terça-feira, 18 de junho de 2013

ATALANTA, UM MITO SOLAR NO FEMININO, por arturjotaef

A sobrevivência do nome (ou expressão mítica!) virtual *Ash-Tela-Ana (de que as terras castelhanas seriam um dos paraísos vespertinos em paralelo com a Andaluzia > Antalukika > Anta-Lux, lit. “a terra do ponte que serve de anta funerária ao sol. o Sr. (An)Talo) podemos ainda encontra-la no mito de Atalanta.

Atalanta. As lendas beócias e arcádias atribuem esta heroína o carácter de Artemisa, de quem é, talvez, uma das representações locais. Exposta, à nascença, por seu pai Íaso, que só queria filhos do sexo masculino, Atalanta foi alimentada com o leite de uma ursa e recolhida por caçadores que a criaram. Ela gostava da caça e dos exercícios violentos; atingiu, com suas flechas, os centauros Reco e Hileu, que tinham querido violenta-la.

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Figura 3: Atalanta em «luta livre» com Peleus[1]

She went moreover with the chiefs to hunt the Calydonian boar, and at the games held in honor of Pelias she wrestled with Peleus and won. [2]

O javali da Caledónia foi também morto por Hércules o que não espantaria muito porque deveria haver muitos por aquelas bandas. O espanto reside apenas na coincidência de se tratarem ambos os mitos de claras versões romanceadas de arcaicos mitos solares há muito esquecidos!

Mas a sua castidade pareceu a Afrodite um desafio. Para não se casar, Atalanta imaginou um estratagema. Todos os pretendentes seriam obrigados a disputar com ela uma corrida a pé. Se um deles saísse vencedor, o que parecia impossível, pois ela passava por ser a mais rápida e a mais ligeira das mortais, obteria a sua mão. Se fosse vencido, ela cortar-1he-ia a cabeça.

When many had already perished, Melanion came to run for love of her, bringing golden apples from Aphrodite, (*) and being pursued he threw them down, and she, picking up the dropped fruit, was beaten in the race. So Melanion married her.[3]

(*) According to Ov. Met. 10.644ff. the goddess brought the golden apples from her sacred field of Tamasus, the richest land in Cyprus; there in the midst of the field grew a wondrous tree, its leaves and branches resplendent with crackling gold, and from its boughs Aphrodite plucked three golden apples. But, according to others, the apples came from the more familiar garden of the Hesperides. (…)

But Hesiod and some others have said that Atalanta was not a daughter of Iasus, but of Schoeneus; and Euripides [p. 403] says that she was a daughter of Maenalus, and that her husband was not Melanion but Hippomenes. And by Melanion, or Ares, Atalanta had a son Parthenopaeus, who went to the war against Thebes.[4]

Zeus < Zewus (< Jesus) < Iasus < Hiasho < Wiasho, esposo de Vesta, e logo Hefesto, pai de Talo que seria irmão gémeo de Atalanta como Apolo & Artemisa.

A prova de que seria assim e logo uma variante dos mitos de morte e ressurreição solar com variantes pascais de mitos primaveris reside no papel que Afrodite tem nestes mitos. Outra comprovação de que tudo pode ter sido assim reside na indefinição relativamente à origem das maçãs douradas deste mito. Ora aparece como rival de Atalanta, tal como nos mitos de Adónis em que rivaliza com Proserpina, ora como amante dos amantes da rival oferecendo as suas doiradas esferas celestes colhidas na «arvore da vida eterna» dos jardins paradisíacos das Hespérides que mais não são do que os jardins proibidos das portas da aurora! O interessante é verificar que o paraíso na terra de Afrodite, que foi Chipre, era nos campos de Tamasus, ou seja, nas terras de Tamuz, o deus sumério que foi o amante de Istar nos mistérios pascais dos «ritos de passagem» da primavera!

After an ascent of ten stades inland are the ruins of the so-called Cyphanta, among which is a cave sacred to Asclepius; the image is of stone. There is a fountain of cold water springing from the rock, where they say that Atalanta, distressed by thirst when hunting, struck the rock with her spear, so that the water gushed forth. -- Pausanias, Description of Greece, 3.24.2

Uma réstia da memória destes mitos arcaicos de origem pré-grega estaria precisamente aqui neste pormenor real da história clássica! As ruínas de Cyphanta, lit. Kiki-Antu, «Sr.ª da Terra inteira», seriam o que restava dum santuário de Artemisa, a Virgem Mãe, esposa e irmã de Apolo, deusa das estâncias termais e, por isso mesmo, N.ª Sr.ª dos Remédios & da Saúde. Dito de outro modo, Artemisa, que seria o lado negro e lunar de Afrodite nos mitos de «morte e ressurreição solar» era uma variante de Atalanta que, por sua vez seria uma forma perifrástica de Talya, a irmã de Talo, o deus de que se transforma em árvore florida quando bronze agonizante (quiçá numa bela metáfora dos trabalhos de fundição deste metal!) e ambos filhos de Talo, a Primavera!

Twenty-five stades from here, a hundred stades in all from Tricoloni, there is on the Helisson, on the straight road to Methydrium, the only city left to be described on the road from Tricoloni, a place called Anemosa, and also Mount Phalanthus, on which are the ruins of a city Phalanthus. It is said that Phalanthus was a son of Agelaus, a son of Stymphalus. [10] Beyond this is a plain called the Plain of Polus, and after it Schoenus, so named from a Boeotian, Schoeneus. If this Schoeneus emigrated to Arcadia, the race-courses of Atalanta, which are near Schoenus, probably got their name from his daughter. Adjoining is … in my opinion called, and they say that the land here is Arcadia to all. -- Pausanias, Description of Greece, 8.35.1

Uma das razões de tanta indefinição relativa a genealogia de Atalanta reside no facto de podermos estar perante a sobrevivência dum mito muito arcaico enroupando o corpo de uma lenda real. Na porção histórica poderia ter estado Schoenus e a cidade de Phalanthus, que (quem sabe?) seria da época micénica porque já estava em ruínas aquando desta descrição de Pausânias. Estranhamente este monte Phalanthus, de nome já de si suspeito, aparece junto dum vale como Polus por nome e logo a seguir vem a cidade com o nome do suposto pai de Atlante e onde existia um hipódromo com o nome de Atlanta. Ora, Phalanthus é uma óbvia evolução semântica, de conotação fálica, do nome *Talantus que seria uma forma de Polus e variante de masculina de Atlanta.

Phalanthus < | Polus < Phalu | ( + Antu)|-ish > *Talantus > Atlanta.

Ou seja, neste mito, apenas falta explicitar o nome de Talo.

Foi assim que muitos pretendentes pereceram até ao dia em que Hipómenes, graças a um artifício, ganhou a corrida e casou com ela. Algum tempo depois do casamento, os esposos penetraram num santuário consagrado a Zeus ou a Deméter, segundo as versões, e entregaram-se aos exageros da paixão. Ultrajados por este acto de profanação, o deus transformou-os em leões.

Atalanta < Ash-Tala-Antu > Castalia (Antu) ó Tala-isha > Talicha, lit. “filha de Talo, irmã de Talicho” (> Talo) > Talija > Grec. Talya > «Tália».

 

Ver ATLÂNTIDA (***) & AZTLAN (***)

 

Ora, seguramente não por mero acaso, este mito tem seguras semelhanças com Artemisa, que era uma forma arcaica da Virgem Mãe. O nome do mítico esposo desta assemelha-se demasiado a um deus minoico para que tal tenha sido por mero acaso.

Hipómenes < Hipo-Minus, lit. “cavalo, ou besta de Minos”

> Minotauro, que se verá em capítulo próprio que teria sido uma forma de filho da deusa mãe e logo uma variante de Talo/Atlas.

A transformação dos amantes em leões não é senão uma referência mítica cruzada aos dois leões da deusa mãe da aurora que, por sinal, aparecem como troféus de caça típicos de Artemisa enquanto Potnia Teron.

Por outro lado, outra deusa idêntica a Atalanta foi Efis, que teria a mesma origem pois neste último caso Efis < Ephis > Hikis > Isis, esposa dum deus morto como Talo de que Atlas não era senão uma óbvia variante linguística de muito provável origem hitita.

 

Ver: ATLAS (***) & MINOTAURO (***) EROTES (***)



[1] Rectangulação a partir dum desenho de hidria calcidia do museu de Munique!

[2] Apollodorus, Library and Epitome (ed. Sir James George Frazer).

[3] Idem.

[4] Apollodorus, Library and Epitome (ed. Sir James George Frazer).

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