou persona com que Perséfona protegia os domínios da deusa mãe que eram também os da vida e da morte. Perséfona era Coré que por sua vez era Atena / Anat. Ora, esta máscara não fazia mais do que ocultar os segredos terríveis da vida e da morte presentes nos sagrados «mês» que Istar teria roubado a seu pai Enki na mitologia proto patriarcal suméria mas que seriam afinal o anátema das leis arcaicas de Métis.

«Medo» < Lat. metu, “terror e temor do tabu ou da lei divina” < Metis.

Quem ousasse olhar de frente com ousadia e falta de respeito à mãe divina, fonte do saber e boa ordem matriarcal, seria petrificado de terror divino! A metáfora da psicologia do medo indicia a intuição do máximo estado de ansiedade que tanto pode provocar a reacção instintiva da luta destemida ou de fuga em pânico como o estado desesperado da simulação da morte aparente. O indivíduo sujeito ao medo extremo fica “petrificado de terror”. Esta metáfora pode ter surgido da cultura clássica pela via do mito do olhar da medusa mas este não faz mais do que petrificar figurativamente a morte aparente dos que ficaram pasmados por uma forma extrema de choque por reacção passiva ao pavor intenso!

23Erguia-se o sol sobre a terra, quando Lot entrou em Soar. 24Então, o SENHOR fez cair do céu, sobre Sodoma e Gomorra, uma chuva de enxofre e de fogo, enviada pelo SENHOR. 25Destruiu estas cidades, todo o vale e todos os habitantes das cidades e até a vegetação da terra. 26A mulher de Lot olhou para trás e ficou transformada numa estátua de sal. (Gn 19, 23-26)

A petrificação da mulher de Lote que olhou para trás quando deixou para traz a cidade de Sodoma pode ter significado tanto o castigo de quem ousou olhar para trás com saudade da cidade dos pecados, ou ousou desobedecer sobranceiramente uma ordem divina (o que deixa por explicar que só neste caso tenha tido como consequência a petrificação) como sobretudo indiciar o castigo por ousar olhar a nudez da cólera divina em acção estrema como metáfora secundária do estado de pavor e petrificação pela súbita descoberta dos efeitos terríficos da cólera divina!

Assim, quem ousasse olhar de frente para a Medusa era transformado em pedra. Na Antiguidade Clássica a imagem da cabeça da Medusa aparecia num objecto conhecido como Gorgoneion utilizado para afugentar o mau-olhado.

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Figura 9: Altar com três deusas mães da acrópole de Gela. 500-475 A.C.

A leoa prenha e esfomeada que devora uma gazela no topo deste altar para garantir a vida das suas crias é, de certo modo, a explicação metafórica da crueldade da deusa mãe que mataria se fosse preciso os seus inimigos para defender os seus filhos e adoradores.

O nome Medusa significa "soberana sabedoria feminina”, em Sanscrito é Medha, Metis em grego e em egípcio, Met ou Maat. A Medusa foi trazida para a Grécia da Líbia, onde as Amazonas líbias a adoravam como a Deusa Serpente. Seu rosto era oculto e pavoroso. Estava escrito que nada nem ninguém poderia levantar o seu véu, e todo aquele que se atravesse a fazê-lo morreria instantaneamente.

A Medusa (Metis) correspondia ao aspecto destruidor da Grande Deusa Tríplice Neith também chamada de Anath, Athene ou Athenna na África do Norte e Athana em 1400 a.C., em Minos Creta. Foram os gregos que separaram Medusa de Atena e as tornaram inimigas. -- Rosane Volpatto..

Em conclusão, Medusa se não era literalmente a Mãe Deusa = Deusa Mãe, era a filha desta.

Medusa < Meth-usha

                         < *Ma-et < Egip. Ma-at > Egip. Mut > Sír. Mot.

Se a Medusa fosse de origem egípcia teria derivado o seu lado negro de Mawet de que derivou a deusa mãe da vida e da morte, Mut e o deus sírio da morte, Mot.

No entanto, Metis seria uma forma foneticamente evoluída entendida como deusa das leis, do matriarcado cretense. Sendo uma deusa filha da deusa mãe das leis do matriarcado podemos então inferir outras vias evolutivas.

Ma-at > Ma-et > Met > Metis.

Ma-at ó Anat ó Atena ó Istar.

Ma-Ki-At > Ma-Wi-at > Mavet > Maut > Mut > Mot.

Sendo assim, a Egípcia Ma-at seria uma forma muito arcaica de origem egeia ou anatólica com o significado original de “filha da mãe” como foi Coré / Atena e como foi Anat / Istar. Por isso se suspeita de ter existido uma ambiguidade original que os registos sumérios não tornaram patente de que Inana / Ereshkigal seriam duas irmãs gémeas que originalmente poderiam ter sido apenas a mesma entidade que os gregos denominavam genericamente por Corê, a filha da deusa Mãe que teria uma forma de lua cheia, primaveril e fecunda como Istar nos seis meses de Primavera e Verão, e outra negra, estéril e infernal nos meses de Outono e Inverno como Perséfona e Ereskigal.

Assim teríamos três níveis primitivos de registo semântico neste mitema:

1º A verdade de Maat, deusa da boa ordem cósmica e mística.

2º As leis (mesh) da justa medida, personificadas nos tempos menstruais e lunares da filha da deusa mãe.

3º A lei penal de Metis, senhora mítica e mística da deusa mãe da vida e da morte que devora as almas impuras no tribunal dos infernos.

Medusa era de uma extrema beleza, juntamente com suas duas irmãs.

Quando na Primavera estava sentada num campo cercada de flores, o deus do Oceano, Poseidon, uniu-se a ela com ela e gerou os seus dois únicos filhos, mas estes só iriam nascer no momento da morte de Medusa.

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Figura 10: Poseidon entre duas das Gorgónias possivelmente procurando por Medusa.

A vida das três irmãs, de vidas debochadas e dissolutas, aborrecia os demais deuses, principalmente a deusa Afrodite, como se esta tivera autoridade moral para tanto, mas já com Eos aconteceu a mesma hipocrisia concorrencial dos sacerdotes dos templos de prostituição sagrada de Afrodite. Para as castigar, Afrodite transformou-as em monstros com serpentes em vez dos belos cabelos, presas pontiagudas, mãos de bronze, asas de ouro, e com um olhar que petrificava quem as olhasse directamente nos olhos. Temidas pelos homens e pelos deuses, as três habitavam o extremo Ocidente, junto ao país das Hespérides e vizinhas de Nix (a deusa da Noite).

De facto, um dos epítetos de Afrodite parece que seria Amathusia, não porque fosse deusa da cidade de Amathus, a quem pelo contrário teria dado nome, mas por ter sido «filha da Deusa Mãe» ou seja, a própria Medusa.

Amathusia/Amathuntia – a que tem paciência; nome derivado de Amathus cidade de Chipre.

Fórcis e Ceto, poderosas entidades marinhas geradas por Ponto e Gaia, tiveram filhos igualmente poderosos, e também monstruosos: as Gorgónias e as Gréias, que participam do mito de Perseu, e Equidna, que tem aparentemente apenas importância genealógica mas que, como se viu, tem um valor hiper-correctivo em Higino.

Obviamente que as três irmãs de Medusa eram uma mera variante dum trio de deusas das cobras cretenses de muitas outras deusas triplas de que a mais conhecida na mitologia clássica viria a ser Hecate.

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Figura 11: Julgamento de Paris onde Hera esconde a face como se suspeitasse da sua falsa identidade. Notar que neste desenho de vaso grego recolhido por Pierre d’Hancarville, em “Antiquités etrusques, grecques et romaines tirées du cabinet de M. Hamiltoné quase impossível identificar as deusas em julgamento.

Este trio viria ser mais tarde formado pelas deusas do concurso de beleza de que Páris foi juiz e que motivou a guerra de Tróia, Hera, Atena e Afrodite. Suspeita-se assim que a mais bela destas Gorgónias tenha sido de facto uma antepassada cretense de Afrodite.

Amathusia < Amat-| usha ó An-Tia | > Matusha > Methusa > Medusa.

Teseu < Teshew < Teshub.

As três gréias (ou "velhas"), irmãs das Górgonias, eram também conhecidas por Fórcides devido ao pai, Fórcis. Já haviam nascido velhas, tinham apenas um olho e um dente, que dividiam entre si, e eram as únicas que conheciam os meios de derrotar as Gorgónias.

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Figura 12: Teseu degolando a Medusa. Esta representação arcaica de tipo teatral tem como única monstruosidade, referente ao conceito mítico das gorgónias, apenas o facto de a divindade feminina ser um centauro vestido de mulher. Obviamente que não está claro que esta representação se refira ao mito da Medusa pois é muito mais patente um mito de centauros numa das únicas vezes em que estes têm o aspecto feminino. Porém, a Medusa sendo, afinal, a velha «rainha-mãe» teria que ter sido outrora bela como o foram todas as nossas avós na sua juventude. Este lugar-comum reflecte a infantilidade poética mas compreensivelmente lógica do pensamento metafórico mítico.

O herói Teseu, que libertaria a cidade micénica de Atenas da tirania minóica (a mesma farta e próspera tirania que os italiotas iriam considerar como tendo sido uma idade de ouro de Saturno) parece-se etimologicamente com o deus dos hititas Teshub, facto que além de colocar as tribos jónicas na esfera da geo-estratégica deste império anatólico vem deixar a suspeita de que Teseu & Minotauro seria equivalente de Perseu & Medusa, variantes fonéticas do divino casal Zeus & Métis. E nem sequer é necessário que os dois mitos tenham sido um só. Basta que se atenda às regras do paralelismo e da ressonância metafórica para se entender que a influência entre ambos os mitos pode ter sido suficiente para explicar as confusões e equívocos ideológicos que necessariamente envolvem o mistério da transformação da Deusa Mãe no ser monstruoso e repelente que era a Medusa…e outros seres monstruoso e draconianos que gerou para se defender da rebeldia dos deuses na titanomaquia!

A afirmação mitológica de que a Medusa fosse a única gorgónia mortal pode ser interpretado como intuição do quanto a mitologia era mimética da condição humana limitando-se neste caso a verificar que as velhas Deusas Mães, como era Medusa, ao serem pós menopáusicas e não poderem engravidarem mais, seria como se tivessem deixado de participar das virtudes da vida vivendo já sob o espectro da morte, ou seja, revelando-se para todos os efeitos práticos, objectivamente mortais. Mas podemos também estar perante um mistério bem mais profundo e arcaico relativo ao facto de também a Lua participar nos ciclos de morte e ressurreição astral que a descida ao inferno de Inana magnificamente metaforizou!

Sendo Atena o mesmo que Steno então Euriale seria Afrodite ou pelo menos Eos enquanto deusas da Aurora!

Euriale < Hauryal < Kaura-lu > Hit. Alalu > Sum. Aruru.

Na mitologia grega tardia, diziam-se que existiam três gorgónias: as três filhas de Fórcis e Ceto. Seus nomes eram Medusa, "a impetuosa", Megera, "a que oprime" e Euríale, "a que está ao largo".

Enquanto Nemesis punia os deuses, as Erínias puniam os mortais. Eram Tisífone (Castigo), Megera (Rancor) e Alecto (Interminável).

Aleto < Areto < Erinias ó Euríale.

Macarena < Megera ó Medusa.

Atena < Esteno ó Esti(ph)one < Tisifone.

A relação semântica e funcional entre as Gorgónias e as Erínias é óbvia pelo que seriam quase seguramente variantes da mesma entidade que seria a deusa mãe das cobras cretenses.

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Figura 13: Amuleto de esconjuro contra o mau-olhado: cobras entrelaçadas em volta do olho solar de Horus.

Agas = “Evil Eye”. Demoness of illness, one of the Drugs. She personifies evil that is perceived or performed by the eye. The "evil eye" is a common notion amongst many peoples throughout the world. In IE mythology it is seldom personified, except for the likes of Ireland's Balor.

Em Portugal, em terras do Alto Douro, as vítimas do “mau-olhado” ficavam «ougadas».

«Ogadas» (<• v. int. (pop.) aguar ??’) termo parecido com «azougado» e com os efeitos de misturas alquímicas mercuriais!

David Napier (1998) shows how the forehead markings of the Gorgon and the single-eye of the cyclops in Greek art are Indian elements. Although he suggests that this may have been a byproduct of the interaction with the Indian foot soldiers who fought for the Persian armies, he also mentions the more likely possibility that the influence was through the 2nd millennium BC South Indian traders in Greece. This is supported by the fact that the name of the Mycenaean Greek city Tiryn s-- the place where the most ancient monuments of Greece are to be found-- is the same as that of the most powerful Tamilian sea-faring people called the Tirayans.

Daí a lenda mal contada do poder terrificante de quem se atrevesse a olhar para a Medusa, que afinal não seria tanto a contrapartida do olhar leonino duma Deusa Mãe zelosa dos seus filhotes macacos pelados (fisicamente tão prematuros quão precocemente predadores, como aliás convinha a futuros caçadores e, mais tarde e já no período pré-histórico neolítico, a mãe dos recrutas de todos exércitos sagrados da “Terra Mãe Pátria”) como sobretudo, o poderoso “mau-olhado” lançado pela velha rainha-mãe, a eterna “bruxa má” de todas as histórias infantis.

E seria assim que o mito do baixo perfil de Medusa e da má imagem das Gorgónias começou. Pela banal evidencia de que, a intuição do conflito de gerações, teria de colocar a estrutura mítica das Tridivas em ruptura interna. De facto, se o conceito das Tridivas seria a projecção no céu da mitologia da presença simultânea das três gerações de mulheres na família matriarcal do neolítico (a avô, a mãe e a neta) a verdade é que tendendo a permanência da memória tradicional a impor como matriarca uma avó estéril o certo é que o macho dominante tenderia a preferir a filha já fértil pelo que o incesto seria inevitável e os conflitos de poder entre mãe e filha, latentes ou reais, acabariam por se tornar lendários e acabar em terríficos conflitos, intrigas domésticas eternas e sobretudo em míticos castigos e penas!

 

Ver: TRIDIVAS (***)

 

Nesta dinâmica de fragilidade natural dos extremos, as avós acabariam por ser a imagem da velha deusa mãe às portas da morte, senhora da noite e dos seus sortilégios obscuros e invariavelmente as “bruxas más” das histórias que, sabe-se lá, quem as acabaria por contar às filhas.

Ernesto Veiga de Oliveira diz-nos que “O nome da velha aparece (…) numa expressão meteorológica, que (…) designa um período que vai dos fins de Fevereiro aos princípios de Março (…) e que se encontra pela primeira vez em escritores árabes do século XIII, que lhe atribuem uma origem grega.” Já (…) Sendo assim, a velha estava conotada com a morte, com as trevas da noite, o frio e as agruras do inverno; ao expulsá-la a meio da Quaresma o povo abria o caminho para a vinda da primavera, para a chegada da luz, do calor que trazem alegria e desenvolvem a vegetação, que fecundam e procriam. É ainda neste sentido que Adolfo Coelho nos diz que a Serração da Velha, o Enterro do Bacalhau e os Judas de Sábado de Aleluia mais não são do que a expulsão da morte, do longo período de inverno letárgico e redutor, ideia que Alberto Pimentel também defende quando afirma que “O costume da Serração da Velha parece conservar a tradição mítica da expulsão do inverno pela sua personificação numa Velha”.

-- http://edicoes50kg.blogspot.pt/2012/04/serracao-da-velha.html.

Assim, não existiria inocência no facto de tais histórias serem contadas pelas próprias avós pois que seria também inevitável uma aliança afectiva táctica, tão ambígua quanto ambivalente, entre os elos mais frágeis desta cadeia triangular que correspondiam às idades extremas da vida e que, nas leis impiedosas da natureza, costumavam ser os primeiros a ser sacrificados. Na verdade, se não é fácil explicar pelas leis da economia animal a existência duma natural atracção dos netos pelos avós o mais provável será admitir que sejam estes a criar espontaneamente mecanismos empáticos de sedução entre extremos por uma estratégia da magia simpática segundo a qual a “vida desbaratada das velhas avós” poderia ser compensada pela “vida ainda não vivida” dos netos ainda cheios de vida potencial. Assim, as avós tendiam a colocar os netos sob a protecção do seu poder, mais imaginário que real, precisamente para poderem controlar os resultados dum processo de socialização que, ainda que incipiente, lhe permitia colocar o matriarcado ao serviço das suas necessidades de sobrevivência. Sendo os responsáveis pela vigilância dos netos, enquanto as mães tratavam das questões de sobrevivência do grupo, acabariam por ser também as primeiras a condicionarem os jogos e fantasias das crianças pelo que vamos encontrar neste relacionamento de poderes de fantasia a força mágica da poderosa encenação onírica das “histórias da avozinha” como estratégia fundamental da transmissão duma ideologia ainda mais poderosa do que a da “culpabilidade paternalista” e que era o “terror sagrado” inspirado por “velhas bruxas más” quando os seus tabus eram desrespeitados como acontecia em festividades saturnais natalícias do Serração da Velha no cortiço!

Noutras ocasiões, os moços topavam com uma daquelas velhas bravas de que nos fala o Fernão Lopes: que “barafusta, grita, atira pedras, insulta, despeja água e às vezes penicadas...”

De qualquer modo, ficamos assim a saber que a cultura nasceu da mitologia, que começou afinal por um processo tão simples quanto banal ou seja, a partir da tremenda força e seriedade que se encontra contida nas “histórias da carochinha” contadas aos netos pelas avozinhas com fins matreiros e de insidiosa força penal quanto mais não fosse no foro familiar do direito privado.

Nesta e em outras representações clássicas de Medusa fica patente o aspecto horripilante desta figura mítica de velha matrona de «madeixas» desgrenhadas e encaracoladas como cobras viperinas.

Mataxa/metaxa < matakos < matheika < *matheija > «madeixa».

Mataros < medaros < *madericos < *matharisha < Materheja

< Ma-Te-Re Te-I-Ja.

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Figura 14: Medusa em versão etrusca.

Lat. metaxa or mataxa, ae, f., = raw silk, the web of silkworms. <= Gr. matakos ê matakon, Hsch. mataxa, hê, v. metaxa. (= mataros: stephanos memarasmenos, IDEM=Hsch. (fort. madaros). <= metax-a, ês, hê, raw silk, Procop.Arc.25, Lyd.Mag.2.4, etc. (The etym. is unknown: an earlier Latin form mataxa in Lucil.au=Lyd. Mag. 2.1192=lr, Vitr. 7.3.2 in the sense of 'floss', 'tow'.) --- Liddell-Scott-Jones Lexicon of Classical Greek.

Nunca o aspecto e a sugestão andaram tão bem configurados como nesta imaginação etrusca.

O próprio termo «madeixas» do português parece poder ter sido derivados de acordo com um dos elos da cadeia etimológica n.º 3 pelo que, mais uma vez, se duvida da origem latina da via popular do português. Na verdade, supõe-se que as «madeixas» lusitanas derivem de latinas mataxa quando estas seriam literalmente gregas, quiçá por via etrusca, e todas do micénico *matheija!

1 - Medusa (Queen) = Ma(ma) d(e)usa < *Ma-Thusha, Mãe Deusa que só pode ser a «rainha mãe» < Ama-Ki-ish, «a deusa mãe, filha da terra» ou «a deusa filha da mãe terra», seguramente Inana/Ishtar < Makaiska < Hit. (Ma +) Shaushka, a deusa mãe hitita que toma a forma alada de Ishtar/Arabela a cavalo de um leão!

Medousa - guardian Goddess, title of Afrodite!

Hit. Tellus > Teija < Theya (> Deia < Deua < Dewa < Theika <) *Ther-kya < *Kur-Kika > Ishtar, a «Deusa Mãe» = *Marduska?, esposa de Marduk? < Ma-(the)r-Kuka < *Ma-Kur-Kiki = *Kiki-Makur = < De(wa) Mater > Demeter.

2 – Deméter é quase uma elisão de «Deia Mater», cuja forma elíptica mais arcaica seria Medeia, mas, não me espantaria que tal fosse apenas uma elisão por ressonância à posteriore, ou então, talvez seja «mater» que derive da mesma expressão Kime + | -tar < Kar |, lit. poder ou atribuições de transporte solar da Deusa Mãe, *Kime (na forma de Deusa Mãe e o «deus menino» ao colo).

 

Ver HERA (***)

 

Medeia < Hind. Medha, < Medixa < *Ma-Thusha > Methish

> Greek Metis, Egyptian > Meatis > Maat > Met.

3 - Medusa @ Mate(r)ija < *Ma-Thusha < Madisha < Matheixa < *Mathe(r)ija < Materheja < Mic. Matere Teija = Demeter. Na verdade, entre os micénicos da cultura cretense do linear B ainda era conhecida como Ma-Te-Re Te-I-Ja, literalmente “Mater Theya”.

Sendo assim não restam dúvidas duma via étmica que derivando do nome da Deusa Mãe micénica chegaram até Medusa e Medeia passando pelas madeixas sinuosas da vulgar sensualidade e que acabam por revelar o rasto duma evolução étmica que se julgava perdido. Na verdade, fica-se mesmo com a suspeita de que antes de ser latim o português foi uma língua pré-helénica aparentada com o micénico que seria falada na península no tempo da Tartécia.

Obviamente que a ambiguidade formal da Medusa pode ter tido origem na dualidade das irmãs gémeas da deusa mãe que no conjunto formam um trio em que se transformaram as Gorgónias deixando em aberto a possibilidade de inicialmente esta entidade mítica ter sido una antes de ter acabado numa trindade, possivelmente uma das muitas variantes de Diana Trívia e Hecate. Mas nada impede também que o mito das Gorgónias e das Graeias não seja ma comodidade de cultos das três gerações de mulheres, avó, filha e neta, que poderiam partilhar o mesmo lar e o mesmo olho da mesma memória de conhecimentos de bruxaria e de transmissão oral.

 

Ver: CIBEL (***) & TRIDIVAS (***)

 

Na figuração de Medusa alada podemos suspeitar de uma relação arcaica com antigas deusas celestiais da luxúria ofídia como era o caso de Inana / Ishtar.

Gorgónias < *Kurki + Anas => *Karki-ash > Harpias.

                                                    *Karki-ash > Kur-kiki > Wurish,

(> Walk + yrias > filhas do fogo de Vulcano)

Mas, mais importante e dentro da linha de pensamento mítico em que as Gorgónias foram colocadas pela tradição mítica, dir-se-ia que se tratavam de aves agoirentas como as hárpias porque se supunha que estas levavam as almas dos mortos para os infernos nocturnos. De resto, as Walkyrias, que eram virgens que transportam os heróis para o paraíso na mitologia nórdica poderiam ser uma espécie de bruxas da guerra! «Bruxas», termo luso de etimologia tão obscura e incerta quanto o castelhano «bruja».

Se «bruxa < bruja» < Wurish < Iscura > Ishtar!

                                 < Brulha, “borbulha, botão, rebento” < Kur-la > «corlas».

< (apa)Kallu > de Kali.

De brulha deriva a terminologia da técnica de bruxaria de chamar «embrulhos» aos preparados para os feitiços, de que deriva a terminologia técnica de bruxaria de chamar «corlas» aos vómitos de sucos intestinais relacionados com bruxedos de Kali, a deus do fogo que veio a ser a deusa hindu mais famosa dos poderes da bruxaria feminina!

Já houve autores mal avisados que tentaram derivar as bruxas, que serão tão antigas nas Península Ibérica como a bruxaria, do termo italiano para queimado que é bruxato por causa facto de as bruxas terem tido a pouca sorte de terem morrido aos milhares nas fogueiras da inquisição. Ora, as bruxas não foram inventadas pela Inquisição pois já existiam antes de serem queimadas pelo que a hipótese é disparatada. A relação do fogo deriva da sua relação com arcaicos deuses do fogo como era o caso de Hecate. Porém, do que resta no imaginário popular de antigas mitologias politeístas não há grandes diferenças entre as «bruxas» e gralhas ibéricas e as Gorgónias, Hárpias e Graeias helénicas.

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Figura 15: frontão oeste do templo de Artemisa em Corfu.

A relação das Gorgónias com Artemisa é, sob o ponto de vista da tradição figurativa, incontornável, pelo menos enquanto nos lembrarmos que elas faziam parte do frontão oeste do templo de Artemisa em Corfu.

The frequent stories of the love affairs of Artemis' nymphs are supposed by some to have originally been told of the goddess herself. The poets after Homer, however, stressed Artemis' chastity and her delight in the hunt, dancing and music, shadowy groves, and the cities of just men. The wrath of Artemis was proverbial, for to it myth attributed wild nature's hostility to humans. Yet Greek sculpture avoided Artemis' unpitying anger as a motif; in fact, the goddess herself did not become popular as a subject in the great sculptural schools until the relatively gentle 4th-century-bc spirit prevailed. -- © 1999-2000 Britannica.com Inc.

Ora, muitos dos mitos referidos a ninfas relacionadas com Artemisa são apenas uma forma de ultrapassar a censura do “bom senso dominante” que passou a fazer desta deusa um exemplo de castidade quando, enquanto Deusa Mãe, esta deusa não poderia ter sido Virgem no sentido eficiente da palavra, pelo menos na sua juventude!

The river god Alpheus fell in love with Arethusa, who was in the retinue of Artemis. Arethusa fled to Ortygia, where she was changed into a spring. Alpheus, however, made his way beneath the sea and united his waters with those of the spring. According to Ovid's Metamorphoses, Arethusa, while bathing in the Alpheus River, was seen and pursued by the river god in human form. Artemis changed her into a spring that, flowing underground, emerged at Ortygia.

Além de Medusa e Aretusa, reportam-se na mitologia grega as Musas e ainda as seguintes deusas com terminação em –usa, seguramente um diminutivo anatólico:

Creusa, do mito de Medeia, logo relacionada com a Medusa.

Aretusa, Aethusa, Ardusa, Fetusa, Medusa, Telefusa / Telepusa.

Os antigos, presos nas malhas da censura imposta pelo senso comum da poética dominante, revelavam, mesmo assim, saber muito mais do que aquilo que diziam os seus mitos oficiais, quando se expressavam por meio das liberdades artísticas. No caso desta moeda, Aretusa é quase a mesma expressão plástica duma Medusa. Será que os clássicos também se confundiam por vezes ou limitavam-se a usar padrões plásticos relacionados com a conotação fonética dos nomes?

Phae-th-usa = A daughter of Helios, she cared for her father's flocks on the island of Thrinacie.

Telph-usa = naiad of the spring of Telphusia in Boeotia. < Thelpusa = A naiad daughter of the river Ladon after whom the Arcadian town is named.

In an earlier form of the legend, it was Artemis, not Arethusa, who was the object of the river god's affections and who escaped by smearing her face with mire, so that he failed to recognize her. The story probably originated from the fact that Artemis Alpheiaia was worshiped in both Elis and Ortygia and also that the Alpheus in its upper part runs underground. -- © 1999-2000 Britannica.com Inc.

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Figura 16: Aretusa Helenística

Figura 17: Aretusa de Siracusa.

Aretusa < Hary < Karki < Kurki | -thusa < Kish (=> «Cartucha»), «a filha da cidade»!

ð    *Kartikiha > Haurtigia > Ortygia.

ð     *Karkish = * Karkikus > Arphihus > Alpheus > Alfeu .

Medusa < Ama-thusa, > Amakish, «filha da terra mãe» > «Macha» =>

Undistinguished man who lived in Phaestus, Crete. When his wife Telethusa was due to give birth soon, he warned her, "I pray for two things: that you give birth with the least pain, and that you give birth to a boy. A girl is more burdensome, and Fortuna denies me the resources to raise one. I pray it will not happen, but if the child is a girl, I therefore reluctantly command--forgive me!--that she will be killed."

Telethusa deceived him, however, by giving birth in private to a girl and immediately disguising the infant as a boy. The child was named Iphis after her grandfather, which pleased Telethusa since it was a name used for both boys and girls. Ligdus never discovered the truth about Iphis because on the night before she was to be married to Ianthe, the goddess Isis turned her into a real man.

Kur-ki-isha > Tere-thusha > Telethusa

                     > Hauretusha > Aretusa + Medusa = (Kart + Ama) ish

= Kartemish, «a princesa da cidade» ou «a cidade princepesca» de Artemisa.

Ama-thusia ou Amathuntia (= A paciente) foi epíteto de Afrodite supostamente derivado do nome de Amathus cidade de Chipre e terra natal de desta Deusa Mãe. Claro que Amathuntia nada nos diz sobre o contexto em análise.

Ama-thusia < Ama-Te-uhsa > Maithusa > Medusa, lit. «a mãe Antu, do labirinto de Creta, deusa mãe do parto solar de Inti!

Ama-thun-tia = Tea | Ama-tun ó Am-Antu.

E tudo isto se passava em Creta onde Isis seria ainda adorada!

Quod erat demonstrandum: a linguística e a tendência humana para o disparate tem mais a ver com o politeísmo, do que o que se possa pensar!

Claro que, com um enquadramento marinho como o pressuposto no mito gerativo das Gorgónias, só poderíamos estar perante uma tradição relativa a uma arcaica mitologia da talassocracia cretense.

There are three hypotheses as to how the three sisters were changed into Gorgons:

Medusa claimed she was more beautiful than Athena

Medusa claimed to have more beautiful hair than Athena

Medusa and Poseidon laid together in Athena's temple (Poseidon either raped her or she lay with him willingly) Of these, the last reason seems to be the most popular.

A explicação nacionalizadora proposta não é mais do que um belo exercício de espírito especulativo de material mítico!

O mitema das deusas “más como as cobras” que seria a deusa mãe das cobras cretenses seria muito arcaico ao ponto de chegar à América do Norte em épocas paleolíticas, seguramente.

Even to see the Uktena asleep is death, not to the hunter himself, but to his family. Of all the daring warriors who Have started out in search of the Ulûñsû'tî only Âgän-uni'tsï ever came back successful. The East Cherokee still keep the one which he brought. It is like a large transparent crystal, nearly the shape of a cartridge bullet, with a blood-red streak running through the center from top to bottom. -- Myths Of The Cherokee.

A long time ago, a really long time when the world was still freshly made, Unktehi the water monster fought the people and caused a great flood. Perhaps the Great Spirit, Wakan Tanka, was angry with us for some reason. Maybe he let Unktehi win out because he wanted to make a better kind of human being. -- Lakota Creation Myth.

Atena <= Uktena = Unteka > Unktehi.

Illuyankas ó Ulûñsû'tî

Ou Medusa foi Atena ou foi filha desta como no caso de Istar e Ereshkigal! Em qualquer dos casos existe a tradição síria e líbia de que Anat/ Tanit / Atena teria sido sempre a rainha dos infernos e por isso Koré / Perséfone, ou seja a filha de Deméter. Sendo sabido que Enki foi famoso pelos seus incestos podemos imaginar as rivalidades de Atena, amante muito amada do próprio pai Zeus que a pariu guerreira em pensamento, com a própria mãe Medusa, que aliás, enquanto Deusa mãe primordial e Tiamat foi o centro da gigantomaquia que terminou com a sua destruição por Marduque, numa bela metáfora da destruição do matriarcado cretense!

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Figura 18: Namoro de Poseidon com Atena, à sombra de uma oliveira, que teria sido outrora sua filha ou sua neta se Poseidon for Enki e Atena for Inana / Istar.

When Pallas is Athena's father the events, including her birth, are located near a body of water named Triton or Tritonis, the result of an etymology of Tritogeneia from Tritonis. When Pallas is Athena's sister or foster-sister, Athena's father or foster-father is Triton, the son and herald of Poseidon. But Athena may be called the daughter of Poseidon and a nymph named Tritonis, without involving Pallas. Likewise, Pallas may be Athena's father or opponent, without involving Triton.

A scrupulous, sacred language expands the simple appellation of the Athenian city Goddess with a formula which leaves no room for doubt that this and no other "Athena" is intended: Athena e Athenon medeousa (Athena, the Guardian of Athens). The old question, whether the town was named "Athenai" after Athena, or vice-versa, must be adjudicated in favor of the first alternative: if "Athena" had originally signified merely the "Goddess of the town or fortress Athens," there would have been no need to refer to her as "Athena of Athens." -- [1]

Claro que a história está mal contada e tresanda a intriga político-ideológica; marca o início histórico do patriarcado helénico com a «caça às bruxas» (que eram as sacerdotisas cretenses das deusas mães das cobras) levada a cabo pelos dórios em Creta!

Atena foi gerada da cabeça de Zeus, após este haver engolido a deusa Metis grávida, apesar dos líbios a listarem como filha de Poseidon e do lago Tritonis e dai o epiteto de Tritogenia ou Tritonia.

A paternidade de Atena, ora filha de Zeus, ora de Palhas, ora de Tritão ou de Poseidon, parece incerta, como seria de esperar duma Virgem Mãe primordial autogerada.

Ouros pró atenienses aceitam este facto mas adiantam que Atena rejeitou a paternidade de Possidónio pedindo a Zeus que a adoptasse o que este teria feito de bom grado, facto que só reflecte a onda política que a queda da talassocracia cretense perpetrada pelos micénicos chefiados por Perseu / Teseu terá gerado em Atenas.

Que terá levado Atena a colaborar na morte de sua irmã ou mãe?

Na verdade, estamos perante uma denegação mítica que esconde a confissão da própria identidade de que Atena não era senão Anat / Istar e uma das muitas variantes de Core / Persefone, filhas negras, nocturnas e lunares, da Deusa mãe das cobras cretenses.

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Figura 19: Atena ajuda Perseu a matar a sua irmã Medusa que segura o Pégaso, filho do Possidónio.

Como a mãe, as górgonas eram extremamente belas e seus cabelos eram invejáveis; todavia, eram desregradas e sem escrúpulos. Isso causou a irritação dos demais deuses, principalmente de Atena, a deusa da sabedoria, que se admirou de ver que a beleza e poder profético das górgonas as fazia exactamente idênticas a ela. Atena então, para não permitir que deusas iguais a ela mostrassem um comportamento maligno, tão diferente do seu, deformou-lhes a aparência, determinada a diferenciar-se.

Mesmo monstruosa, Medusa foi assediada por Poseídon, que amava Atena. Para vingar-se, Medusa cedeu e Poseídon desposou-a. Em consequência disso, nasceram Pégaso, o cavalo alado, e Crisaor. Após isto, Poseídon fez com que Atena soubesse que ele tivera aquela que era sua semelhante. Atena sentiu-se tão ultrajada que tomou de Medusa sua imortalidade, fazendo-a a única mortal entre as górgonas. Em outras versões, Atena amaldiçoou as górgonas justamente porque quando Medusa ainda era bela, ela e Possídon se uniram em um templo de Atena, a deusa ficou ultrajada e as amaldiçoou.

O mito de Medusa revela manifesta confusão ideológica tanto de motivação política quanto de mistura das mesmas tradições por diversidade de proveniência e sobretudo mostra que quando os tempos e as correntes políticas mudam até aos deuses viram de casaca. No entanto a linguagem comum por vezes deixa a verdade mal escondida com o rabo de fora:

Salassa doric for thalassa. (…) Tha^lasso-medon, ontos, o(,   ) = A. lord of the sea, Nonn.D.21.95: Lacon. fem. salassomedoisa Alcm. 84. -- Perseus Digital Library

A esposa de Poseidon foi seguramente uma deusa do mar como Talassa que teve a forma dórica Salassa, que veio a ser a latina Salácia e era conhecida como esposa de Dagon. Ora, o poderoso deus dos mares teve nome de Thalassomedon e sua esposa Salasso-Medusa, ou seja, Medusa, a deusa mãe do mar mediterrânico.

De qualquer modo, o poder e a força de Medusa passaram a fazer parte da égide de Atena, a máscara arcaica da mais moderna das deusas gregas, como prova da relação original entre ambas, denegada por mitos feitos apressadamente pelos mitógrafos de serviço ao Pártenon ateniense.

Claro que não é por olhar para a feiura que se fica petrificado pois, figurativamente, fica-se “pedrado, zangado, hipnotizado mas...de felicidade e de gozo” e, não de horror! De facto, sabe-se que a Gorgónia Medusa...o que não passa de um apelo semântico às deusas cretense das cobras até aos cabelos e de olhar afídeo, sibilino e fulminante!

"was the youngest, and orginally very beautiful. But she had loved the god Poseidon, and appeared in his temple, for which profanity the god took away her beauty, and replaced her hair with hissing, writhing snakes."

--- “Espelho meu, espelho meu, quem será mais bela do que eu?” Gritava a bruxa má da «lua nova» que não era senão a velha mãe gaiteira Tiamat / Hereshkigal com ciúmes da filha Inana / Ishtar a «lua diurna» de pele como a «Branca de Neve» e amada por um pai incestuoso como era Enki! Mas é de suspeitar que nesta luta de gerações a bruxa má seria Atena, a sempre virgem, por ter sido a mãe primordial que pariu um «mocho» sem a ajuda dum «macho». Enquanto a filha amada pelo pai, a «Branca de Neve» foi Istar e Afrodite! Todas as Gorgónias eram deusas mães pois a maternidade era o destino de todas as mulheres, mesmo divinas, e as rivalidades entre mães e filhas são tão violentas quanto cúmplices, ambivalentes e reverberatórias!

A Deusa Mãe teve seguramente muitas antecessoras e uma dela deve ter sido a Hidra de Lerna que seria a descrição em 3ª mão de uma visão aterradora duma lula gigante. A semelhança morfológica com a Medusa é patente em várias das representações desta mas a que se pode ver no museu de Trípoli é flagrante, sobretudo pela sua expressividade barroca típica do helenismo alexandrino. Por outro lado, é impossível não sentir nesta representação Líbia da Medusa o apelo profundo de arcaicos cultos mediterrânicos da deusa mãe que vieram a ter expressão moderna na Virgem de Macarena, sobretudo pelo rosto dolorido e o barroquismo expressionista da sua desenvoltura explosiva. A Égide de Atena encontra aqui a prova da sua origem no culto das cobras da deusa mãe neolítica.

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Figura 21: Hércules e a Hidra de Lerna.

Figura 22: Medusa cartaginesa ou prefiguração da virgem de Macarena. Jamahiriya Museum, Tripoli.

A etimologia de Hércules, o campeão de Hera, uma das formas da deusa mãe, tem ressonâncias com as Gorgónias.

Hidra < Kithar < Ki -taura, Lit. “a terra selvagem” que a deusa mãe era!

> Ki-Ter ó Mater < Ma-Ker + Na => Macarena.

                                                 > Ma- | Ker > Her > Hera |.

 

Ver: ÉGIDE DE ATENA (***)



[1] Athena, Virgin and Mother in Greek Religion (1952) Karl Kerenyi.

1 comentário:

  1. Fiquei fascinado com seu trabalho. Goastaria de saber mais sobre HEKATE.
    Podemos entrar em contato?
    Abraço

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