segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

DEUSES DAS CORES II – MIRTILHO por arturfelisberto

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Figura 1: Mirtilo comum.
O mirtilo, também conhecido como arando ou uva-do-monte (Vaccinium myrtillus) é um arbusto que pertence à família Ericaceae (família da azálea). As plantas são arbustos de pequeno porte que crescem em sub-bosques de florestas temperadas na Europa. Vive em regiões nas quais o inverno é bastante rigoroso, daí a dificuldade em cultivá-lo no Brasil.
Une fois rendu Nordique, même ce mythe chrétien garde une sensualité qui serait honteuse dans une civilisation où la sexualité féminine est dégoûtante. La Vierge est fécondée par une sorte de myrtille nordique dont la tige lui monte d'abord le long du corps (le chant décrit les diverses parties rencontrées, comme nous allons le voir) avant de déposer son fruit dans le ventre de la mère du Christ en passant par la bouche. La magie féminine dans les mythes nordiques, Yves Kodratoff

*KILALU
Yellow < Middle English yelow, from Old English geolu. See ghel-2 in Indo-European Roots.
A partir da natureza aglutinante do sumério pode postular-se a existência duma Deusa Mãe que além de Ki-Gal poderia também ter sido chamada *Ki-Lalu, literalmente a “Terra da abundância” que se manifestaria pela profusão floral da primavera e cujas filhas seriam, Erechquigal (que mais não seria do que Korê, ou Perséfone a filha de Ceres / Deméter) e Istar.
Outro nome de Erechquigal seria Allatu, nome que poderia derivar de alal-tu, lit. “nascida de *Alal, literalmente a “vaca lavradeira”, que a Deusa Mãe era enquanto deusa da noite e que era também a Sr.ª da dupla montanha da aurora, Aruru, também Alala, Sr.ª das “festas das colheitas” almejadas abundantes.
Abundância em Sumério = Sumer. He-Gal <= Ki-Gal = Great below; great earth <= Ki-Gar = place (on the ground). Lalu = Abundant.
Alala: The harvest song, or perhaps the god(ess) of harvest song.
Aruru < *Aru-Aru, lit. a “Sr.ª da dupla montanha” < Haur-Haur < Kur-Kur
            > *Alaulu < Halalu < Kilau-(eia) ó *Kilalu > Kilili > *Kilia.
                              > Alala + tu > Ala-tu > Allatu > Allat.
O aparecimento da nova sílaba –al- (= com a conotação suposta de meretriz) no nome definitivo de Allatu terá sido a causa da má fama da esposa de Nergal, que além de estéril foi “sempre virgem” quando, afinal, a sua irmã Istar é que teria sido a deusa da “prostituição sagrada”. Uma das constatações a respeito da linguística primitiva é a de que as vias etimológicas seriam circulares e recorrentes. O facto óbvio de os léxicos primitivos serem pobres, tanto na quantidade de termos disponíveis como, sobretudo, em termos alternativos faria com que a proximidade fonética dos termos actuasse como um auxiliar de memória dos falantes de tal modo que a ressonância étmica seria uma das formas fundamentais de enriquecimento semântico. Assim, por exemplo, o radical -*Kilia do nome da Sicília, ilha de todas as abundâncias mediterrânicas e de Marselha, a cidade que, tal como Sevilha, as distribuía, poderá ter tido origem semântica diversa, fosse por relação coma a semântica da deusa virtual da Abundância *Kilalu, fosse por mera relação com os cultos de Aruru, a “Deusa Mãe dos montes da Aurora”, também conhecida por deusa das cavernas ou Cibele!
Sevilha < Cewilia < Ki-*Kilia > «Cecília», a santa padroeira da música!
                   Sicília < Ki-*Kilia < Kiki- | lila < lula | < *Kilalu.
   Mar-| selha < célia < *Kilia.
A esta *Kilalu seria dedicado o *ul-li, a “linda” flor-de-lis amarela.
Sumer. Ul = bud; flower; ornament; to glitter, shine; remote, distant; ancient, enduring; joy. Hi-Li  = Beauty. Hul = Joy. I-Lu = Song. E-Li-Lum (La) = Cry of joy. Li = aprasível! Allatu: Babylonian Goddess of copulation, wife of the demon king Nergal. See Ereshkigal. La = Harlot. Al = Digging. Al-Al = Cow.
             He-Gal, lit. «grande Ki»? < Ki-Gal + Eresh => Erexquigal.
Cibel < Ki- | Wer < Kur > Gar > | Ki-Gal ó *Ki-Lalu
                                                                   > I-lu
*Ki-la-lu < Hi-l(a)lu > Hillu > *Hi-lu > Hul (-uppu) > ul => Grec. ula (= wood)                                                     > Hi-Li.
L. lilium < leilium < Gr. leirion < leirian < | lauri (> Bac. lore) < luri | + an
< luli < Sumer. *ul-li, lit. «flor li-nda»[1] <= *Kilalu
> Cret. *ullish => Frac. (flor de) lis.

Ver: ABUNDANTIA (***)

Sethunya - fiore (tswana, lingua africana). Nawra - fiore (arabo). Nevet, Nitzah/Nitzana, Smadar - bocciolo (ebraico)
Sethunya < Seth-un-ia < Ki-Atun-ia > Pitonia > petunia.
Nawra < Ana-Wer > Werana > Verão.
Nut, deusa da aurora primordial < Nevet < Newet < Enki-et = Istar.
A flor amarela que seria dedicada a *Kilalu, como símbolo da fome saciada pelas cores e frutos maduros da primavera e pelo amarelo dos cereais, seria o *Ki-ull-ish. De entre os vários termos que teriam derivado deste termo virtual, podemos apontar no grego clássico o termo deilos, de que terá derivado o grego dele-térios, (= deletério = destruidor) e no latim, o homólogo dela-tore, termos com a conotação dos delatores como dolo e delere e influenciado a semântica criminal de deludere e delictu, e feminil do «delgado e delicado».
Sumer. Lul > lu5 = to lie, deceive; liar; lie; false; treacherous.
Grec. Deilos [deos] I. of persons, cowardly, craven, Il. hence, vile, worthless, (…). 2. miserable, luckless, wretched, Hom.; with a compassionate sense, like Lat. miser (…). Deos, gen. deous (…) :-- fear, alarm, chlôron deos = pale fear (…).
A razão pela qual este termo perdeu a sua semântica floral e botânica para passar a ter apenas conotações negativas de crime e traição pode estar relacionada com os mistérios de morte e ressurreição pascal nos quais o tema da traição de que Judas Iscariotes não se conseguiu livrar, fariam parte inevitável do patos da paixão pascal em que a morte divina era precedida pela angústia (de que derivariam a «dor» e o «dolo»!) da traição fraterna e dum julgamento injusto e sem testemunhas de defesa.
Rastos étmicos desta relação floral poderão ser encontrados em termos como thalia, Talia e vandelia, os termos portugueses «tília, bodelha», nomes como Túlia e, quem sabe, Atília e Adília, supostos diminutivos da acácia, a árvore da imortalidade!
Thalia, Talia - fiorente (dal greco thallein, fiorire). Vandelia - pianta che fiorisce (spagnolo).
«Tília» < Túlia < theull- > Thalia > Tália.
                                         > Délia > (Van)dália > Adélia!
          Ki-ull- > theull- > deill- > grec. deilos => «dolo».
    Amar-ull- > Amaril- > Esp. amarilho > «amarelo».
Amar-tu-ull- > > Mart-ull- > myrt-ill- > «murtilho» / Mir-tillo.
                                                             (> Lat.*mortualia) > «mortalha».
                                            > Mer-tu-ill-[2] > «Mértula».
*Kilalu => *kila[lu + (ul)]li-ish ó *Ki-ullish, lit. ”o lírio de Ki” >
*The-allu > the-ullus > grec. deilos > deios > deos.
                  *Ge-allu ó Tellus < Ker > Ceres.
                                   ó Ki-allos > grec. kaulós > Talos.
> Lat. caule > «caule» das plantas.         > Grec. Kaul- es
> Kal-amos, literalmente *caulame, conjunto de caules de cereal
> Gr. kálamos > Lat. calamu > «colmo».
De facto, a etimologia de deilos não é segura pois o medo clássico mais comum era a fobia e deos soa a um derivado de deilos com semântica reforçada por conotação com o “temor divino”, possivelmente por ressonância fonética com o dyaus indo-europeu. A conotatação dissolvente deste termo, correlativa do latino delere, pode ser resultado precisamente de ser o amarelo uma cor próxima da brancura e, por isso mesmo, ter a mesma conotação descorada e desmaiada da lividez dos mortos míticos, particularmente quando vítimas de traição! Neste caso é possível propor que deilos seria um arcaico termo cretense que teria outrora tido o mesmo papel de Amarília / Mirtílio nos ritos pascais de morte e ressurreição. Nestes mitos, a «mortalha» teria sido a manta de «murtilho» que serviria de cobertura ao corpo nu do deus morto! Aceitando que a flor de Amarília seria a açucena ou o açafrão, ou seja, o lírio de Maria, ficamos com a suspeita de que a flor de Mirtílio poderia ser alem do mirto, precisamente...a flor amarela do chá de «tília» de Maria!
                               Amarullis < Amaur > Mar(ia) | -ilia.
Mirtilho < | Mir < myr < maur < Amaur |                t-ilio > *Tilio|.
*Tilio poderia ter sido um dos nomes virtuais da cor ou da flor do chá de «tília» e o nome mítico grego por detrás desta virtualidade poderia ser precisamente Talo, o deus que veio a ter o papel de «mau da fita» nestes mistérios e que adiante veremos ter sido também o deus Sete no Egipto. Assim, se não encontramos, nas mitologias tradicionais ocidentais uma associação explícita entre o amarelo e um deus particular, veremos que elas são postuláveis para deuses de fertilidade agrícola como Talo, na civilização minóica, e Sete, na egípcia.
Mirtilis – «…fenícios e, naquele porto, construíram uma cidade a que deram o nome de Mirtilis, em honra da Deusa Mirto, sua mãe, que o teve de Mercúrio.» in Arquivos de Serpa, João Cabral, Serpa, 1971 – na Lenda «Serpínia, Princesa Feliz». Mãrtula – (em vez do til é um - sobre o a) árabe vide Site de Mértola Alentejo Digital. Mártula - «... com o andar dos tempos Mirtilis corrompeu-se em Mártula – Arquivo Histórico de Portugal 1898 – citado por Carlos Leite Ribeiro – in cidade Virtual - Mértola Mirtolah – árabe - in As mais Belas Vilas e Aldeias de Portugal – Verbo – (1984) 1996.
Mirtilho = Filho de Mercúrio e de Mirto. Sendo cocheiro de Enomáo, traiu-o numa corrida em proveito de Pélops e, como castigo, foi precipitado no mar, donde foi transportado para o céu e colocado na constelação de Cocheiro.
Milêtos [i], Aeol. Millatos Theoc.28.21: hê:-- Miletus, Il.2.868, Hdt.5.28, etc.Milteios , a, on, of miltos, m. stagma the red mark made by the carpenter's line, ib. 6.103 (Phil.).
Miletus era filho de Apollo e de uma qualquer Aca-Callis, Areia ou Deione. (Como Atumnius, era o filho de Zeus e Cassiopea.) Quando Miletus (Atumnius) foi forçado a escolher, ele falou para os irmãos que preferiu Sarpedon. O ciumento Minos agarrou o poder e expulsou de Crete Miletus e os dois irmãos. Sarpedon e o seu amante, fugiram para a Ásia Minor  onde Miletus capturou   a cidade chamada Anactoria que ele renomeou Mileto. Sarpedon continuou para leste onde ele e os seus seguidores conquistaram a tribo dos Solumi ocupado a suas terras. Sarpedon e os seus seguidores cretenses eram conhecidos como Termilae.
En la mitología griega, Mileto fue un rey de Caria, hijo de Apolo y de Arce, la hija de Minos. De niño fue abandonado en un bosque y allí fue alimentado por los lobos, hasta que al encontrarlo unos pastores lo llevaron a su choza donde lo criaron. Al llegar a la edad adulta fue a Caria y tales fueron sus actos de valor y de acierto en sus empresas, que se atrajo la simpatía de la princesa Idotea y del padre de esta, el rey Eucio. Casado más tarde con Idotea, sucedió en el trono a su suegro y una vez en el trono fundó la ciudad que de su nombre, que llegó a ser la capital del reino.
Claro que os filólogos se enganam frequentemente sobre a origem das palavras sobretudo as antigas. Claro que não é milteios que deriva de miltos mas a inversa.
                                                      > mil-ishius > Erland. Milésios.
Mil-teios, lit. deus Mil > mil-tius > miltos.
                                     ó Mir (< Mera)-te + lu > Mirtilho.
The Minoans abandoned their colony in Miletus by 1400 BC. Mycenaean Miletus was a dependency or ally of Ahhiwaya (Achaea) though its population was mostly Carian. Shortly after 1300 BC the settlement was destroyed by fire -- probably at the instigation of the Hittites who knew the city as Millawanda. The Hittites fortified the city against possible naval attacks by the Greeks. (Huxley 16-18)
Que a cidade de Mileto fosse a Mil-lawanda hitita apenas confirma que o deus desta cidade fosse *Mil. Na falta de sabermos o significado genérico de -lavanda podemos, de facto ficar pela suspeita de que seria algo como com um nome parecido com o Ruanda ou seja uma terra de guerreiros adoradores de *Mil. O facto de os seguidores de Sarpedon serem Ter-Milae deixa-nos a suspeita de serem de facto «ter-ríveis» guerreiros de Mira. Ora parece que Mera era a deusa cretense equivalente de Hecate, que teria por animal totémico uma cadela negra. Na verdade seria uma mera variante da Deusa Mãe da noite primordial. Como a tradição minóica parece ter persistido por mais tempo a ocidente, particularmente na cultura etrusca, podemos aceitar que esta deusa seria tão-somente Mera ou Minerva.
Meaning of the name "Menerva": "gifted with knowledge/wisdom" (*me-nes-Fa). Other forms attested of the Etruscan name: Menrva, Merva, Mera, Meneruva, Meneruca.
Porém o epíteto alternativo de Mileto Atumnio parece lançar muito mais luz nesta história toda pois ficamos com a esperança de que, de facto, Mileto seria um dos mais arcaicos nome dos “deuses mortos” *Atumino, ou seja, apenas uma variante de Mirtilo. Na verdade a mitologia da constelação do cocheiro permite-nos uma autópsia arqueológica deste mito com vista à descoberta da identidade de Mirtilho.
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Figura 3: O jovem Cocheiro (ou Auriga) segura um chicote numa mão e segura uma cabra (Capella) e as suas crias na outra mão. Capella significa "pequena cabra". Um nome prévio desta estrela era Amaltea, que era a cabra que amamentou o bebé Zeus. Existem muitas histórias antigas em relação a esta estrela, pois cada cultura na Antiguidade encontrou um lugar para esta brilhante companheira de Touro, o seu vizinho mais próximo.
1 La prima ritiene che si tratti di Erittonio, mitico re di Atene, prediletto dalla dea Atena. Tra le altre cose, Atena insegnò ad Erittonio l'arte di addomesticare i cavalli: egli fu il primo uomo capace di attaccare quattro cavalli ad un carro, ad imitazione del carro del Sole. Ciò gli valse l'ammirazione di Zeus, che gli donò un posto tra le stelle.
2 Un'altra versione, riportata da Germanico, identifica l'Auriga con Mirtilo, il cocchiere di Enomao re di Elide. Enomao aveva una figlia bellissima, Ippodamia, ma chi avesse voluto sposarla doveva batterlo in una corsa con i carri, dalla quale si poteva uscire sposi se vincitori o condannati a morte se sconfitti. Già parecchi aspiranti erano stati uccisi, quando si presentò Pelopio, il quale corruppe il cocchiere Mirtilo, che lo fece così vincere manomettendo il carro di Enomao. Dopo la vittoria, visto che anche Mirtilo era invaghito di Ippodamia, Pelopio lo uccise gettandolo in mare.
3 Una terza ipotesi è quella che l'Auriga sia il figlio di Teseo, Ippolito, di cui si innamorò perdutamente la matrigna Fedra. Ippolito, che si interessava soltanto di caccia e di cavalli, la respinse e lei per la disperazione si suicidò, lasciando uno scritto in cui denunciava falsamente il giovane di averle recato violenza. Teseo allora scacciò il figlio, che poco dopo, mentre si allontanava sul suo carro, ebbe un incidente e morì.
O facto de existirem vários mitos relativos à constelação do cocheiro só indiciam a existência de vários mitos congéneres que mais não seriam do que variantes de outros mais arcaicos relativos, quase que seguramente, a deuses de morte e ressurreição solar (no segundo mito assassinado por ingratidão no terceiro por fatídico acidente!). Pois bem, é quase seguro que estes mitos tenham por mitema comum o que há de mais arcaicos e que é o eterno arquétipo da virgem lunar e do “deus menino” solar, num caso, de forma flagrante como Eri-Tónio, o único filho primogénito de Atena, a sempre virgem, noutro, como Mirtilo filho de Mirto e num terceiro como Hipólito, entidade mítica que encobre uma lenda fenícia idêntica em que Anat tem o papel que aqui cabe a Fedra e que, de qualquer modo corresponde a um mito de caça em que o filho primogénito é sacrificado aos desejos, segredos e desígnios insondáveis da Deusa Mãe! O facto de todos estes mitos estarem mais ou menos relacionados com a mitologia do cavalo faz lembrar a relação de Artemisa, a sempre virgem, como Pótnia Teron e senhora dos cavalos. Notar que o Pelópio do 2º mito pode ser uma corruptela de Hipólito, ou vice-versa, e a Hipodameia, literalmente a dama dos cavalos, do 2º mito pode conter a referência hípica que aparece no 3º sob o nome de Hipólito. Hipodameia poderia ter sido literalmente a mãe de Hipolito, filho de Teseu enquanto variante do nome de Zeus numa época muito arcaica em que este foi Enki / Hermes.
Hipolito <?> Epolito <?> Pelotio <?> Pelópio.
Hipolito < Kiphorito < Kaphur-itu, o filho da Kafura º Eritónio º Mirtilho.

Ver: DEUSES PASCAIS (***)

Quase então seguramente o Mirtilo, filho de Mércúrio e de Afrodite Mirto só pode ser um personagem lendário tardio relativo à história mítica dos tempos micénicos e que, por mero acaso teria tido o nome do verdadeiro Mirtilo, de que os gregos clássicos já pouco sabiam, e este teria sido *Atumino / Milito. O que não significa, porém, que não exista sempre alguém no grande universo da gente anónima de todos os tempos e lugares que não saiba um pouco mais sobre coisas de somenos que passam despercebidas aos olhos dos eruditos.
Como Mirto era a própria Afrodite, então Mirtilho seria o Hermafrodito!
Ama-Ur-Ki > Amorka > Morfo.
                     «Murça» ó Murka > Murta > Mirto.
Alquimicamente, o Enxofre e o Mercúrio referem respectivamente os princípios, fecundante e plasmante e, ao mesmo tempo, as naturezas masculina e feminina; no entanto, esta coincidência de aplicações não significa identidade de grau num e noutro caso, já que o mundo dos princípios é determinante e o mundo das naturezas determinado. Hermafrodito era filho de Hermes & Afrodite. Estranha filiação, já que correspondendo Afrodite a uma das modalidades femininas por excelência – o amor e particularmente o seu aspecto erótico – Hermes não é, de modo algum, o complementar viril dessa tendência. Eros, outro filho de Afrodite, esse sim seria o correspondente másculo de sua mãe.
Na verdade, Hermes não seria o complemento viril de Afrodite porque tal complemento seria Marte, filho da Murta, o mesmo que Ares, ou seja, a variante adulta e aguerrida de Eros.
Mirtílio
Mir
Til < Talo < Taur< Kaur < Kur
             i©o < kiko
Melkarte
Mel
                     Kar < Kaur < Kur
te < et < Ish < kiko
Mercoles
Mer
                      Col < kaur < Kur
       es < Ish < kiko
Mercúrio
Mer
                                 Cur = Kur
             i©o < kiko
De facto, etimologicamente falando Murtilho seria uma variante de Mercúrio e, logo, o mesmo que Hermes, deus dos comerciantes, que entre os de camelos do Rajistão usam turbante amarelo. Tudo aponta para a suspeita de que terão sido as confusões genealógicas da mitologia metafórica grega tardia que acabaram por transformar Hermafrodito num filho de Afrodite e de Hermes quando, na verdade, o deus grego com dualidade bastante para ser suspeito de ser portador duma natureza bissexual seria o próprio Hermes. No Egipto o deus primordial com natureza bissexual foi Atum, deus cuja natureza ofídea permite estabelecer uma correlação com Adónis & Atis. Ora, Atum seria *Atumino / Milito.

Ver: ATUM (***)

Los Gallu fueron demonios del inframundo, en la mitología de la antigua Mesopotamia con la forma de toros. Los Gallu estaban generalmente ligados a las tempestades, y dice la leyenda que fueron enviados para llevar a Dumuzi al inframundo. Según la Licenciada en Cs. de la Comunicación - Master en Ciencias de la Religión María Martha Fernández son "Diablos que tienen la misma naturaleza que los dioses, producen vientos, tormentas y enfermedades".
Na mitologia Suméria, de gala "descreve um companheiro mágico de Inanna na sua descida pelos sete portões dos infernos, notavelmente Asushunamir de "semblante " brilhante.
Gala (cantora sagrada) < Galla = diabo < Gal-La (= lit. “grande puta”, vulva).
                                                  = Esh + Galla, lit. (casa) da “grande Puta”
= Grande santuário!                                Galla ó Kalla + Ur = Erkalla.
Esh-galla: "Great Shrine". Er-kalla: "Great city" See Underworld.
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Examples abound. For instance, in ancient Rome existed the 'Gallae', Phrygian worshipers of the Goddess Cybele. Once decided on their choice of gender and religion, physically male Gallae ran through the streets and threw their own severed genitalia into open doorways, as a ritualistic act. The household receiving these remains considered them a great blessing. In return, the household would nurse the Gallae back to health. The Gallae then ceremoniously received female clothes, and assumed a female identity. Commonly, they would be dressed as brides, or in other splendid clothing.
Figura 4: Cibele vestida como arquigala. Notar a similitude flagrante com as vestes da pompa papal, particularmente a mitra e a pesada estola.
Também não será por mero acaso que as cores do papado católico sejam o amarelo pálido, que seriam também as cores de Cibel e dos Gallae. O Mariologia a que progressivamente o papado se converteu pouco mais faz do que sobrepor no campo católico o que o culto de Cibel e da Magna Mater latina tinham sido na época do baixo-império romano!

Ver: VATICANO (***)
Isto significa que a conotação pejorativa da prostituição não pode ter aparecido enquanto esta foi divina e só aparecerá no contexto das traduções modernas. Primitivamente, a “Grande Puta” era a N.ª Sr.ª da Noite, filha da (Deusa) Mãe.
Do mesmo modo, o conceito de demónios parece derivar do facto de se tratar de seres infernais vingativos que eventualmente poderiam atacar cidades e pessoas, particularmente de noite. Estes demónios serviram até à época de Cristo para a explicação metafórica de fenómenos mórbidos aleatórios decorrentes dum contexto de crença animista na capacidade punitiva dos antepassados esquecidos ou desrespeitados. De certo modo, estávamos perante uma certa forma primitiva do princípio de “acção e reacção”, aparentemente considerado universal apenas desde Newton mas que, já estaria latente no senso comum duma forma mais do que empírica pois faria parte duma forma de consciência moral que teria começado com a lógica do “olho por olho” da pena de talião e teria andado às apalpadelas à volta dos mistérios da relação do homem com a natureza e desta com a razão!
O importante é dar conta que os demónios aparecem inicialmente na mitologia suméria como touros que, no início da Primavera, traziam Tamuz do reino dos infernos e dos mortos. Ora bem, o culto de Damuz era, seguramente uma tradição taurina cretense relacionada com os arcaicos cultos da Deusa Mãe e seu filho, o deus menino *Atumino / Milito, importados sabe-se lá bem quando e donde (possivelmente das ilhas mediterrânicas, particularmente nas Baleares e em Malta, nos tempos recônditos do neolítico)!


Importa agora concluir que o termo virtual *Ge-allu, literalmente a flor de Ge(ia), encontrado como raiz semântica do amarelo nos falares ditos indo-europeus, pode ter a sua origem nos rituais de castração dos Gallae dos cultos de Cibele, por sua vez remanescentes do mito sumério do “decesso de Inana”. Estes cultos pascais envolveriam frenéticas danças de coribantes ao som de tambores e címbalos num ambiente colorido de amarelo por uma profusão infindável de açucenas e flores de açafrão.
Enfim, e decididamente, o amarelo foi a cor preferida da Deusa Mãe tal como ainda hoje é a cor no feminino por excelência!
Um reforço de prova insuspeito, mas inesperado, de que a origem das cores teria decorrido da utilização de flores e pigmentos festivos em ritos pascais de morte e ressurreição pode ser encontrado em dois termos turcos utilizados para o amarelo: Yumurta e Martillu, foneticamente relacionado com a «murta», com Marte e com Mirtílio. Quer assim dizer que Mirtilo já andou vestido de amarelo, qual deus bissexual dos mito de Galla / Cibel!


SR.ª DO ALMORTÃO
«Há muitos, muitos anos, nos terrenos das imediações da actual ermida da Senhora do Almortão, crescia, por toda a parte, um arbusto chamado murta.
Havia, em Alcaíozes, um rapazinho que era pastor e vinha todos os dias com o seu rebanho para estes terrenos.
Um dia, andando ele a vigiar o seu rebanho, encontrou, no meio de uma moita de murta, uma linda imagem. Ficou muito contente e brincou com ela toda a tarde. Quando se quis ir embora, meteu-a no sarrão, para a mostrar à mãe.
Ao chegar a casa, contou à mãe o que se passara, e quando ia para mostrar a bonequinha (como ele lhe chamava) não a encontrou.
Figura 4: Senhora do Almortão.
No dia seguinte, veio encontrá-la de novo, no meio da moita da murta. Voltou a brincar com ela e, à tarde, meteu-a no sarrão para a levar. Todavia, ao chegar a casa, não a encontrou. E isto aconteceu durante vários dias. Estranhando o sucedido, o pastorinho e a mãe contaram-no a várias pessoas, que concluíram que a bonequinha era uma linda imagem da Senhora do Almortão e que deveriam fazer-lhe uma capela no sítio onde o rapazinho a encontrava sempre. E, assim, fizeram a ermida e puseram à Senhora o nome de Almortão por ter aparecido no meio da murta.»
- Débora Ramos/Ana Luisa Campos Rolo.
Sr.ª do Almortão,
A Vossa capela cheira,
Cheira a cravos, cheira a rosas...
Cheira a flor da laranjeira!
A canção que lhe é ainda dedicada ao som do adufe vem desde os primórdios dos tempos e ressoa às fragrâncias das cores duma alvorada de primavera, o «rubro» (< Aurwuro, a cor da aurora!) dos «cravos» (< kara-wi), o «rosa» (< Rusha < Urash < Ur-kiki) e o «branco alaranjado» da flor e do fruto da laranjeira! Neste caso seria óbvia uma espontânea figura de retórica em que a cor laranja era já então implícita na expectativa natural da frutificação da flor da laranjeira.

A cor amarela terá sido a das cearas maduras, do colmo e do feno seco o aspecto importante da vida dos primórdios do neolítico que terá contribuído ainda mais para vincular a relação do amarelo com a Deusa Mãe da Abundância cerealífera e, por meio dos cultos pascais a Deméter, espalhar por todo lado a etimologia do nome da cor amarela como derivando dos lírios de Gea, os virtuais *kilalis que no campo das línguas ditas indo-europeias teria o nome de *ge-allu.
Possivelmente...
Italiano
Francês
Dinamarquês
Inglês
Sueco
Alemão
Holandês
giallo
jaune
gul
yellow
gul
gelb
geel
                                                                > giul > gul.
                                                     > gelu > geil > geel.
                                        > jelew > gelb.
Yellow < yelow < jelow < geolu < giallo < Ge-allu <= Ki-ul => Kollane
                                                     *ghel- ó gel- (=> gel, gelatina, gelado, geleia) => Zel | + Ti          | > zhёltyj > žltý
       Zel | + Ti + an | > dzeltens.
       Zel |         + an | > zelan > zelený.
            Eston. kollane < Kaull-(ani) < Kallu < Ka-lilu <= Ki-ul.
Estonio
Polaco
Eslovaco
Latvian
Russo
Kollane (umbus-klik, argpü-kslik, alatu, kade)
zelený
žltý
dzeltens
zhёltyj.
Esta relação étmica mantém-se no turco e no hindo.
Indonesio
Turco
Hindu
Kunci < Kianuki???
Sarý < Xaru < Zalu < Ge-allu
Renk < Uranki
Yu-murta < Chu-Martu > Marti-shu
Marti-llu > Mirtilho?
Pila < Ki-lau < Kialu < *Kilalu
O galês melyn pode ter sido uma variante egeia relacionada com o grego mêlis e conotada com a semântica do «mel».
Gaélico
Gales
Bui < ???
Melyn < meli-na < mêlis + an
                          Gortina < Kaurtuna < *Kartu-ana.
Europa < Hauruphita < Kauru-kita < *Kartu.
Após percorrerem uma grande distância, aproximam-se de uma grande ilha: Creta. Ao chegarem à ilha, o touro se dirige a uma fonte, em Gortina, e se agacha e permitindo a mulher desmontá-lo. Ainda assustada, Europa ficaria ainda mais ao saber que, o touro, na verdade era Zeus, que se disfarçou para se aproximar dela. Apaixonados, Europa e Zeus se amam à sombra de plátanos. Desse romance nascerão três filhos: Minos, Sarpédon e Radamante.
Esta árvore sagrada seria segundo outras tradições o plátano sagrado de Gortina, literalmente a terra da Sr.ª *Ker(tu), à sobra da qual Zeus terá engravidado a Europa após um rapto em tudo semelhante ao de Proserpina, por sinal com aspecto fonético de ser o parédro feminino do hitita Telepino.
Em boa verdade, começamos a ficar aptos a verificar que *Kertu seria a forma cretense de Korê, e por isso mesmo, a Europa, enquanto outra Korê, seria uma mera Gorete variante destas a acrescentar a Atena / Afrodite / Proserpina e esposa de Dis Pater, ou seja, do deus dos mortos.
A “árvore sagrada” de Gortina, do mesmo modo que Poseidon & Anfitrite não aparecerão na representação da morte de Talo por mero acaso! Poseidon & Anfitrite eram os deuses protectores de Creta e o Zeus das histórias cretenses tardias seria Poseidon, que na forma dum touro marinho seria também Tritão.
Por outro lado, quase todos os mitos relativos a “deuses mortos” são também mitos florais em torno de sagradas “árvores da vida”! A videira de Dionísio, a tamargueira de Osíris, o pinheiro de Attis, o jardim da Adónis, a sagrada árvore da Cruz de Cristo, etc.
Estas, fossem a acácia, o cipreste, o murtilho, etc., tinham sempre uma qualquer qualidade de aparente imortalidade como fossem a longevidade ou a perenidade da folhagem ou uma relação oculta com a arvore da vida enquanto fonte privilegiada de poções mágicas ou de drogas inebriantes e ou alucinogénicas. Assim, a árvore sagrada à sombra da qual repousou o túmulo de Osiris foi a urze ou a «tamargueira».
Numa belíssima crátera de Ruvo Talo é representado como um deus moribundo cujo corpo de brônzeo metal amarelo lentamente se transforma numa árvore, quiçá, numa «tília».
«Tamargueira» < Tamarga < Lat. vulg. *tamarica < tamaríce- > tamariz.
«Urze» < Lat. Ulice < Urike < Urki.
«Platano» < Lat. platanu < Gr. Plátanos <
Kratan- < Kaur-tan < Kur-Kian > Gaurtanu > *Goretina > Gortina.
O rei de Biblos que aparece no mito de Osiris tinha o estranho nome de Melkanto que mais não seria do que uma corruptela ou variante do nome de Melkart, deus que também teria tido o nome de Moloc e seria a variante fenícia dos arcaicos deuses de morte e ressurreição a quem teriam sido outrora oferecidos sacrifícios humanos.
The ished, which may be identified as the Persea, a fruit-bearing deciduous tree (and which, incidentally, Pausanias describes as a tree that loves no water but the water of the Nile) had a solar significance. Another tree, the willow (tcheret) was sacred to Osiris; it was the willow which sheltered his body after he was killed. Many towns in Egypt with tombs in which a part of the dismembered Osiris was believed to be buried had groves of willows associated with them.
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Figura 5: O sarcófago de Osíris ao pé duma tamargueira (noutras versões é uma urze) ladeado por Isis e Néftis!
A «tamargueira» é um arbusto que neste mito teria crescido de tal modo que tomou as proporções duma árvore no tronco da qual ficou escondido o sarcófago de Osiris. Com este tronco o rei de Biblos, Melkantus, iria construir a coluna que sustentava o tecto do seu palácio, qual áxis mundi.
O interessante é que neste mito, Talo seria o equivalente de Osiris porque aparece morto por intervenção traiçoeira de Poeias.
From that point they [the Argonauts] were to cross to Krete, the greatest island in the sea. But when they sought shelter in the haven of Dikte they were prevented from making fast to the shore by Talos, a bronze giant, who broke off lumps of rock from the cliff to hurl at them. A descendant of the brazen race that sprang from ash-trees, he had survived into the days of the demigods, and Zeus had given him to Europa to keep watch over Krete by running round the island on his bronze feet three times a day. His body and his limbs were brazen and invulnerable, except at one point: under a sinew by his ankle there was a blood-red vein protected only by a thin skin which to him meant life or death. He terrified the Argonauts, and exhausted though they were they hastily backed water. Indeed, what with thirst and other pains, they would have been driven away from Krete in a sorry frame of mind, but for Medea, who stopped them as they turned the ship about. ‘Listen to me,’ she said. ‘I think that I and I alone can get the better of that man, whoever he may be, unless there is immortal life in that bronze body. All I ask of you is to stay here keeping the ship out of range of his rocks till I have brought him down.’ They took the ship out of range, as Medea had asked, and rested on their oars waiting to see what marvellous device she would employ.
Medea went up on the deck. She covered both her cheeks with a fold of her purple mantle, and Iason led her by the hand as she passed across the benches. Then, with incantations, she invoked the Keres (Spirits of Death), the swift hounds of Hades who feed on souls and haunt the lower air to pounce on living men. She sank to her knees and called upon them, three times in song, three times with spoken prayers. She steeled herself of their malignity and bewitched the eyes of Talos with the evil in her own. She flung at him the full force of her malevolence, and in an ecstasy of rage she plied him with images of death. Is it true then, Father Zeus, that people are not killed only by disease or wounds, but can be struck down by a distant enemy? The thought appals me. Yet it was thus that Talos, for all his brazen frame, was brought down by the force of Medea’s magic. He was hoisting up some heavy stones with which tow keep them from anchorage, when he grazed his ankle on a sharp rock and the ichor ran out of him like molten lead. He stood there for a short time, high on the jutting cliff. But even his strong legs could not support him long; he began to sway, all power went out of him, and he came down with a resounding crash. Thus a tall pine up in the hills is left half-felled by the woodman’s sharp axe when he goes home from the woods, but in the night is shaken by the wind, till at last it snaps off at the stump and crashes down.” – Argonautica 4.1638.
A intervenção de Medeia neste mito deverá ser suspeita na medida em que esta seria a Deusa Mãe, Tália, mãe do próprio Talo ou de Korê, esposa deste.

Ver: MEDEIA (***) & TALO (***) & TALIA (***)

“After they [the Argonauts] left Anaphe they were prevented from landing at Krete by Talos. This creature some say was once of the bronze generation and was actually a bronze man; others hold that he was given to Minos by Hephaistos and was a bull. He had one blood vessel that extended from his neck down to his ankles, the lower end of which was held in place by a bronze stud. This Talos would run round the island rapidly three times a day as a security patrol, and in that capacity, when he saw the Argo sailing toward the shore, he threw stones at it. He died from the deceits of Medeia, who some say drove him mad with drugs; others allege that she promised to make him immortal and then removed the stud, so that his ichor all flowed out and he expired. Still others say that an arrow from Poeas in the ankle finished him.” – Apollod. 1.9.26.
Quando Apolodoro se refere à traição de Medeia com as dúvidas próprias dum recolector de tradições populares, restauradas ao gosto helenístico desajeitado da época, deixa-nos a quase certeza de que a verdade nuclear do mito se encontra completamente degradada e distorcida porque afinal, é fácil de ver que uma promessa de imortalidade não basta para remover os pregos duma estátua de bronze que sendo espantosamente quase humana, numa época sem cibernética nem extraterrestres, teria quase necessariamente que ser também de natureza divina e, por isso mesmo, imortal.
A political interpretation of the myth tells that Talos is the Minoan fleet armed with metallic weapons. When the Greeks from the Argo defeat him, the power of Crete vanishes. «E. Pottier, who does not dispute the historical personality of Minos, in view of the story of Phalaris considers it probable that in Crete (where a bull-cult may have existed by the side of that of the double axe) victims were tortured by being shut up in the belly of a red-hot brazen bull. That would be also the origin of the myth of the Minotaur. Talos would seem to have been a bronze image of the sun represented as a man with a bull's head.
Ora bem, correndo o risco de reincidência no erro duma nova racionalização do que foi gerado com o “pecado original” dos mitos podemos ter a quase certeza de estarmos perante mais um em tudo idêntico a todos os demais que comportam “deuses mortos” ou “paraísos perdidos”!
A natureza brônzea de Talos pode, obviamente, ter várias interpretações racionalizantes a começar pela de Apolodoro que a deduz da própria época do início da idade do bronze, ou seja, coincidente com o auge da época minóica, ou com qualquer outra que a correlacione com uma estátua de bronze do Minotauro. No entanto, brônzea era a cor de Osíris e dos deuses cianosados pela asfixia da morte nos ritos pascais e de passagem, de morte e ressurreição solar! Esta mesma convenção formal parece aparecer na iconografia hindu onde Visnu pode ser representado azulado e ser uma das razões que levaram ao mito do sangue azul dos nobres medievais.
Já o postulado de uma frota cretense armada com defesas de bronze pouco ou nada teria de espantoso ou original ao tempo das invasões micénicas!
Na verdade, tudo aponta para a suspeita de que a tradição minóica dos deuses de morte e ressurreição tiveram o Minotauro por figura central de que o mito de Talos terá sido uma das variantes linguísticas, na constatação simples de que o Minotauro mais não é do que o nome enfático do “Touro da deusa mãe do céu” e Talo seria apenas isso mesmo: o Taro / Ta(u)ro, tal como Mnevis foi uma das representações da alma de Osiris.
Recapitulando: Medeia foi, seguramente, uma helenização dum arcaico mito da Deusa Mãe, ou pelo menos, uma variante em dialecto grego do nome de Deméter que, por coincidência terá sido também o nome do nome duma figura lendária com a qual o mito de Deméter se misturou. Na verdade, ambas as deidades tinham por “vassoura de bruxa” o carro puxado por “cobras emplumadas”!

Ver: MEDEIA (***)

Pois bem, é precisamente a natureza reptilínea de Medeia que nos permite suspeitar que a cobra Bíblica, definida pelos gnósticos com símbolo do Espírito Santo ou Sofia enquanto elemento feminino da Santíssima Trindade, não era senão a sobrevivência do papel incontornável da Deusa Mãe na metafísica do “ovo e da galinha”! Claro que Adão e Eva, unidos pela mesma costela, não são senão uma variante do mito do andrógino primordial que teria por original o frígio Agdistis, ao gosto do racionalismo judaico posterior ao degredo babilónico[4]. Enfim, o judaico Adão é literalmente o vizinho Adónis da cultura fenícia local.
Particularmente, entre o mito de Talos & Medeia e o de Adão & Eva podemos ainda resumidamente salientar a simultaneidade duma “promessa enganosa de imortalidade” (ou de sabedoria relacionada com a “árvore do bem e do mal”) e o envenenamento explícito na versão grega (ainda que tenhamos que suspeitar que tal tenha resultado de venenos vegetais relacionados com a “árvore da vida”) apenas intuído no caso de Adão e Eva na medida em que podemos suspeitar que a “Branca de Neve” teria sido envenenada pela velha bruxa má e Deusa Mãe sendo assim uma sobrevivência popular da versão feminina do mito do “deus morto”, ou seja do decesso de Inana e do rapto de Korê!
Enfim, podemos também postular que a existência de mitos de “deuses mortos” ora no feminino ora no masculino terão origem na indefinição sexual do andrógino original ainda presente no mito de Attis e, afinal uma das causas da bissexualidade mais ou menos explícita dos “deuses mortos”. Por sua vez podemos concluir que o papel destes mitos foi sempre de natureza fundadora, ou seja, relativa a deuses que se sujeitaram, como Prometeu, a perderem a vida (imortal) ou o paraíso para trazerem a civilização aos humanos, ou de patriarcas antepassados que se submeteram ao risco do saber iniciático roubado à cobra da deusa mãe e que, por isso mesmo, acabaram por merecer um lugar no céu da história mítica! A sua relação draconiana não tem outra causa que não seja a da confirmação pela via da mitologia de que a civilização neolítica se espalhou por todo o mundo por intermédio da talassocracia cretense e de todas as civilizações marítimas contemporâneas que delas herdaram a civilização neolítica e as artes de marear pós diluviana do mito da arca de Noé.
A proliferação de mitos e de nomes de deuses em torno do mesmo mitema eram, em épocas antigas o equivalente moderno das sequelas dos filmes e romances em torno do memo tema de sucesso! De facto, a mitologia de Talos teria sido tão poderosa e duradoura que teria dado origem a dois mitos de “deuses mortos” situados na mesma época mítica mediada pelo mesmo herói mítico, Dédalo, este nome também da mesma família étmica.
He had fled from Athens, because he had thrown down from the acropolis Talos, the son of his sister Perdix; for Talos was his pupil, and Daedalus feared that with his talents he might surpass himself, seeing that he had sawed a thin stick [p. 123] with a jawbone of a snake which he had found. Apollod. 3.15.8
A este propósito ver o episódio das metamorfoses de Ovídeo, Livro 8.
Entretanto de Creta aborrecido Dédalo estava, e do desterro acerbo impaciente, voltar à Pátria amada resolveu; mas as ondas o prendiam. Pois inda que me prenda o mar, a terra, (disse ele então), o ar patente tenho; irei por ele, que é caminho aberto, que não pode fechar-me o cruel Minos, inda que o Mundo todo me fechasse.” Disse; e meditou logo idéia ignota, à Natureza estranha. Tomou penas, e ordenou-as primeiro, começando a gárrula perdiz num azinheiro pousada viu a Dédalo, que dava ao filho sepultura, e comprazeu-se, batendo as asas, e soltando Canto. Era única perdiz naquele tempo, nas passadas idades ave ignota, mudada pouco havia em tal figura. Tu, Dédalo, tiveste a culpa toda. Dele a Irmã entregou-lhe um tenro filho, que doze anos contava, desejando, que o Talo lhe ensinasse as subtis artes, pois mostrava par’elas vivo engenho. Ele foi quem por ver de peixe o dorso espinoso, imitou em ferro a espinha, subtis dentes abrindo-lhe, e da cerra assim foi o Inventor. Deu igualmente às Artes os dois ferros, qu’um nó prende, a fim de que distando iguais espaços, estando um deles fixo, e o outro em giro um círculo se forme. Inveja teve Dédalo dos Inventos, e arrojou-o do Templo de Minerva, publicando ter sido acaso queda: mas a Deusa dos engenhos Patrona recebeu-o Benéfica nos ares, e cobriu-o de leves penas transformado em ave, que de Perdiz o nome inda conserva, e não menos nos pés, e asas veloces do engenho a natural vivacidade. Ave não é, que corte os altos ares, nem que construa em ramos o seu ninho: Voa sempre rasteira, e choca em mato, de alturas temerosa, inda lembrada do seu fatal, antigo precipício. Nem que construa em ramos o seu ninho: Voa sempre rasteira, e choca em mato, de alturas temerosa, inda Lembrada do seu fatal, antigo precipício. -- Livro 8, Fábula 3ª Perdiz transformado em ave, Metamorfoses de Ovídio traduzidas por Francisco José Freire.
Cinaethon too in his poem represents Rhadamanthys as the son of Hephaestus, Hephaestus as a son of Talos, and Talos as a son of Cres. The legends of Greece generally have different forms, and this is particularly true of genealogy. Paus. 8.53.5.
Porém, quem pode dar crédito total aos mitos gregos quando já o próprio Pausânias parecia duvidar da sua credibilidade? Em rigor, Dédalo será uma helenização em versão revista e actualizada de velhos mitos de deuses caldeireiros que remontariam aos primórdios da época dos metais iniciada em Creta e que teriam os deuses do fogo por patronos. Hefesto seria então o alter ego divino de Dédalo, que não seria senão uma variante do nome de Talo ou de seu pai!
                       => Ftá.
Hefesto < Ki-Fausto < Cacu-ashto, “filho de Caco”.
Dédalo < The-Thalo < Ki-Talu
«Itália» < Hi-Thalia < Ki-Talu-kia.
                                                                > Ashtaur + An > Saturno.
«Talo» < Grec. Talos < tar-ush = ush-tar < Ish-Kur > Ahskar > Sacar.
                                                                > Aushar > Ausar > Osíris.
Hefesto = Etrusc. Sethlans < Seth-Uran => Saturno.
Na verdade, a etimologia de Talo entronca na de Hefesto e de Saturno cuja primordialidade nos teria, inevitavelmente que reportar até aos deuses do fogo.
Se Talo era o nome do padroeiro da frota minóica ou apenas o ídolo ao qual se sacrificavam os estrangeiros apanhados a tentarem invadir a ilha eis coisa difícil de comprovar ainda que se possa concordar que se tratam de possibilidades plausíveis! Porém, o mais provável no plano da mitologia será aceitar que Talo seria um arcaico deus do fogo ao qual se ofereciam sacrifícios humanos de acordo com uma arcaica tradição que viria a sobreviver no culto fenício a Moloc.

Ver: MOLOC (***)

Em boa verdade, Talo, antes de se vir a transformar-se em «toro» de madeira sagrada ou «talo» de planta da “árvore da vida”, teria sido seguramente o nome dum cone vulcânico, a gloriosa montanha da aurora, possivelmente o vulcão de Santorini que, ao explodir subitamente no sec. 17 antes de Cristo, iria dar origem a uma revolução no mito de Talo que de deus pascal, de morte e ressurreição, acabaria por cair em desgraça mítica, pelo menos fora da esfera de influência cretense, acabando por dar origem ao mito da “morte degradante de Talo”.
A traição de Medeia talvez se explique como uma espécie de reflexão à posteriore: Medeia teria sacrificado o próprio filho num ritual de mistérios iniciáticos com promessas de imortalidade, fazendo explodir a ilha de Tera, para salvar os Aqueus porque os orgulhos minóicos teriam deixado de merecer o seu amor, por exemplo!
Esta mitologia primordial parece envolver também a de Sete & Osíris.
Enfim, a etimologia permite-nos relacionar Talo com Saturno e com Sacar, facto que só vem aumentar a confusão porque parece que Sete seria a forma constritiva de Saturno. Quer assim dizer que os primeiros patriarcas bíblicos não seriam mais do que a versão racionalista, à boa maneira do judaísmo helenista, dos mitos titânicos primordiais.
Na verdade, a mitologia de Hisíodo começa com o conflito cosmogónico entre o velho pai do céu Urano e o filho deste, Crono ou Saturno.
A bissexualidade dos deuses primordiais é seguramente uma alternativa semântica à castração de alguns “deuses mortos”. Por outro lado, ambos estes mitemas serão adaptações tardias do mitema original de Agdistis presente na formação do núcleo original do mito de Attis que mais não seriam do que uma variante metafórica da confusa, promíscua e hiper-reactiva relação primordial de Urano & Geia!
Se o conflito de Osíris & Sete se reporta a uma guerra de sexos, a um conflito pai & filho ou a um conflito entre irmãos sabe-lo será uma pura perda de tempo porque virtualmente só houve paraíso terrestre enquanto o homem esteve sozinho pois que as dificuldades de relacionamento humano e os conflitos políticos da vida social começaram logo que passou a haver mais do que um ser humano sobre a terra.
A verdade porém, é que, se Sete ocupa o papel mítico de Saturno é bem possível que a primazia atribuída a Osíris nos obrigue atribuir a este o papel de Urano para manter a congruência dum sistema mítico que quase nunca parece necessitar dela! De resto, a identificação -Osíris parece corresponder a esta possibilidade que a identificação Sacar-Osiris pode por em causa se formos rígidos na relação Sete / Saturno. Porém, a relação Sacar / Osiris poderia ser uma sobrevivência da memória duma relação Urano / Saturno. Na verdade, Osíris foi identificado com quase todos os deuses egípcios mais importantes o que não significa que todas estas identificações tenham sido aleatórias ou despropositadas. Pelo contrário, quase todas confirmam a tese de que a proliferação de deuses no politeísmo se ficava a dever mais a razões de diferenciação linguística por processos de regionalismo e isolamento cultural do que a uma verdadeira necessidade de multiplicar o nome de deus conforme as necessidades da nomenclatura mítica ou profana. De resto, Osíris, enquanto deus do Nilo era seguramente uma variante fonética de Urano.
Nilo < Niro < An-Ur-u ó Urano.
O importante é reparar que no conflito Urano / Saturno este último foi ajudado pela deusa mãe o que faz de Saturno / Sete um mariquinhas “filho da mãe”!
Metaforicamente falando, o “pecado original” que levou Freud a construir o mito moderno do complexo edipiano da castração e esteve na origem dos eternos e arcaico mito do “deus morto” fundamentador das teorias mística do sacrifício salvífico de que o sacrifício humano foi o mais arcaico e a teofagia o mais eficaz, fundamentar-se-á antropologicamente na organização social dos grupos humanos primitivos de acordo com o esquema do “macho dominante” típico dos primatas!
A origem dos cultos dos deuses de “morte e ressurreição” parecem ter uma origem recente o que para alguns autores parece remontar ao neolítico na medida em que seriam quase todos cultos de fertilidade agrícola. No entanto, segundo Frazer:
Mas, Osíris era mais do que um espírito dos cereais: era também um espírito da árvore e pode muito bem ter sido esse o seu carácter original na medida em que, na história das religiões, o culto das árvores será naturalmente anterior ao culto dos cereais. O carácter de Osíris como espírito da árvore era representado de um modo muito visual numa cerimónia descrita por Firmicus Maternus. Depois de cortar um pinheiro, extraía-se-lhe o cerne; com a madeira assim obtida fazia-se uma imagem de Osíris que era depois “sepultada” no oco da árvore. (...) Essa imagem de Osiris era conservada durante um ano, ao fim do qual era queimada – exactamente como se fazia à imagem de Attis, ligada ao pinheiro!
Os mitos dos “deuses mortos” ligados ao espírito das árvores podem ser uma tradição anterior ao neolítico constituindo uma variante paralela aos cultos totémicos zoomórficos podendo, de facto, estar relacionados com o facto verídico de os locais onde foram enterrados os antepassados, e os heróis, poderem tornar-se particularmente férteis ou mesmo virem a dar corpo a árvores miraculosas ali plantadas pelas saudades dos crentes. A verdade porém, é que em torno do culto dos espíritos das árvores irá desenvolver-se toda uma mitologia que iria do mito da “árvore da vida” ao da “árvore da sabedoria” e da árvore sagrada dos cultos de fertilidade à “árvore cósmica” do áxis mundi.
Trees also figure prominently in the culture and mythology of Ancient Greece. Pausanias describes the sacred groves of Aesculapius at Epidaurus (II, 27. 1), of Argus in Laconia (III, 4. 1), and a sacred grove of plane-trees at Lerna (II, 38, 1, 2, 8). In the land of Colophon in Ionia was a grove of ash-trees sacred to Apollo (VII, 5. 10), and a sacred grove at Lycosura included an olive-tree and an evergreen oak growing from the same root (VIII, 37. 10). Perhaps the most famous grove, of plane-trees, was that sacred to Zeus, known as the Altis, at Olympia (V, 27. 1, 11) The oak tree was also sacred to Zeus, especially the tree at the sanctuary of Zeus in Dodona which also served as an oracle; it would seem the rustling of the leaves was regarded as the voice of Zeus and the sounds interpreted by priestesses. The oak was also sacred to Pan, while the myrtle-tree was sacred to Aphrodite. In the Pandrosium near the temple known as the Erechtheum (421-405 BCE) on the Athenian Acropolis, besides many other signs and remains of Athens' mythical past -- a salt-water well and a mark in the shape of Poseidon's trident in a rock -- could also be seen a living olive tree sacred to the goddess Athena.
Ora bem, sendo Talo a possível origem étmica de deilos, entende-se mal como, sendo ele o equivalente de Osiris, e, sendo ele mesmo supostamente vítima dos ardis de Medeia, acabaria como símbolo da perfídia e da traição. A razão só pode ser a de uma espécie de erro de paralaxe cultural. Depois da queda trágica da cultura de Creta, ilha onde teria nascido Zeus e, por isso, antigo centro mediterrânico da cultura da cobra e do dragão vulcânico, é possível que o cataclismo natural que a provocou tenha sido considerado castigo divino o que terá levado a uma inversão de valores de referência.
Saturno / Talo, deus da idade de ouro acabaria banido em Itália, que assim terá passado a ser a terra de Talo, possivelmente por causa do Etna da Cicilia.
A relação de Talo com o amarelo pode antever-se na cor brônzea do seu corpo moribundo (ou na cor das flores de «tília» que seria a sua árvore de regeneração?).
No Egipto, Talos seria o equivalente mítico de Osiris mas, por uma mesma revolução na posição relativa faca ao prestígio de deuses estrangeiros caídos em desgraça política acabou como sendo Sete, o deus traidor, primeiro por ter sido o responsável pela morte de Osiris, seu irmão gémeo e depois por se ter aliado aos invasores semitas que dominaram Avaris no tempo dos hicsos.
De facto, no mundo semita este deus ficou com o nome de Sat-an, e no Egipto como Sete esposo de Taveret e, como esta, representado como «crocodilo» ou hipopótamo. O mito de que Talo descobriu a serra utilizando a dentadura dum lagarto pode ter o lado verídico duma retórica mítica que resultaria da especulação de um dos seus adoradores em volta da capacidade com que os crocodilos serrariam os troncos das pessoas. Ora, os crocodilos eram metáforas divinas de Taveret e do seu esposo Sete e...eram etimologicamente o “o açafrão traidor” ou o “açafrão de Talo”!
Kroko-deilos 1 1. a lizard, properly an ionic word, Hdt. 2. the Nile-lizard, crocodile, id=Hdt.
Grec. krokodeilos = kroko-| deilo(s), lit. “o açafrão traidor ou o traidor amarelo” ó o açafrão de Talo < Krauku-Thylus < Kar-ka-Talu, lit. “aquele que transporta (kar) a alma (ka) de Talo».

Ver: SETE (***)
Desde muito cedo na história egípcia, Sete é referido em termos de reverência como o deus do vento e das tempestades. Ele foi até mesmo conhecido como Deus de Alto Egipto Superior enquanto que Horus era o Deus do Baixo Egipto. Era Sete quem se levantava na frente do navio solar defendeu o deus sol Ra do seu inimigo mais perigoso, a serpente Apep. Nesse momento, ele aparece como não tendo tido nenhum conflito com os cultos de Isis e Osiris. Na realidade, ele era parte da mesma família de deuses, e casado à sua irmã, Nephthys.[5]
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Figura 7: Contrariamente ao que é o formalismo da representação de Sete, neste exemplar este deus aparece pintado de pele negra e cabelos cinzentos, ainda que com adornos vermelhos, o que parece contrariar a ideia dominante de que Sete era invariavelmente um deus vermelho. O que podemos inferir deste facto é que Sete seria um deus infernal e, por isso mesmo seria representado sobretudo como «pele vermelha» mas, também como um deus de cor negra.
Porém, parece que os seguidores de Sete podem ter resistido aos seguidores de Hórus e faraó da Primeira Dinastia, Menes, quando este uniu o Alto e o Baixo Egipto. Esta luta para controlo de Egipto parece estar reflectida na mitologia. É então que Sete passa a ser retratado como questionando a autoridade de seu irmão, Osíris. Os cultos de Osíris aproveitaram esta oportunidade para desacreditar os seguidores de Sete que agora passa a ser considerado como o mau irmão de Osíris. E assim a história passa a ser recontada com Sete a ser mau desde nascimento, porque ele se esgueirou do útero da mãe rasgando-o pelo seu lado. No mito de Osíris, é Sete que engana e assassina Osíris.
Ele também litigia com Hórus. Pela vigésima sexta dinastia, Sete era a incorporação de mal e foi descrito com olhos e cabelos vermelhos porque os antigos egípcios acreditavam que o mal era representado a vermelho. [6]
De passagem deve dar-se conta de que afinal o diabo cristão é vermelho porque Sete, o diabo dos egípcios também era. Sendo assim, seria natural que Sete tivesse sido inicialmente um deus de sucesso e a verdade é que chegou a ser o patrono de grande parte dos primeiros faraós do Egipto. O descrédito em que caiu pode ter tido, em concreto, várias origens mas, no essencial, a razão principal residiria nas mesmas razões políticas que levaram ao seu descrédito no mundo grego depois de os micénicos terem ocupado Creta.
O que importa, por agora é verificar que Sete tinha a sua natureza estrangeira demasiadamente espelhada no rosto porque seria de tez pálida e amarelenta, de olhos claros e cabelos rubro como os nórdicos. A razão pela qual ficou representado na iconografia egípcia, tão convencional quanto conservadora, com a cor do rosto de cor vermelha não é de evidência imediata. No entanto, podem aventar-se dois tipos de explicações. Um, racionalista, seria considerar que Sete seria um deus cretense: primeiro porque era considerado estrangeiro, depois porque seria de tez pálida e amarelenta, de olhos claros e cabelos rubros como os nórdicos e depois ainda porque tinha fama de bissexual. Outra porque era um deus guerreiro e infernal e, por isso mesmo, vestiria com as rubras cores do sangue e do fogo ígneo como o Mirtilo.
De facto, um dos exemplos mais interessante de assassínio político da história é precisamente a correlação que foi feita pela tradição egípcia antiga, de forma mais ou menos propositada, entre a baixeza moral da traição de Sete à soberania mítica de Osiris e a sua pederastia consumada em relação ao próprio filho de Osiris, Hórus, o «deus menino» de Isis.
O facto de a tez de Sete ser o vermelho em vez da amarela seria assim difícil de explicar! Este facto poderia abalar a teoria de que o amarelo era a cor nacional do matriarcado minóico se não soubéssemos o quanto o preconceito rácico pode fazer com que as convenções a respeito da cor da pele dos inimigos possa ser enganadora! Os índios da América do norte eram considerado de origem asiática e, por isso, de raça amarela mas foram descritos pelos primeiros colonos como “peles vermelhas”.
Sabemos bem o quanto a representação pictórica dos egípcios era convencional.
His bisexuality (he was married and given concubines to appease him, yet he also assaulted Horus sexually starting with the come-on line "How lovely your backside is!") and his pursuit of Isis were reasons why Set could never have been a ruler of Egypt instead of Osiris, despite originally being a lord of Upper Egypt. After Osiris' eventual death, while Horus was growing up and planning his own revenge, Set and Horus engaged in a homosexual relationship. In one part of the myth, Set proclaimed to Horus, "How lovely your backside is." (…) Then Set said to Horus: "Come, let us have a feast day at my house." And Horus said to him: "I will, I will." Now when evening had come, a bed was prepared for them, and they lay down together. At night, Set let his member become stuff, and he inserted it between the thighs of Horus. And Horus placed his hand between his thighs and caught the semen of Set. -- Story of Horus and Set
A tradição de Sete e a sua ralação óbvia com a sodomia de Gomorra parece não ter passado despercebida aos gnósticos, estranhos crentes de secretas sabedorias. No texto seguinte podemos reparar que Hormos é uma óbvia adulteração do nome de Hermes (Trimegisto) por ressonância fonética com o nome de Horus.
Then the great angel Hormos came to prepare, through the virgins of the corrupted sowing of this aeon, in a Logos-begotten, holy vessel, through the holy Spirit, the seed of the great Seth. Then the great Seth came and brought his seed. And it was sown in the aeons which had been brought forth, their number being the amount of Sodom. Some say that Sodom is the place of pasture of the great Seth, which is Gomorrah. But others (say) that the great Seth took his plant out of Gomorrah and planted it in the second place, to which he gave the name 'Sodom'. -- The Gospel of the Egyptians, Translated by Alexander Bohlig and Frederik Wisse.
Ora, como as cenas que a bíblia descreve em Sodoma seriam supostamente típicas da sociedade cretense, porque, entre outras razões:
1º Os autores clássicos o referem em múltiplos mitos de pederastia iniciática originários de Creta;
2º O isolamento insular das ilhas mediterrânicas empurrava os homens para o mar deixando as mulheres em terra à mercê dum matriarcado artificialmente forçado onde as crianças masculinas iam crescendo sem modelo masculino presente;
3º A homossexualidade latente gerado por este modelo matriarcal se tornaria quase inevitável entre marinheiros delongadamente isolados no mar alto;
4º A insularidade gera uma pressão demográfica negativa sobre a natalidade pela via da desvalorização da importância social do acasalamento e da procriação como meio de ascensão social gerando culturas dissolutas típicas de comunidades urbanas decadentes.
A verdade é que sabemos que a destruição de Sodoma & Gomorra pela ira divina foi biblicamente justificada pela dissolução moral dos seus habitantes que desvalorizavam de tal modo a sexualidade procriativa que começavam a preferir divertir-se sexualmente mais com jovens do que com mulheres. Por outro lado, este cataclismo foi seguramente o mesmo que destruiu a Atlântida, que Platão também justificou pela decadência moral dos seus habitantes outrora nobres e honrados. Assim, podemos postular que Sete, variante fonética de Shef (e mais remotamente de Ptah e de Neptuno / Poseidon), foi um deus do delta em resultado duma antiga colonização minóica do baixo Egipto.
He was also thought to have rather odd sexual habits, another reason why the Egyptian believed that abnormalities were linked to Set. In a land where fatherhood makes the man, Set's lack of children, related to the tale where Horus tore off his testicles (while Set tore out Horus' eye) would have been on reason why he was looked down on. His favorite - some say only - food was the lettuce (which secreted a white, milky substance that the Egyptians linked to semen and was sacred to the fertility god Min), but even with this aphrodisiac, he was still thought to have been infertile. When Set saw Isis there, he transformed himself into a bull to be able to pursue her, but she made herself unrecognizable by taking the form of a bitch with a knife on her tail. Then she began to run away from him and Set was unable to catch up with her. Then he ejaculated on the ground, and she said, "It's disgusting to have ejaculated, you bull!" But his sperm grew in the desert and became the plants called bedded-kau. -- Jumilhac Papyrus.
Por vezes Sete era representado com cabeça de crocodilo. Ora, a verdade é que os gregos identificaram o crocodilo com o açafrão! O mais normal será pensar que os indivíduos de pele clara que trouxeram Sete para o Egipto apanhariam facilmente escaldões no clima desta terra e acabariam por ser considerados de cor rubra como os seus cabelos, ou então terá sido uma facilidade de convenção, pintar cabelo e face da mesma cor! Mas, a verdade mais provável seria bem mais surpreendente e imprevisível. Sete era vermelho porque teria sido nos primórdios esquecidos o verdadeiro esposo de Ísis, filho amado de sua mãe primordial.
Etimologicamente falando Sete é uma forma ilidida de Satan e Saturno, deus da época dourada da agricultura neolítica e marido de Ceres.
                                    > *Pot => Poseid-on ó Ne-Pot-ano > Neptuno
                     > *Phiat > Pta
Sete < Ki-at +     An > Satan.
                     + Uran > Saturno.
No entanto, a explicação poderá ser bem mais simples e resultar dum mero formalismo mítico. Sete, deus do fogo, seria um deus infernal e, por isso mesmo, seria representado sobretudo como “pele vermelha” mas, também como um deus de cor negra. Uma coisa é certa. Este facto explicará porque é que no mundo ocidental o diabo que deveria ser negro como os tições dos infernos é sempre pintado de vermelho! Porém, o diabo, além de poder ficar rubro de cólera vingadora antes duma batalha poderia também ficar com o riso amarelo da derrota não assumida, por cobardia e pronuncio de traição, e verde de raiva durante uma derrota desastrosa!
Claro que não podemos ter a certeza de que a cor simbólica de Talo seria o amarelo em Creta mas podemos suspeitar que, sendo Saturno um deus dos louros cereais seria também senhor de cor igual à da idade de ouro a que presidiu.
Mas, sobretudo, Saturno era um deus luciferino, das noites de luar e, como Sacar, um deus do amarelo pálido da aurora! Ora, Sete era o deus do deserto no Egipto cuja cor dominante é o amarelo-alaranjado que, por razões formais terá acabado vermelho. No entanto, a verdade poderá ser bem mais inesperada e imprevisível pois nenhuma destas conjecturas será necessária se pensarmos que poderia ter sido Sete e não Osíris o esposo verdadeiro de Ísis já que foi seguramente o filho / esposo (vermelho, ou negro) duma deusa amarela, por ser Taverete um crocodilo relacionado pelos gregos com o açafrão! As cores da bandeira espanhola reflectiriam isso mesmo: no centro, o amarelo dos amarilis da Virgem Deusa Mãe de Macarena e em volta, o vermelho guerreiro das colunas de Mercoles / Mirtilo como herança da presença minóica em terras da Andaluzia.
No Egipto, Sete foi o marido estéril de Taverete, uma deusa nocturna da morte, e por isso infernal, supostamente Virgem eterna como veio a ser Ísis, por ter sido a deusa mãe primordial autogerada e geradora de seus filhos por partenogénese divina.
Na verdade, Taverete significa literalmente “A esposa de Wer”, o deus das cores da primavera, o que permite inferir, pela lógica mítica, que Sete seria o famoso Wer que se encontra presente na génese das cores mais quentes mas, aparentemente ausente da génese do amarelo que assim pareceria ser exclusiva de Deméter ou de sua filha Gorete. Sete, porque foi apanhado em pedófila flagrante com Horus, seria bissexual e também uma variante de Atum e por isso deveria ser amarelo!
De facto, há que concluir que Sete & Taverete foram originalmente no Egipto os equivalentes de Nergal & Ereshkigal na caldeia.
Na Grécia, o Sete corneado por Nef(er)tite, fez também o papel de Vulcano (< Wer-Ki-an), outro deus infernal que, ainda que não tão mal afamado, foi um deus ferreiro; engenhoso mas, ridículo, porque coxo e desajeitado.
Claro que o mistério linguístico mais difícil de deslindar nisto tudo é o que fez com que o grego deilos deixasse de ter sido a flor, ou a cor, de Talos / Sete para passar a ser apenas o nome da traição miserável mas, é bem possível que tenham sido as mesmas razões de psicologia social que continuam a dar ao amarelo uma simbologia negativa e traiçoeira que com o tempo faz com que a alcunha de “amarelos” dos fura-greves viesse a ser-lhes colada à pele e a passar a ser sinónimo desta última negativa realidade. A relação de deilos com a traição poderá ser um aziago étmico congénito já que poderá encontra-se incripta no fonema ulli pela possibilidade de este se confundir com o sumério lul / lu que significava “mentira e traição”. A razão de ser de tão estranha associação semântica pode afinal sem bem simples: é que, lul seria a contracção de *lu-ul, homem flor, ou seja, um homem florido como costumavam ser os cantores de antigamente, e alguns de hoje, um «lu-lu» e um «larilas»[7], calão português que não aparece nos dicionários mas que tem a fonética suméria da delicadeza floral dos que são só «lérias» e nos dão a música suave da mentira e de traição. Enfim, o facto de o amarelo ser a cor de todas as Deusas Mães incluindo Tiamat contra a qual combateu seu neto Marduque; o facto de os “deuses mortos” dos ciclos pascais serem sempre mais ou menos bissexuais ou castrados; o facto de, quer na relação de Creta com o continente helénico, quer na do Egipto com os canaanitas, estes deuses terem andado envolvidos em traições políticas mais ou menos reais ou míticas a verdade é que o destino pejorativo do amarelo acabaria por ficar ligado na mística patriarcal como a cor citrina da perfídia e da traição! Ora, tudo isto pode ter acontecido também porque, em parte, a traição resulta duma cólera retraída, duma inveja vil e biliosa, ou duma cobardia tão medrosa quão merdosa! A relação de Sete com o porco e deste com a vingança cobarde pode ter sido um reforço semântico para a relação deste deus com a porcaria da traição e com o amarelo ictérico das fezes dos que sofrem de paragens biliares por crises de raiva!
Este termo tem algumas das várias conotações que um dicionário inglês de sinónimos refere para o termo inglês cowerd.
Coward = afraid person (…) chicken, chicken liver, chicken-heart, (…) deserter, (…) invertebrate, (…) lily-liver, (…) poltroon, (…) (…) sissy (= butterflies), (…) sneak, (…) weak sister, weakling, (…) yellow, yellow-belly[8] = δειλός, κιοτής. -- Thesaurus. com
A origem desta relação estranha deve ter uma origem política de amplitude mundial muito importante o que só pode corresponder ao fim do matriarcado com a queda da talassocracia cretense, fenómeno que ficou miticamente relatado no poema Enuma Elish, a epopeia babilónica da criação do mundo, e na titanomaquia grega. O deus masculino desta época dourada da humanidade (dominada pela soberania feminina do amarelo!) foi referido pelos gregos como tendo sido Cronos e pelos latinos como tendo sido Saturno e foi entre os semitas Sete ou Satã. Enfim, se Sete não foi um deus amarelo poderia ter sido enquanto tendo o crocodilo como animal totémico e Taverete, sua esposa, por ter sido um crocodilo, foi amarela de açafrão. Enfim, o amarelo só foi cor de deuses efeminados e traidores por equívoco da oposição. O Egipto foi sempre demasiado conservador nas suas regras ortográficas para ter aderido à moda de pintar os deuses traidores de amarelo!
Enfim, Sobeco o deus crocodilo terá sido uma versão em que Sete foi amarelo.

Ver: SETE & SOBECO (***) & TITANOMAQUIA (***)



[1] «Lindo» < li + Cret. *intu, lit. “sol aprazível”!
[2] Plural de murtillum.
[3] Adaptação cibernética de desenho de cratera voluta de 400 a.C. -- 390 a.C. proveniente de Ruvo.
[4] E também muito possível que a mania das grandezas do sionismo não sejam uma falsa saudade das cebolas do Egipto nem das pseudo grandezas salomónicas perdidas mas uma típica reactividade cultural da elite judaica afogada no exílio da megalópica Babilónia, ao jeito dum complexo de inferioridade natural mal digerido!
[5] Early in Egyptian history, Seth is spoken of in terms of reverence as the god of wind and storms. He was even known as the Lord of Upper Egypt. Horus being the Lord of Lower Egypt. It was Seth who stood in the front of the solar barque to defended the sun god Ra from his most dangerous foe, the serpent Apep. At this time, he seems to have had no conflicts with the cults of Isis or Osiris. In fact, he was part of the same family of gods, and married to his twin sister, Nephthys. Seth, The Lord of Upper Egypt. © 1996-2010 Deurer.
[6] However, it appears the followers of Seth may have resisted the followers of Horus and the First Dynasty pharaoh, Menes, when he united Upper and Lower Egypt. This struggle for control of Egypt seems to be reflected in the mythology. At this point, Seth is portrayed as questioning the authority of his brother, Osiris. The Osiris cults took this opportunity to discredit the followers of Seth; he was now considered to be Osiris' evil brother. And the story was told that Seth was evil since birth, because he ripped himself from his mother's womb by tearing through her side. In the Osiris legends, it is Seth who tricks and murders Osiris. He is also the antagonist of Horus. By the Twenty-sixth Dynasty, Seth was the embodiment of evil. He was depicted with red eyes and hair. The ancient Egyptians beleived red represented evil. © 1996-2010 Deurer.
[7] Embora o calão «larilas» para maricas seja um onomatipaico derivado do solfejo das lariladas dos festivais hilariantes dos coribantes de Cibel, não deixa de ter ressonâncias com o sumério!
[8] http://thesaurus.reference.com/search?q=yellow

ISQUIÃO, um deus menino cretense de morte e ressurreição solar

Assim, será interessante aceitar que o nome dos cardeais da cúria romana, tal como os pontos cardeais, precederam o catolicismo e derivaram o seu nome do mítico conceito do axis mundi sustentado por Atlas e pelo deus das portas do mundo, ou seja, das chaves dos céus e dos infernos.
Existe um mito que pode explicar o nome do conceito do «eixo», que depois de ter sido do mundo, deve ter sido o sol, o “disco solar alado” e depois...a roda dos carros que sempre fascinaram as culturas do ferro.

Now Periphas married his grandmother's niece Astyaguia (daughter of Hypseus), and begat eight sons, the oldest being Antion, who married Perimele and begat Ixion. -- Greek Mythology, by Carlos Parada.
En la mitología griega Ixión era uno de los lapitas, y rey de Tesalia. Era hijo de Flegias (según Eurípides), de Leonte (Higinio) o de Antión (Esquilo).
Figura 1: Tortura de Íxião no Tártaro, Amphora 330 a. C, Staatliche Museen, Berlin.[1] Notar a semelhança pictórica da postura de Íxião na “roda de tortura” com um Cristo crucificado (ou como um judeu nas mãos pesadas da Inquisição!) e, sobretudo e também, com o cânon de Leonardo da Vinci.
Assim, Íxião era filho de pai incerto e de Perimele.
                             > Phre-ish > Flekiki = Flégias.
Peri -mele < Pher-u-Mere < *Ker-tu-Mer ó Car-Dea.
A relação de Íxião com o “Eixo do Mundo” deve ter começado na própria mitologia de Cardeia que a transmitiu a seu filho Jano / Íxião.
Íxion, filho de Flégias, descendente do deus-rio Peneu foi rei dos Lápitas, um povo que habitava a Tessália, próximo dos montes Pélios e Ossa. Tendo-se apaixonado por Dia[2], filha de Eioneu, prometeu-lhe seus cavalos em troca da mão de sua filha. Após o casamento, Íxion negou ao sogro os cavalos que lhe havia prometido, ao que este reagiu com a tomada à força do que lhe era devido, fazendo com que Íxion jurasse vingança. Não tendo conseguido decidir entre a morte e o sofrimento para seu sogro, Íxion optou por ambos: construiu uma câmara incendiária e camuflou-a em sua casa como um cómodo (escano?).
«Escano» < Lat. scamnu < «escabelo» de cozinha < Lat. scabellu = banco com costas, comprido e largo, cujo assento serve de mesa sobre uma arca formada pelo mesmo móvel; • banco pequeno para pôr debaixo dos pés.
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Figura 2: Escano tradicional transmontano.
Figura 3. Cópia industrial de escano completo castelhano.
O «escabelo» seria em rigor o banco pequeno de por os pés e que teria algo a ver com os bancos de cortar o cabelo para manter o cliente sossegado e depois pelos pedicuros para, no mesmo espaço e tempo, tratar dos pés aos clientes. Já o «escano» da cozinha tradicional transmontana seria sobrevivência rural fóssil de um mobiliário mediterrânico mais arcaico que por ser cómodo seria simples e prático pois serviria simultaneamente como arca, banco e mesa. Ora, parece ser precisamente esta forma completa de «escano» que aparece no mito de Íxião porque quem quer que se sentasse nele ficaria relativamente preso e à mercê de quem na cozinha servia à mesa. O resto do mito já não é dedutível do móvel porque a partir daqui só uma comparação com instrumentos arcaicos de tortura poderia esclarecer o resto do mito. Obviamente que a imaginação sádica dos tiranos antigos e as potencialidades tecnológicas do helenismo terão feito o resto do mito porque a ter havido algum fundo de verdade neste bastaria que Íxião tivesse entalado o sogro no escano e depois deitado fogo à arca que estaria cheia de palha e nafta inflamável, por exemplo.
«Escano» < Lat. scamnu < *Ishka-Minus > Iskamno >
Ish-Ki-anu > Grec. Ἰξίων, Ixīōn.
«Esquife» < ant. alt. Al. skif, navio.
No entanto, a veracidade factual do mito que deste modo deu nome lendário ao «escano» pode ter sido mera coincidência que não derivaria do nome de Íxião porque este termo tem toda a etimologia para ter sido a própria vítima como é sugerido pelo termo *Ishka-Minus, um deus menino solar variante do Minotauro como Sarpedon, pelo mitema que nos reporta para o mito de Osíris sequestrado à má-fé pelo seu irmão Sete num sarcófago, ou «esquife».
Este crimen que vulneraba las leyes sagradas de la hospitalidad (xenia) horrorizó tanto a los reyes vecinos que ninguno quiso purificarle (catharsis), obligando a Ixión a vivir escondido y huyendo del trato de los demás. Abandonado y aborrecido por todos, imploró perdón al dios Zeus, que se apiadó de él acordándose de que hasta los mismos dioses hacían locuras por amor y, purificándole, le invitó a la mesa de los dioses.
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Figura 4: Num vaso grego helenístico onde Íxião é torturado por Hermes, que mais parece Hefesto, no suplício da «roda (solar do in-fortun-io) do despedaçamento» até ser transformado em «eixão» do mundo. Notar no mitema da presença dos dois anjos que atestaram a morte e ressurreição de Jesus Cristo no equinócio da primavera.
Esquife (do lombardo skif, "barco", italiano schifo e catalão esquif) é uma embarcação a vela ou remo muito utilizada antigamente nas Grandes Navegações. Caracteriza-se como um pequeno barco auxiliar que levava os navegantes até a praia. Também utilizado para pesca. Pode também ser designado para definir uma espécie de caixão.
Skiff = "small boat," 1570s, from Fr. esquif (1540s), from It. schifo "little boat," from a Germanic source (e.g. O.H.G. scif "boat;" see ship (n.)). Originally the small boat of a ship.
Bathyscaphe = "diving apparatus for reaching great depths," 1947, name coined by its inventor, Swiss "scientific extremist" Prof. Auguste Piccard (1884-1962), from Gk. bathys "deep" + skaphe "light boat, skiff, a basin, a bowl, anything dug or scooped out," from skaptein to dig, delve"
Insistindo na investigação acabamos por descobrir o que suspeitávamos: que a etimologia está sujeita a fluxos e refluxos conotativos de várias e desencontradas origens e que a etimologia oficial nórdica sofre do preconceito criado pelo protestantismo de que a cultura anglo saxónica ou é independente da mediterrânica e católica ou tem com esta um antigo elo comum no mito indo-europeu como se sobretudo fosse importante a partilha comum de nome cristão nada tendo por isso a ver com o sangue judeu nem, de qualquer modo, também e sobretudo com a cultura árabe e semita. Este preconceito parece ser castelhano e exportado pelo império de Carlos V para os países nórdico com os fantasmas quixotescos dos moinhos de vento flamengos. Claro que é quixotesco lutar contra os preconceitos germanófilos nórdicos mas se o grego skaphe significa "barco ligeiro, esquife, batel, balsa, qualquer coisa côncava como uma canoa ou piroga escavada” é quase seguro que o germânico skif tem a mesma origem egeia que nos reporta para os barcos de transporte solar pelo que se o termo não é egípcio ou semita parece! Na verdade, na tradição transmontana, onde pouco se anda de barco, o termo «esquife» só pode ser um termo exótico e por isso significa apenas caixão e quase apenas o que serve serimonialmente para transportar o “senhor morto” na 6ª feira santa.
«Cafiria» é o nome de uma epopeia grega perdida semelhante à Ilíada de Homero que significaria “expedição naval”…e por isso teria sido provavelmente *Iskafíria. Então, o termo grego skaphe teria sido o termo que teria dado origem ao verbo skaptein e teria sido primitivamente *skapher significando literalmente o (vector) do que transporta a vida (ka) e teria relação com o deus sumério Iskur, o deus que transporta a vida (com a chuva das tempestades), e com o egípcio Khepri, que ao ser identificado com o «escaravelho» demonstra o quanto seria um deus estrangeiro de que se sabia vagamente o significado mas já não o sentido original de «caravela» solar. Em Creta teria tido o nome de Glauco e *Ishka-Minus nome este que explica a relação etimológica com o postulado de um deus *Atumno de que derivaria o nome de quase todos os deuses de morte e ressurreição solar mais comuns como Adónis e outros menos claros como o egípcio Atum e o nome do «Outono» e do Atum.
O sobrevivente completamente degenerado e desvirtuado de *Ishka-Minus seria então Íxião. Esculápio deriva facilmente do conceito de “cobra do Iskur” promotora da ressurreição espiritual dos iniciados e dos mortos no outro mundo, como iremos ver no mito de Glauco.

Ver: KHEPRI, O «ESCARAVELHO» (***)

De facto, a primeira supostamente lendária do mito de Íxião tresanda a mito micénico pois Deyoneo / *Dewoneu ressoa a qualificativo do nome genérico de Deus, a nome de Zeus (DI-WE/DI-WI-JE-U) ou do nome adulto do “deus menino” DI-WO-NU-SO-JO (Dionísio) na forma de *Diwon.
Ao ver o sofrimento de Íxion, Zeus apiedou-se. Restitui-lhe a sanidade e convidou-o a partilhar do banquete dos Deuses, convite que foi prontamente aceito pelo mortal. Tendo-se embriagado pelo néctar, Íxion passou a assediar a esposa de seu anfitrião, a própria Hera Crônida[3]. Esta, ao perceber as intenções do visitante alertou seu esposo a respeito das intenções de seu convidado. Ao que parece Zeus encontrava-se com um bom-humor anormal neste dia, pois, em lugar de se irritar, achou divertida a situação e, para testar seu hóspede, forjou um simulacro de sua própria esposa usando uma nuvem, e deixou-a a sós com Íxion, que a possuiu. Desse conúbio nasceu a raça dos Centauros, metade homens, metade cavalos.
Poseidon < (PO-SE-)DA-O-NE < *Dewoneu
                 DI-WO-NU(-SO-JO) < *Dewoneu < Deyon-eo < Deyon
ó Dayan > Dagon.
Após ter possuído Néfele crendo ser esta Hera, Íxion despediu-se dos Deuses e voltou para a Terra e, tendo chegado, divulgou para os primeiros mortais que encontrou que havia possuído a esposa do próprio Zeus.
Finalmente Zeus, que já se sabia literalmente corno por ser irmão de Hera Cronida, sentiu os brios de macho latino beliscados com a difamação blasfema de ter sido o último a saber que tinha sido traído por um mortal. Como se fosse lá possível Zeus não saber antecipadamente o que acontecia de acordo com a sua divina vontade “assim na terra como no céu”!
Pero cuando vio que el ingrato presumía de haber seducido a Hera, le mató con un rayo (la única forma de morir que tenían los que habían probado la ambrosía), y le condenó al Tártaro, donde Hermes le ató con serpientes a una rueda ardiente que daba vueltas sin cesar. Sólo descansó de su tormento el tiempo que Orfeo estuvo en los infiernos, pues su maravilloso canto hizo que se parara la rueda.
Claro que será impossível saber se este mito foi criado por evolução deturpada do mito da roda solar de Faetonte, que também foi fulminado por Zeus por ter conduzido o carro solar tão desastradamente que pós a terra em prigo ou se é uma mera adaptação para justificar a que viria a ser celebrizada pela Inquisição medieval como Roda de despedaçamento.
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Figura 5: Roda de despedaçamento
A vítima, nua, era espichada, com a boca para cima, no chão ou no patíbulo, com os membros distendidos e atados a estacas ou argolas de ferro. Sob os punhos, cotovelos, joelhos e quadris eram colocados, atravessados, pedaços de madeira. O verdugo, assestando violentos golpes com a roda, ia quebrando osso após osso, articulação após articulação, incluindo os ombros e quadris, sempre procurando não assestar golpes fatais. Segundo uma crônica anônima do século XVII, a vítima transformava-se então em “uma espécie de grande títere gemente retorcendo-se, como um polvo gigante de quatro tentáculos, entre rios de sangue, carne crua, viscosa e amorfa misturada com lascas de ossos quebrados”.
Mas tudo seria muito simples se a tortura terminasse neste ponto. Após o despedaçamento, a vítima era desatada e introduzida entre os raios da grande roda horizontal, no extremo de um poste que era então erguido. Logo entravam os corvos em ação, arrancando tiras de carne e vazando os olhos até a chegada da morte, constituindo talvez o suplício da roda a mais longa e atroz agonia que o poder era capaz de infligir. Junto à fogueira e o esquartejamento – diz o catálogo de horrores que apanhei no museu – este era um dos espetáculos mais populares entre os muitos outros semelhantes que tinham lugar diariamente nas praças européias. Multidões de nobres e plebeus deleitavam-se com um bom despedaçamento, de preferência quando a ele eram submetidas várias mulheres em fila. -- Página pessoal no Jornaleco de Janer Cristaldo, escritor, jornalista, tradutor.

Figura 5: Iquião depois de julgado por Zeus diante da vítima sua esposa Hera é lavado para o seu castigo eterno pela mão dum esbirro militar e de Hermes o que reporta este mito para a esfera da mitologia penal. (Manipulação cibernética de fotografia a preto e branco de vaso grego (kantharos) no Museu Britânico em Londres!).
Atena, por ser deusa de astuciosos recursos, aparece aqui como responsável pela exposição da roda do suplício a que Isquião seria eternamente atado. A interessante não é tanto a presença de Atena, que no mito não é explícita (parecendo dar algum crédito à interpretação romanesca desenfreada de Robert Graves), mas o facto da roda do suplício ser dum carro alado dos mitos de Deméter o que nos deixa a suspeita de que de facto Isquião foi um deus solar eternamente preso ao disco solar alado!

No entanto, parece que, segundo a intuição de Robert Graves, o mito de um deus Íxião condenado Às penas eternas do inferno parece ter sido criado propositadamente para desacreditar um arcaico culto lunar / solar matriarcal, ou seja de origem cretense que teria existido na Ática.
Este mito se refiere a la política eclesiástica de la Grecia septentrional, Ática y el Peloponeso: la supresión, en nombre de Apolo, de un culto médico pre-helénico dirigido por las sacerdotisas de la Luna en los altares oraculares de héroes locales reencarnados como serpientes, cuervos o cornejas.
Entre sus nombres estaban Foroneo, identificable con el dios Cuervo celta Bran o Vron (…); Erictonio, el de la cola de serpiente (…)
La diosa Atenea, patrona de este culto, no era considerada doncella originalmente, pues el héroe difunto había sido tanto su hijo como su amante. Recibió el título de Corónide a causa del cuervo oracular, y el de «Higía» a causa de las curaciones que hacía. Su curalotodo era el muérdago, ixias palabra con la que se relacionan estrechamente el nombre Isquis («fuerza») e Ixión («nativo fuerte») (véase 63.1). El muérdago de la Europa oriental es un parásito del roble, y no, como la variedad occidental, del álamo o el manzano; y «Esculapio», la forma latina de Asclepio — que al parecer significa «lo que cuelga del roble comestible», es decir, el muérdago— puede muy bien ser el título anterior de los dos.
(…) Isquis, Asclepio, Ixión y Poliido son, en realidad, el mismo personaje mítico: personificaciones del poder curativo que reside en los órganos genitales desmembrados del héroe-roble sacrificado. Quilo, otro nombre de Isquis, significa «el jugo de una planta o baya». (…)
Claro que a imaginação romanesca pós moderna de Robert Graves roça o mau gosto da ficção de terror e do desgosto das torturas medievais conseguindo assim ser ainda mais delirante do que a dos mitógrafos antigos pelo que carece de pouca veracidade ainda que se aceite com ele que Isquis, Asclepio, Ixión e Poliido, tal como Galauco e Dagon, possam ser variantes teonímicas da mesma entidade arcaica que, a ser Apolo Paião, terá sido Delfino em Delos e Delfos e terá sido Telepinus entre os hititas e adorado como «golfinho» entre os cretenses.
Delian, o deus de Delos < Thelian
< Tele-An e Delphinian o deus Telepinus.

Poluido, filho de Cerano, na mitologia grega, foi um adivinho, natural de Argos. Minos chamou Poluido e vários outros adivinhos para Creta para encontrar seu filho, o menino Glauco, que havia desaparecido ao ir atrás de um rato tendo caido num vaso de mel. Os curetes disseram a Minos que ele tinha uma vaca de três cores diferentes, e aquele que melhor a descrevesse seria capaz de achar seu filho vivo.
Os adivinhos reunidos para esta tarefa, e finalmente Poluidos, filho de Koiranos, fez a comparação das cores da vaca com o fruto do espinheiro ou da silva das amoras silvestres.
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Figura 6: El muérdago tiene otros muchos nombres, desde acebo, que es el más conocido, hasta Ilex aquifolium, su nombre científico del que no muchos saben algo. En la época navideña (a partir de noviembre y hasta principios de enero) se convierte en una de las plantas protagonistas en las casas debido a su connotación navideña y romántica.
El nombre de Ixión, formado con ischys («fuerza») e io («luna») (véase 61.2), sugiere también ixias («muérdago»). Como rey-encina con genitales de muérdago (véase 50.2), y representando al dios-trueno, se casaba ritualmente con la diosa Luna hacedora de lluvia, y entonces se le azotaba para que su sangre y su esperma fructificaran la tierra (véase116.4), se le cortaba la cabeza con un hacha, se le castraba, y después de extenderlo en un árbol y de asarlo, sus parientes se lo comían sacramentalmente. Eion es el epíteto homérico para un río, pero al padre de Día se le llama Deyoneo, que significa «saqueador», así como Eyioneo. -- ROBERT GRAVES, LOS MITOS GRIEGOS I. Traductor: Luis Echávarri, revisión: Lucía Graves.
Azevinho = O azevinho (Ilex aquifolium), também chamado azevim, azevinheiro, pau-azevim e sombra-de-azevim, é um arbusto de folha persistente da família das Aquifoliaceae, cultivado normalmente para efeitos ornamentais devido aos seus frutos vermelhos. Estes frutos também são denominados de azevinhos, bagas, azinhas ou enzinhas. De 20 a 30 bagas podem ser mortais para um adulto. As folhas também são tóxicas.
Polyidos said that the cow was like the ripening mulberry (batos), which is first pure white, then vibrant red, and finally a rich dark purple (i.e. black). (These are also the colors of the alchemical Great Work.)
Therefore, Polyidos was entrusted with finding Anthêdôn, and by divination he came to a place where the Owl (Glaux) was driving away the Bees (Melissai) from a cave (for Bees reveal the presence of prophetic Goddesses). Looking inside he found the drowned boy, and brought him to Minôs. -- The Glaukidai, A Myth of the Blue Men, John Opsopaus.
A relação do azevinho com o visco e as bagas do espinheiro devem estar relacionadas com poções mágicas capazes de induzirem envenenamentos superficiais com morte aparente. Assim, a erva mágica batos (called Dios Anthos, the Flower of Zeus) não seria nem a framboesa nem com a amora silvestre mas o azevinho ou o espinheiro já que o visco também não teria grande poder como veneno. Assim, o visco que tem um uso sacramental idêntico ao do azevinho como ornamento natalício pode ter sido o resultado duma confusão dos druidas ou uma forma de com ele desviarem a atenção popular para a verdadeira erva das poções mágicas que seria o espinheiro bravo.

Ver: GALAUCO & POLUÍDO (***)
 

RIO DO ESCAMANDRO
O nome virtual *Ishka-Minus, encontrado na etimologia de Isquião. tem óbvia relação etimológica com «Escamandro».
Escamandro era um rio que passava perto de Tróia, chamado pelos deuses de Xanto. Ele era filho de Oceano e Tétis. O rio, actualmente na Turquia, é chamado de Kara Menderes. 
Sua nascente teria sido escavada pelas mãos de Hércules. Durante a Guerra de Tróia, rebelou-se contra Aquiles, farto de receber em seu leito tantos cadáveres das mãos do herói grego. O rio lançou sobre Aquiles as suas águas revoltas, sendo este salvo por intervenção de Vulcano, que arremessou sobre o leito do rio o fogo de suas forjas.
A mitologia fantástica da relação do rio com a guerra de Tróia é óbvio delírio por associação de ideias em roda livre à maneira das ficções de Harry Potter porque sendo Escamandro filho de Tétis seria irmão de Aquiles, também filho de Tétis e de Peleu, rei dos mirmidões. O interessante é que sendo “chamado pelos deuses de Xanto” se confirma a relação com a raiz *Ishka-Minus de Isquião. Por outro lado, o nome actua de Kara Menderes sugere que o nome anterior do rio «Escamandro» seria minóico e próximo de *Ish-Kur-Min-tauro, por isso tão taurino quanto ofídio como muitos rios divinos e filho de Oceano / Enki / Ponto / Dagon.
Obviamente que a relação entre Isquião e Jano / Enki não terá sido imediata e deve corresponder a uma corruptela de um conceito que andaria em torno de Enki enquanto Chu, o deus que segurava o céu sobre a terra e acabaria por personalizar ser o conceito do “axis mundi” num culto relativo ao disco solar alado. Este deus, filho e esposo de Cardeia, teria sido outrora Cardo na Itália e *Kertu em Creta, Melkart, senhor das chaves da cidade, na Fenícia e Beletocadros entre os celtas.

Ver: JANO (***) & HALDIS (***) & PSICOPOMPOS (***)

BELETOCADROS
Belatu-cadros = The Celtic god of war and of the destruction of enemies. He was worshipped in Britain, primarily in Wales. His name means "fair shining one". The Romans equated him with their god Mars.
Beletocadros = Bel | < Wer < Ker | -etu | < *Kertu.
+ Cadros < Cardos < Kartu-ish, filho de *Kertu.
Beletocadros seria assim uma redundância enfática do nome do deus cretense *Kertu, o filho da mortífera Deusa Mãe das cobras cretenses.
Que os «falos» e as «pilas» do “axis mundi” fossem a metáfora sexual mais explícita para a necessária potência da poderosa erecção que teria que ter o deus que segurava o mundo, é óbvio como o é também a relação dos pilares do mundo com a abóbada celeste e esta com a mitologia do “disco solar” alado.