terça-feira, 29 de outubro de 2013

ERITONIO, A COBRA DE ERESHKIGAL, A RAINHA DA NOITE DOS TEMPOS, por Artur Felisberto.

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Figura 1: PLANCHE LXXXV, A.

La peinture d'un style grandiose reproduite sur notre planche LXXXV, A, fait la décoration d'un superbe cratère  à figures rouges, conservé dans la collection Casuccini, à Chiusi, où il a été trouvé. (...) Au centre, la majestueuse figure de Gœa paraît s'élever d'une espèce de monticule couvert de plantes. La déesse, revêtue d'une riche tunique et d'un péplus non moins chargé de broderies, porte une haute couronne radiée posée sur ses longs cheveux. Gaea va présenter à Athéné le jeune Erichthonius, dont le bas du corps est enveloppé dans une draperie. – Charles Lenormant; Jean Joseph Antoine Marie de Witte, Élite des monuments céramographiques: matériaux pour l'histoire des religions et des moeurs de l'antiquité (Band 1).

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Figura 2: Geia entrega Eritónio a Atena sob o olhar atento do pai incógnito que seria Poseidon?!

"Um relato diz que Hefesto tentou ter relações com a deusa, que fugiu para manter sua virgindade. O sémen do deus, entretanto, caiu sobre a perna de Atena, que removeu desgostosa o sémen que caiu no chão. Daí nasceu Erichtonus, que foi criado por Atena escondido dos outros deuses. Atena colocou-o numa arca, que deu a guardar às filhas de Cécrope, mas estas abriram a arca e viram Erichtonus.

Furiosa, Atena enlouqueceu-as e elas atiraram-se ao mar. Erichtonus, mais tarde, tornou-se o rei de Atena" [1].

No entanto Atena sabia que o filho era seu porque o aceitou mesmo guardado numa arca, que era afinal a forma mais comum de berçário dos tempos antigos. Tais factos provam que os antigos não eram tão ingénuos em relação aos mitos das Virgens mães como o que os cristãos vieram a ser! Deste modo o mito revela vários aspectos importantes.

Primeiro o ser um mito fundador da cidade de Atenas e como tal relacionar-se com a mitologia das cobras titânicas originais como adiante se verá!

Depois que entre Gaia e Atena existia uma cumplicidade tal que só poderia resultar de variantes da mesma entidade mítica. Gaia, a terra mãe, e Atena, a sempre virgem mãe Tiamat / Antu, a Noite primordial.

Finalmente, Hefesto (< Kaki-asto) ocupa aqui o papel de deus do fogo primordial, ou seja ele era de facto o esposo de Tiamat, Abzu.

Abzu < apa-Zu < Kaka-Chu > Kaki-asto > Hefesto.

 

Ver: HEFESTO (***)

 

The name Erichthonius (the "very chthonic one"), a playful interpretation of the name Erechtheus, and used in furthe playful interpretations, remained the name of the mysterious child. -- [2]

Ἐρι-χθόν-ιος = king of Athens. Harpokration. Lexicon to Pindar. William J. Slater. Berlin. De Gruyter. 1969.

ἔρι = lã, mesmo, muito. Χθών = terra.

Bom, uma literalidade como a exposta relativa ao nome de Eritónio obrigar-nos-ia a admitir que se trataria dum nome composto do tipo Eri-chthonius. Ora, uma breve passagem pelo Liddell-Scott-Jones Lexicon of Classical Greek permite-nos chegar à conclusão de que, literalmente, o filho de Atena significaria, quanto muito, o «ouriço» (< Lat. Ericiu), “o subterrânea de lã (pelo) eriçada (como ou ouriço)”, quem sabe se na conotação de “lãzudo e lamacento” como os gémeos Lamachu da caldeia!

Eri, to, indexl. form of erion, wool.

Ero < eiro = dizer, ordenar. Ê = verdaderiramente.

Euris, inos, ho, hê, with a good nose, i. e. keen-scented.

Ari- [a], insep. prefix, like eri-, strengthening the notion conveyed by its compd.: cogn. with areiôn, aristos, chiefly denoting goodness, excellence: mostly in older Ep. and Lyr. aurion, Adv. to-morrow. --[3]

De facto, na falta duma conotação explícita Erichthonius tanto poderia ser uma evolução de *erro-/eiró-/euri-/ery- | chthonius como de *ary-/auri-/airi- | chthonius, etc.

A verdade é que uma análise sumária da língua grega permite-nos postular uma raiz eri- mas com uma conotação que começa em “quezilenta” e acaba relacionada com a glória da heroicidade guerreira, seguramente derivada da raiz *her-, supostamente indo-europeia. Mas, a verdade porém parece ser bem mais prosaica.

 

Ver KAURANOS (***)

 

Erecteu

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Ere-chtheus, (…), an ancient hero of Attica, (…) – Eri-chthonios, ho, an Attic hero, (…).: Eri-chthonidai, = Erechtheidai, (…). ·  hence Ere-chtheion, to, Temple of Erechtheus at Athens,(…): Ere-chtheidai, hoi, members of the Ere-chtheid tribe, (…) hence, a name of the Athenians (…) -- ·  Ere-chthêis, idos, contr. ereun-ês, êidos, fem. Adj. of Ere-chtheus, thalassa E. a fountain at Athens sacred to him, (…) also a name of one of the Attic Tribes. (…) Name of Poseidon at Athens, (…); Poseidôni Erechthei. --[4].

Erechtheus (Greek: Ἐρεχθεύς) in Greek mythology was the name of an archaic king of Athens, the re-founder of the polis and a double at Athens for Poseidon, as "Poseidon Erechtheus".

Existem duas versões para o mito. Em uma delas, ele é identificado com Erictônio, filho de Gaia e de Hefesto.

Na outra versão ele é filho do rei Pandião I de Atenas. Para vencer na luta contra os eleusínios e os trácios, sacrificou, de acordo com a mulher, uma das suas três filhas (Eurípides, em sua peça teatral Íon, dá-lhe uma quarta filha, Creúsa), o que deu motivo a que mais tarde Poseidon o aniquilasse e à sua descendência. Ele foi sucedido por seu irmão Cécrope II.

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Figura 3: Vaso grego atribuído a Codrus com as seguintes inscrições: KE[K]ROPs; GE; ERICHTHONIOS; ATHÊNAIA; [Ê]PHAISTOS; ERSÊ (de que se vê apenas a ponta do vestido). Para além da beleza do desenho e do equilíbrio da composição há que realçar a simetria semântica dividida pelo X das varas das duas Deusas Mães, arcaico símbolo dos troncos de lenha da telúrica Deusa Mãe do fogo da Terra e dos lares! De certo modo poderia suspeitar-se que se teve a intenção de realçar um certo aspecto em espelho da analogia mítica. À esquerda Kekrops (< Kakur-Ophis), ainda meio serpentacular, formaria com Geia o casal de anfíbios do caos primordial de que Atena e Hefesto seriam o módulo mítico, feita à sua imagem e semelhança! Porém, o eterno “deus menino” permaneceria sempre o mesmo «*karishtos», o fogo do céu, pequeno “príncipe solar” ungido como “filho primogénito de Deus do céu”, quotidianamente nascido e anualmente ressuscitado!

The exchange of roles between the Acropolis and Eleusis finds mythical expression in the legend of the war between Erechtheus and Eumolpus, the leader of the Eleusinians and first ancestor of the family of hierophants. Erechtheus died in this war, and yet was victorious.

(…) But poets and local historians agree that this was the first war that Athens had to win, that the Eleusinians posed a serious threat to the city, and that Erechtheus mysteriously died in battle, rammed into the earth by Poseidon's trident. Pg. 147

(…) Athena herself resolves the play at the end when she addresses Erechtheus' widow, Praxithea, saying, "and for your husband I command a shrine to be constructed in the middle of the city; he will be known for him who killed him, under the name of 'sacred Poseidon'; but among the citizens, when the sacrificial cattle are slaughtered, he shall also be called 'Erechtheus'. "To you, however, since you have rebuilt the city's foundation" (Praxitheah ad given her assent to the sacrifice of her own daughter before battle), "I grant the duty of bringing in preliminary fire-sacrifices for the city, and to be called my priestess". Thus, the founding of the Erechtheuma nd the institution bf the priestesso f Athena coincide.

(…) There, the departure from the Acropolis and the journey toward Eleusis repeat Erechtheus, march against the Eleusinians, toward Skiron and death. With the "dissolution" in the last month of the year, there is, mythically speaking, the mysterious yet violent disappearance of the first king - a "king,s death". In ritual, this corresponds to the act of killing, the intense, disquieting sacrifice with its inversions, its peculiar assignment of parts, drawing each - if it can - to his particular place in the circle of participants. Thus, inasmuch as sacrifice is an act of killing, it is propel to speak of a king symbolically killed at the end of the year.

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Figura 4: Geia devolve Eritónio a sua mãe Atena.

(…)That Poseidon and Erechtheus were merely two names for a single god, a fact that is stated by Euripides, is also clearly visible in the cult. In the temple itself one altar stands for both; there is only one priest; consecrations and sacrifice are dedicated to, “Poseidon Erechtheus”. An historian would say that a Homeric, pan-Hellenic name has been superimposed on an autochthonous, non-Greek name. The myth distinguishes between the two as victor and the vanquished: Poseidon with his trident, against Erechtheus who sank into the depths. Yet in Euripides' play, the conflict produced a paradoxical identity. The victim assumed the god's name, and destruction became a blessing. Whereas the mythographer made a clear distinction between the god and the hero, the tragedian recognized the unity in the polar tension of sacrifice. Here, again, the higher, unambiguous power is the female divinity, the “city goddess, Athena”.

(…) That Poseidon and Erechtheus were merely two names for a single god, a fact that is stated by Euripides, is also clearly visible in the cult. In the temple itself one altar stands for both; there is only one priest; consecrations and sacrifice are dedicated to Pposeidon Erechtheus.

An historian would say that a Homeric, pan-Hellenic name has been superimposed on an autochthonous, non-Greek name. The myth distinguishes between the two as victor and the vanquished: Poseidon with his trident, against Erechtheus who sank into the depths

Yet in Euripides' play, the conflict produced a paradoxical identity. The victim assumed the god's name, and destruction became a blessing. Whereas the mythographer made a clear distinction between the god and the hero, the Tragedian recognized the unity in the polar tension of sacrifice.

(…) Erechtheus and Erichthonius are obviously merely variants. Only Erechtheus is used in cult, as it is the original, probablyn non-Greek, name. Erichthonius who is "peculiarly of the earth," is a Hellenizing neologism, perhaps taken up in Attic epic because of the etymology. The myth then differentiates between the two by telling of Erichthonius' birth, but Erechtheus' death. So, too, the genealogies made Erechtheus king after Erichthonius, who, as the "earth-born" child, had to come at the start. In the festival cycle, the mysterious child and the king's sacrificial death confronted each other in the last month of the year. The new king was inaugurated at the subsequent Panathenaia: Erechtheus is dead, long live Erichthonius! What the Arrhephoria, the Skira, and the Buphonia had dissolved, the act that celebrated the polis's birth restored.

(…) In cult, Poseidon was identified with Erechtheus. The myth turns this into a temporal-causal sequence: in his anger at losing, Poseidon led his son Eumolpus against Athens and killed Erechtheus.  Even here, the correspondence between Poseidon´s defeat and Erechtheus' sinking into the earth was perceived.

(…) At the city's highest point, atop the Acropolis, there is also that bit of sea that surfaices in the sanctuary. Likewise, the Babylonian temples contained a bit of Apsu, the primordial Ocean, who was murdered by his son Ea so that Ea could build his palace and temple on top of him. Pg. 156 – Homo Necans: The Anthropology of Ancient Greek Sacrificial Ritual and Myth By Walter Burkert.

Eri-chthonius ou Ere-chtheus seria apenas uma variante destes epítetos de Apolo e terá sido por isso que Erech-theus, literalmente o deus Ere, foi “o re-fundador do polis de Atenas e um sósia de Poseidon, como “Poseidon Ere-ch-theus”.

Claro que este Poseidôni Erechthei seria a sobrevivência dum saber arcaico que relacionava os deuses do mar com os deuses dos infernos do Kur porque o sol tanto se punha e nascia no mar como, supostamente, nas míticas cavernas vaginais da terra! Poseidon revelava a relação de Hefesto com Abzu e Erechthei, com os deuses infernais da cidade suméria de Eresh.

Eritónio seria então uma mera variante de Erech-theus nome do herói do mito fundador da tribo de nome idêntico que primitivamente colonizou a acrópole de Atenas, a dos «erécteis» ou erectónidas! Ora, o espantoso de tudo isto é supor assim que estes erectónidas que primeiramente colonizaram Atenas até poderiam ser colonos de Eresh, a cidade suméria de Ereshkigal, a Perséfone da Caldeia, o que comprova a arcaica relação da cultura minóica com a suméria pela via da Anatólia ainda bem identificada na relação cultural entre hititas, hurritas e povos mesopotâmicos.

Perséfone < *Pher-ish + Kiash-An = An-Kur-Ish Kiat = Afrodite + Hestia.                                       ó Ki-Erish, = Eresh-Ki  +  gal, Erehkigal, lit. “rainha da terra de Eresh”.

Sendo assim, as voltas da etimologia mítica permitem as seguintes correlações míticas:

Afrodite & Vulcano º Vestia & Hefesto º Atena & Hefesto =>

Atena º Vestia º Afrodite ó Perséfone.

Tanto terá assim sido que a ritualidade relativa ao culto de Atena em quase tudo era idêntica aos cultos eleusinos de Deméter!

The symbolic animal of Athena, the owl, was also related to the realm of the dead. According to one story, Ascalaphus, the son of Acheron and Gergyra (which is a variant of Gorgon and thereby has a relation to Athena), was to blame for Persephone's enthrallment with Hades -- he revealed that she had eaten part of the pomegranate, or he even seduced her into doing it. For punishment he was turned into a type of owl, which was called Ascalaphus. The similarity of the one aspect of Athena to Persephone is attested by the pomegranate and possibly also by the owl. Festivals such as the Procharisteria or the Skira, which could be confused with festivals of Persephone, can be merely mentioned as a further bit of evidence. In her temple near the Boeotian town of Koroneia, Athena was worshipped together with Hades. Our source, Strabo, does not reveal the guarded secret of the mythologem which clarifies this association, but he does say explicitly that it came about "for some kind of mystical reason." The Athenian in Plato's Laws names Athena frankly "our Kore and Despoena," or in other words "our Persephone.". -- [5]

Asclépio < Ascalaphus < Ashauraphus < Iscur-acio, filho de Iscur

+ Anu => Iscur-an > Ash-Kuran > Acheron

Tal que significa que Acheron, o barqueiro dos inferno, é o mesmo que Crono, era também o mesmo que Iscur.

 

Ver: ESCULÁPIO (***)

 

Descobrir também que a Gorgona, Kur-kina, lit. “a Gina, ou Atena do Kur”, era a mesma que Ereskigal já não é assim espanto algum!

Porém, sem que seja necessário sairmos do génio da língua grega a verdade é que a «violência» da postulada raiz eri- não faz mais do que fazer jus à «fúria» das Erínias, afinal recebida da própria deusa da raiz de todas as «discórdias»!

Eris is the goddess of discord and the daughter of Zeus and Hera. She is obsessed with bloodshed, havoc, and suffering. She calls forth war and her brother Ares carries out the action.

Se Ereshkigal, lit. Eresh, a rainha da terra”, era irmã e esposa de Erragal, variante de Iscur/Nergal, com um pouco de boa vontade para aceitar analogias menos evidentes facilmente se aceita que este divino casal de deuses ctónicos teria evoluído na língua grega para Éris < Eresh < Kurish (= Iscur) > Arish > Ares. Ora, tal como Anat era deusa dos infernos também Atena seria pouco mais que uma variante de Éris.

Indeed on more than one occasion within the Iliad she (Athena) even bests Ares in battle, and after one such encounter Homer (Iliad V:875 ) makes the humbled war-god refer to Athena by the epithet of Aphron, "crazed, frantic". THE BIRTH OF ATHENA, Ev Cochrane.

Então, Eritónio = Eri-chthonius seria lit. “deus das fúrias da terra”, pouco mais do que uma variante telúrica dos “quatro cavaleiros do Apocalipse”, pouco menos do que metáforas cristãs dos terríveis Iscur / Addad, senhores das catástrofes naturais, como eram os terramotos e as tempestades, bem como da cadeia de calamidades humanas que ontem como hoje sempre andaram subjacentes à “guerra > fome > peste”!

En el período histórico, era frecuente referirse a Poseidón por los epítetos Enosi-chthon, Seis-chthon y Ennosi-geo, significando todos ‘agitador de la tierra’ y aludiendo a su papel como causante de terremotos.

Pois bem, Eri-chthonius ou Erechtheus seria apenas uma variante destes epítetos de Apolo e terá sido por isso que Erechtheus foi em mitologia grega o nome de um rei arcaico era de Atenas, o re-fundador do polis e um sósia de Poseidon, como “Poseidon Erechtheus”.

 

Ver: POSEIDON (***)

 

Se bem que Ares fosse já pouco amado dos helenos clássicos a ele terão, sem dúvida, sido rendidos majestosos preitos e honrosos cultos nos tempos heróicos da arcaica “idade das trevas” helénicas! Desses tempos terão ficado epítetos divinos, de que os clássicos perderam parte do sentido, relativos a deuses como Zeus, Apolo & Hermes, que, por isto mesmo, seriam considerados mais tarde insuspeitos de arcaicas violências!

Er-ithaseos, ho, title of Apollo in Attica (iv B.C.): written Eri-satheus in cod. Hsch. (post eri-thaleis).

Eri-thios, ho, epith. of Apollo in Cyprus.

Eri-phullios, ho, epith. of Apollo & Hermes, Hsch. <= Eri-phullos, on, com muitas ou longas folhas, como os gladíolos ou como a caruma eriçada dos pinheiros?

Eridimios, ho, epith. of Zeus at Rhodes, Hsch. (< Cf. Erethimios, lit. “o de humores furiosos?” ). Eri-ounios and eri-ounês, ho, Ep. epith. of Hermes, of uncertain meaning. --[6]

Deixando a parte da cada vez mais plausível suspeita de que Apolo & Hermes eram divinos gémeos primordiais, não deixa de ser interessante que Apolo apareça com o maior número de epítetos deste grupo relacionado com eris-, a «raiz da violência» grega! Quanto à incerteza do epíteto Eriounios de Hermeseste seria quase de certeza uma corruptela de Erichthonius.

De facto, na cena do nascimento de Eritónio Hermes aparece mais do que a julgar a maternidade de Atena e sobretudo a afirmar a sua paternidade incógnita, quanto mais não seja por ser uma variante de Hefesto / Abzu / Enki !

Erithaleis < Erithaseos < Erisatheus < *Eresh-Theus  > Erithios.

*Eresh-Theus  + Anu => Eresh-the-Anu-(us) => Eritónio.

Present as well was the son, who was always called by the pseudonym Erichthonius. There was a secret tradition concerning him, which Aristotle exposed and systematizers of Greek mythology after him retained. According to this, Athena is explicitly assigned a son by Hephaestus with the name Apollo, and the two of them are described as protective Deities (tutela and custos) of the city of Athens. An inscription in the vicinity of the city celebrates Apollo with the epithet Hersus, which associates him (as divine child) with the Erechtheum. If the reading of "Lethe" in a passage by Plutarch is correct, then there stood in this same sanctuary an altar to the recognized mother of Apollo, who instead of openly being named Leto was hidden behind a playful pseudonym. -- [7]

 

Ver APOLO (***)

 

Ora, não pode ter sido por mero acaso que Eritónio foi considerado pela tradição aristotélica, insuspeita de ligeireza e concessões a levianos desvios da ortodoxia, como um pseudónimo secreto de Apolo. Na verdade, este Apolo Hersus seria o mesmo dos epítetos anteriores.

Hersus < Eresheus < *Eresh-Theus < Kurish-tos > *Karishtos > Cristo.

Sendo assim, e suspeitando-se que Atena e Artemisa seria variantes da mesma arcaica Virgem Mãe, o facto de Apolo ser reconhecidamente um irmão de Artemisa colocaria Atena na posição de mãe dum irmão o que nem seria sequer um grande paradoxo mítico já que apenas deixaria a descoberto aquilo que já se suspeitava. Que este Eritónio/Apolo era filho do pai de Atena, Poseidôni Erechthei.

In a strict religious formula, which is a frequently recurring prayerful invocation of the three major Deities of the Greeks, Athena is named after Zeus, and Apollo is named third: Ai gar Zeu te pater kai Athenaie kai Apollon =  When then, Oh father Zeus and Athena and Apollo... This trinity of father-daughter-son would exist even without Hera.

Como Poseidon foi o deus supremo da antiga talassocracia cretense seria, de certo modo, uma manifestação de Zeus «sobre as águas» sendo aliás frequentes as confusões representativas destas duas entidades. O tridente de Poseidon seria apenas uma variante do feixe dos «três raios» com que Zeus solene e tempestuosamente praguejava sobre os mortais!

Shining through all this mystery is a "sun child," neither more nor less sun-like than Apollo himself on Delos. The Athenians decorated and handled their newly born children in accordance with this example. When they gave the infants a serpentine golden necklace and placed them in round baskets, as Euripides tells of Ion (the son of Apollo and Creusa, daughter of Erechtheus), the practice represented a repetition of what happened to the divine child on the Acropolis. -- [8]

Esta versão de Eurípedes é quase que seguramente o mesmo mito com nomes trocados e baralhados porque o mito do nascimento de Eritónio seria uma das muitas versões dos mitos de “morte e ressurreição” solar que reconhecemos no mito de Eos e Titónio e no mito de Sarpedon.

Titónio < Ctónio < Ki-tan, lit. “a cobra da terra!”

Eritónio < Eri-| ó Anu | tónio, lit.«o Sr. Cobra»> «António»!

Erichthonius <= Kurish-Tan(ius), lit. «a cobra Iscur = deus cobra filho dos infernos do Kur»

ó *Kur-Ki-tan > *Haur-Phi-Atum Lit. «Píton, a cobra solar» => Sarpedon.

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Figura 5: Atena e Eritónio, guardado por serpentes num açafate de serpentes!

That child was guarded by serpents, but it was also represented as having the form of a serpent or serpentine feet. The color of gold, suited to a sun child, also has a mythological meaning, which comes to light in various remarks that have come down to us. Aglaurus loves gold, and Hermes can bribe her with gold to let him in to see Herse.

The serpent of the Acropolis, too, is supposed to have been especially fond of gold, and for this reason the Athenians wore their characteristic golden hair ornaments. (…)

No one would think of any other festival than the Panathenaea had the month of Skirophorion not been stated explicitly for it. This was the month of the great bull sacrifice and the "mysteries" preceding it, i.e., the festival of Skira, in which the priestess of Pallas, the priest of Poseidon Erechtheus, and the priest of Helios all participated -- [9]

 

Ver: EOS / SARPEDON (***)

 

Aliás,

Erichthonius < Ery-Kitan-ius, lit. «filho de *Ery-Quitana»

º Afrodite (= Quitana) guerreira º Atena Areja, Atena «a Arisca»!

Este festival de «todas as festas de Atenas» (lit. Panathenaea) era realizado no mês de Skirophorion porque era o tempo do festival do transporte solar, Skira < *Ki-kura > Sacar! Nestas festas teriam que participar os sacerdotes de Palas, a mãe da criança, do esposo da mãe que se suspeita ter sido Poseidôni Erechthei, afinal uma variante de Hefesto (< *Kiphi-ash < *Enki-Phiat ), e o sacerdote da própria criança festejada que era, nem mais nem menos, o sacerdote de Hélio, o sol!

(…) Nine months after this wedding celebration, the Panathenaea (also earlier called the Athenaea) was celebrated. This nine month interval, about which we earlier knew only that it served the purpose of weaving a new peplos for the Goddess, now becomes intelligible [Image: The weaving of the peplos]. Before the birth of Athena as virginal daughter of her father is celebrated in the fortress, two servants leave with a locked basket. On the basis of new excavations, their path can be traced precisely: they left the Acropolis via an underground stairway which led northwest into the Aglaureum. The maidens, however, had to bend from this path eastward, and there they came upon the grotto sanctuary.

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According to Pausanias, their goal was supposed to be the sacred precinct of "Aphrodite in the Garden." Whether this name should be attributed to the grotto sanctuary remains an open question, The cavern was a sanctuary of Aphrodite and Eros and full of cultic monuments to both of these Deities, among them stone phalluses and representations of the divine child Eros. After the maidens had returned to the sanctuary of the virgin Athena, carrying another and again mysterious burden, they were removed from service and others were chosen to replace the. -- [10]

Figura 6: O Paladium era uma imagem anicónica ou seja, um xoanon de Atenas.

A importância desta referência reside na suspeita que se tem noutros contextos de os cultos de Eritónio serem uma mera variante local tipicamente ateniense de muito arcaicos cultos solares relacionados com a Deusa Mãe, quase sempre referida na tradição helénica a Deméter mas também muitas vezes relacionadas com Afrodite & Eros!

De resto, Eritónio é mesmo uma variante linguística dum dos Erotes.

Pois bem, Eritónio teria mesmo que ser Eros o filho de Afrodite porque esta, Perséfone e Anfitrite foram, também etimologicamente, a mesma Deusa Mãe suprema de Creta.

Depois, o “deus menino” do sol nascente só poderia ser um, tenha ele tido o nome de Eros, Dionísio ou Eritónio. E depois, o pequeno génio alado que esvoaça na mão esquerda da deusa seria apenas o Espirito Santo da Sabedoria na forma de um dos Erotes ou um qualquer outro “deus menino”, quiçá o «falo» de que o palladium de Pallas Atena seria precisamente a arcaica variante?

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Figura 7: Os três Erotes de que Eritónio seria a variante mais arcaica e reptiliana.

Erotes < Ero-ti + anu < Erautaniu > Eritónio.

«Falo» < Phallo < Kar-lu, “o pequeno príncipe ou o homem do rei”

=> Apolo.

Costuma ser suposto ser Nikê, a vitória, mas afigura-se pequena demais para as potencialidades duma deusa das vitórias.

On the basis of everything we have presented here, we must assume that the basket contained symbolic objects which at least on the way down, signified the divine child. It has actually been handed down that the Arreta of the basket were serpents and male members made of dough. Whether distinct objects are meant here or a single form, made of cake, that united and could be conceived of in this way or that, remains beyond our current knowledge. Perhaps on the way down it was a serpent figure; it was said explicitly that Athena had given birth to a serpent and that Erichthonius was a serpent, and the form of a serpent was also not incompatible with the name of Apollo, who could as well appear as divine serpent. On the way back up, the basket could hold differently shaped cakes, i.e., those of which it was said that they had been baked for the basket-carrying maidens, for the Arrephoroi: the anastaoi, whose name indicates a phallic shape. Perhaps the servants were given these when they were removed from service after the festival, having been initiated into future motherhood through the mysteries which they carried. -- [11]

Enfim, Arrephoroi < Har-re-Phor < *Kar-la-Phaur, lit. «a mulher que transporta *Kar, o deus solar do amor! Este deus teria em Creta um nome relacionado com o própria terra e deusa mãe Kar-ki, Kar-lu-Ki, lit. «*Kar, o macho de *Karki».

Harlithi > Arriti > Arreta.

Eryphi >Eriphio + anu, lit. “O deus menino” > Erithiano > Eritónio.

Sabemos que “o deus menino” dos helenos por excelência era Dionísio! Seria este também Eritónio? Pelo menos foi um deus ctónico com o epíteto de («maricas» < marichaus <) Meilichios < *Mel-Kius => Sr. Zeus.

In Attica, however, Zeus too bore the form of serpent as Meilichios -- an epithet of the paternal God of the underworld, as well as of Dionysus in this aspect -- and as Ktesios, who is mentioned with Athena Ktesia in one and the same prayer formula. In the rich theriomorphism of the mythology of Pallas Athena, the association of the Goddess with the form of the serpent certainly belongs to the most ancient stratum. The assertion is even put forward that the serpent -- at once "palace snake" and "Palace Goddess" -- was the prehistoric predecessor of the Goddess herself. -- Athena, Virgin and Mother in Greek Religion (1952), Karl Kerenyi.

Pelo menos teve epítetos com ele relacionado.

Eri-phios, epith. of Dionysus at Metapontum, (…).Eri-pheios, on, (eriphos) of a kid (…)

Eri-pheios < Eri | chius < Ktesios => Erictónio!

Corona < Kaurhauna < *Karki-Ana > Kartena => Ariadne.

E de novo a mitologia nos atira terra para os olhos pois só não se repara que Corona era uma variante de Atena se não se tiver reparado na relação estabelecida antes entre Ariadne e Atena. De facto, Dioniso, enquanto o “deus menino” do nascer do sol tinha todos os direitos de vir a contrair núpcias com uma deusa da aurora.

Dionysos became her husband and gave her the jewel-encrusted golden Wreath of Aphrodite, who had given it to Him; hence she was called Aphrodite Ariadne. She loaned the Wreath to Theseus to illuminate his way through the Labyrinth (the Underworld), for which infidelity she was punished. she died in childbirth, an event thereafter reenacted in ritual by a man (cf. Zeus as mother). Thereafter, Dionysos was reunited with her on Dia, (the Divine Isle), and He raised her into the Heavens as His bride. Dionysos set Her Wreath in the Heavens, where it is now known as the Crown of Ariadne (Corona).

Tal significaria que Atena/Ariadne, a sempre virgem, foi afinal casada com o próprio filho, o mais licencioso dos deuses, de facto quase sempre acompanhado de seu pai, Hefesto! Eritónio, o filho único de Atena e Hefesto, teria sido assim o próprio Dionísio, deus que em Creta andaria metido incestuosamente com a própria mãe Ariadne/Atena! Pois bem parece que a tradição das relações incestuosas com o próprio filho eram tão arcaicas como as da relação do pai com a própria filha!

The possibility of a mythical wedding of serpents, in which the bride would also take the form of serpent, must naturally be considered in this connection. As one can infer from the Orphic tradition, such a mythologem exists in connection with Rhea and Zeus, mother and son, as a prelude to a second serpent wedding between Zeus and Persephone, father and daughter, wherein only the masculine portion of the incest -- and therefore archaical pair -- appeared in animal form. -- Athena, Virgin and Mother in Greek Religion (1952), Karl Kerenyi.

 

 



[1] Mitologia on line.

[2] Athena, Virgin and Mother in Greek Religion (1952) Karl Kerenyi

[3] Liddell-Scott-Jones Lexicon of Classical Greek.

[4] Liddell-Scott-Jones Lexicon of Classical Greek.

[5] Athena, Virgin and Mother in Greek Religion (1952) Karl Kerenyi

[6] Liddell-Scott-Jones Lexicon of Classical Greek.

[7] Athena, Virgin and Mother in Greek Religion (1952) Karl Kerenyi

[8] Athena, Virgin and Mother in Greek Religion (1952) Karl Kerenyi

[9] Athena, Virgin and Mother in Greek Religion (1952) Karl Kerenyi

[10] Athena, Virgin and Mother in Greek Religion (1952) Karl Kerenyi

[11] Athena, Virgin and Mother in Greek Religion (1952) Karl Kerenyi

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